A reportagem abaixo, da BBC Brasil, mostra mais um dos efeitos extremamente perversos da crise que se abate sobre a Europa, incluindo a Inglaterra que a miopia do primeiro-ministro David Cameron quer manter como uma "donzela" separada da "promiscuidade" fiscal da União Europeia ...
O número de estudantes da Inglaterra que recorrem à prostituição para financiar os seus estudos está aumentando, segundo dados divulgados pela
União Nacional de Estudantes britânica (NUS, na sigla em inglês).
De acordo com a organização estudantil, cortes promovidos pelo governo
na ajuda de custo oferecida para estudantes do ensino universitário e o
aumento dos preços de anuidades e do custo de vida no país vem
contribuindo para a atual situação. A NUS afirmou ainda que também está em ascensão o número de estudantes
que está investindo em jogatina e experimentos médicos para ajudar a
pagar os estudos. Mas o governo diz que ainda oferece aos alunos um ''generoso pacote'' de auxílio financeiro.
Em entrevista a um programa de rádio da BBC, Estelle Hart, a
representante das alunas da NUS, afirmou que os cortes promovidos pelo
governo deixaram as alunas em uma situação ainda mais difícil. ''As estudantes estão tomando mais medidas perigosas. Em um ambiente
econômico em que há poucos empregos, onde políticas de apoio a
estudantes sofreram cortes profundos, as pessoas estão cada vez mais
buscando trabalho junto à economia informal, como a indústria do sexo.
São todos trabalhos perigosos e sem regulamentação, mas que permitem que
elas permaneçam estudando'', afirmou a líder estudantil.
A Associação Inglesa de Prostitutas, que conta com um telefone de
auxílio em sua sede, em Londres, afimou que o número de chamadas
recebidas por alunas pelo menos dobrou desde o ano passado. De acordo com Sarah Walker, a organização tem visto um aumento em
chamadas feitas por estudantes nos últimos dez anos, mas acrescentou que
o grupo recebeu um número de telefonemas sem precedentes desde que o
governo anunciou que universidades na Inglaterra iriam promover aumentos
em suas anuidades em até 9 mil libras (cerca de R$ 25,6 mil), a partir
de 2012. ''Eles (os ministros) sabem que os cortes que estão promovendo estão
levando mulheres a recorrer a a coisas como a indústria do sexo. É uma
estratégia de sobrevivência. Por isso, nós consideramos o governo
responsável por essa situação".
Não são apenas universitárias que estão se voltando para a indústria do
sexo para pagar por seus estudos. A jovem de 18 anos ''Clare'' (nome
fictício) se voltou para a prostituição quando estava se preparando para
seus exames classificatórios para a univerisdade. Na época, ela
descobriu que a ajuda de custo educacional que recebia corria o risco de
ser cortada. 'Eu não poderia ir para a universidade sem a ajuda de custo. Eu gasto
com transporte um total de 70 libras por mês (cerca de R$ 200). Não
tinha a quem recorrer na universidade e não queria ter de contar com a
minha família. Comecei a procurar empregos, mas os horários eram
incompatíveis. Muitas amigas começaram a procurar empregos e acabaram
largando os estudos. Eu não queria fazer o mesmo'', afirma.
'Eu tinha um amigo que vinha tentando me convencer a entrar para uma
agência de garotas de programas desde que eu tinha 16. Ele me contava
histórias sobre o quanto eu poderia ganhar, como os horários seriam
flexíveis, que eu poderia escolher quem eu gostaria de encontrar, assim
que os visse e com que frequência. Parecia uma opção melhor. Eu não
conseguia ver nenhuma outra".
Clare agora abandonou a indústria do sexo para prosseguir com seus
estudos e adverte contra se envolver com a prostituição. ''Fiz isso para
poder ir para a universidade, mas sou uma pessoa diferente de quando eu
comecei. Perdi muito da minha auto-estima e a confiança em muitas
pessoas". 'Há muitas pessoas com quem você pode conversar e programas de bolsas.
Descubra todas as opções possíveis antes de dar esse passo tão grande.
Foi isso que eu não fiz".
O Departamento de Educação britânico afirmou que pretende investir um
total de 180 milhões de libras (cerca de R$ 513 milhões) por ano em
programas de auxílio financeiro para permitir que jovens de 16 a 19 anos
de idade possam prosseguir seus estudos.
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