terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Plano israelense para deslocar beduínos da margem esquerda gera controvérsia

Um plano das autoridades israelenses para transferir cerca de 2.000 beduínos palestinos que vivem nas colinas do deserto ao leste de Jerusalém está causando preocupações entre funcionários da ONU e defensores de direitos humanos, quanto aos objetivos de Israel em uma área estratégica da Margem Esquerda [do rio Jordão].

As colinas estão pontilhadas com mais de 20 acampamentos de beduínos, antigos pastores de cabras e ovelhas que migraram da região do [deserto de] Negev no sul de Israel para a Margem Esquerda no início dos anos 1950s. Suas aldeias, formadas de grupos de barracos de metal e madeira cobertos de plástico, são visíveis das estradas que cruzam a área.  Esses grupos de beduínos estão próximos da cidade-assentamento israelense de Maaleh Adumim, uma comunidade de 40.000 pessoas que vem se expandindo na região e busca fazê-lo em uma área que a ligaria a Jerusalém e, efetivamente, criaria uma cunha entre centros populacionais palestinos no norte e no sul da Margem Esquerda.

A área da expansão planejada, conhecida como E-1, já possui um grande posto policial israelense e uma importante estrada, com iluminação e infraestrutura para suprimento elétrico. Entretanto, uma firme oposição de Washington, estimulada por receios de que o projeto possa prejudicar as perspectivas de um Estado palestino territorialmente contíguo a essa área, fizeram as autoridades israelenses recuar da ideia de permitir construções na área contestada.

O plano para deslocar os beduínos, muitos dos quais vivem na zona E-1 ou nos seus arredores, gerou manifestações de agências da ONU e de grupos [defensores] de direitos humanos israelenses e estrangeiros, que dizem que essa medida violaria leis internacionais e poderia preparar o terreno para expansão de assentamento em uma área politicamente sensível. Os beduínos próximos a Maaleh Adumim vivem em parte da área C, que corresponde a mais de 60% da Margem Esquerda e está sob controle direto de Israel, e ali as construções palestinas são severamente limitadas. As autoridades israelenses dizem que os acampamentos dos beduínos foram construídos ilegalmente. Foram emitidas ordens de demolição para várias estruturas, outras foram demolidas.

O major Guy Inbar, porta-voz do departamento do ministério de Defesa israelense responsável pela Margem Esquerda, admitiu que já existe há anos um plano para desalojar os beduínos de Maaleh Adumim. Disse que era parte de um plano detalhado mais amplo, destinado a prover os beduínos ao longo da Margem Esquerda com locais onde podem construirlegalmente, com acesso a água, energia elétrica e serviços do governo [será mesmo?]. Disse ele ainda que esse plano está em seus estágios preliminares, acrescentando que ele não será executado enquanto não forem concluídos estudos de viabilidade e não forem realizadas conversações com líderes tribais beduínos, um processo que, segundo ele, pode levar meses para ser finalizado.

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