sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Gênios da pintura barroca

[Para esta postagem usei a edição em português do livro "Barroco", de Hermann Bauer/Andreas Prater (Editor: Ingo F. Walther), da editora Taschen (Alemanha), 2007. Bauer doutorou-se em 1955 com uma tese sobre Rocaille; foi professor de História da Arte na Universidade de Salzburg (1969-1973) e na Universidade de Munique (1973-1994) e publicou diversos trabalhos sobre arte europeia nos séculos 16 e 17. -- Prater doutorou-se em 1974 pela Universidade de Salzburg com uma tese sobre a Capella Medicea, de Miguel Ângelo, e em 1984 foi nomeado leitor na Universidade de Munique com uma tese sobre Caravaggio. Desde 1994, é professor de História da Arte na Universidade de Freiburg (Alemanha).]

A época do Barroco, entre o Absolutismo e o Iluminismo, é reconhecida como sendo o último estilo integralmente europeu. Considerado durante muito tempo como uma mera excrescência excêntrica do Renascimento, o Barroco proporciona uma complexa e dinâmica diversidade de formas e de expressões em profundo contraste com a moderação controlada do Neoclassicismo. Os prazeres mundanos e a sensualidade, a espiritualidade religiosa e o ascetismo severo, uma vasta diversidade formal e uma ordem estrita e rigorosa caminhavam de mãos dadas. Ao mesmo tempo, a teatralidade e os cenários de sabor cênico fizeram a sua incursão no mundo da arte com o advento do ilusionismo.

O fausto, a pompa e o cerimonial cortês não eram apenas uma expressão de exuberância barroca, mas também um artifício artístico na representação de cenas de multidão. Em Roma, Caravaggio [Michelangelo Merisi da Caravaggio] conseguiu realizar uma ruptura decisiva graças à utilização dramática do chiaroscuro [claro-escuro], enquanto em Bolonha foi Carracci [Annibale Carracci] que instituiu o estilo de pintura barroca. A arte francesa era dominada pelas paisagens heróicas de Poussin, as peças noturnas de La Tour e pelo tratamento lírico da luz de Claude Lorrain. Na Espanha, vamos encontrar as tonalidades quentes de Murillo, a devoção contemplativa de Ribera e Zurbarán e os retratos da corte vigorosamente expressivos de Velásquez, enquanto a contribuição da Alemanha para a pintura barroca atingia o seu ápice com as delicadas paisagens de Adam Elsheimer.

Não houve nenhum outro período na história da arte europeia que se tenha revelado de tão difícil precisão em termos de definição acadêmica e erudita, de identificação de fenômenos característicos, de determinação da amplitude temporal e de exploração dos antecedentes espirituais e intelectuais. Desde que os estudiosos começaram a se interessar pela época barroca há um século, o seu estudo tem sido marcado por contradições e controvérsias, num grau apenas igualado pelo Maneirismo, uma expressão que foi, ela própria, cunhada numa fase bastante tardia de investigação acadêmica com o propósito de classificar a transição entre o Renascimento e o Barroco.

Na época, o termo "barroco", tal como o conhecemos, não era usado. É apenas nas oficinas e nos estúdios que vamos encontrar a palavra "barroco" para definir as linhas arqueadas do mobiliário e a dissolução dos contornos firmes na pintura. Na literatura burlesca e satírica da Itália, encontramos a palavra "barocco"empregada a partir de cerca de 1570 para significar uma ideia bizarra ou espirituosa. Foram os críticos de arte racionalistas de meados do século 18 que começaram a empregar o termo para descrever um estilo que consideravam um travesti, uma imitação burlesca, vistosa, bizarra e completamente destituída de gosto de todos os preceitos da arte.  Por volta de finais do século 18 e princípios do século 19, a expressão já havia entrado no uso comum num sentido pejorativo, pelo que sua conversão de insulto polêmico em epípeto estilístico consagrado se tornou praticamente inevitável, seguindo o mesmo padrão de idade respeitável que levou a que o Gótico, para mencionar apenas mais outro exemplo idêntico, também se convertesse num termo consagrado e neutro. De fato, foram os artistas vanguardistas do século 19 que acabaram por impor uma atitude mais positiva face ao que até então fora considerado o "estilo da decadência". As obras de Diego Velásquez (1599-1660), Rubens (1577-1640), Rembrandt (1606-1669) e Frans Hals (1591-1656) possuíam virtudes pictóricas específicas que despertaram um entusiástico interesse nos impressionistas.

[Apresento a segui algumas reproduções dos pintores mais expressivos do barroco, em sua esmagadora maioria retiradas do livro. É só clicar em cada imagem para ampliá-la.]

O sepultamento [de Jesus] - Caravaggio (óleo sobre tela) - Altar da Chiesa Nuova (Roma), talvez a obra mais monumental do pintor. O embalsamento e sepultamento do cadáver são na realidade secundários em relação à desolação de Maria, que é o ponto central da cena - (Foto: Google).

A ceia em Emaús - Caravaggio -Óleo sobre tela, National Gallery, Londres - (Foto: Google).

Pietà - Annibale Carracci - Óleo sobre tela, Museu Nacional Capodimonte, Nápoles - (Foto: Google).

Triunfo de Baco e Ariadne (detalhe de pintura de teto) - Annibale Carracci - Roma, Palácio Farnese - Procissão do noivado de Baco - (Foto: Google).

O Massacre dos Inocentes - Guido Reni - Óleo sobre tela, Pinacoteca Nazionale, Bolonha - (Foto: Googlr).

O retorno do filho pródigo - Giovanni Francesco Barbieri ("Il Guercino" - "O Vesgo") - Óleo sobre tela, Kunsthistorisches Museum, Viena - (Foto: Google).

O dinheiro do tributo - Mattia Preti - Óleo sobre tela, Pinacoteca di Brera, Milão - (Foto: Google).

Saturno conquistado por Amor, Vênus e Esperança - Simon Vouet (pintor francês - 1590/1649) - Óleo sobre tela, Musée du Berry, Bourges - (Foto: Google).

São José carpinteiro - Georges de La Tour (pintor francês, 1593-1652) - Museu do Louvre - (Foto: Google).

São Sebastião assistido por Santa Irene - Georges de La Tour - Óleo sobre tela, Staatliche Museen zu Berlin - Preussischer Kulturbesitz, Gemäldegalerie - Berlim - (Foto: Google).

O concerto - Valentin de Boulogne (considerado o maior dos caravaggistas franceses) - Óleo sobre tela, Museu do Louvre - (Foto: Google).

Retrato de Luis XIV de França - Hyacinthe Rigaud (pintor francês de origem catalã, 1659-1743) - Óleo sobre tela, Museu do Louvre - (Foto: Google).

A glorificação da cruz - Adam Elsheimer (pintor alemão, 1578-1610) - Óleo sobre cobre, Städelsches Kunstinstitut - Frankfurt - (Foto: Google).

Natureza morta - Georg Flegel (pintor alemão, 1566-1638) - Óleo sobre cobre, Bayerische Staatsgemäldesammlungen, Alte Pinakothek, Munique - (Foto: Google).

São Cristóvão - Jusepe de Ribera (pintor espanhol, 1591-1652) - Óleo sobre tela, Museu do Prado, Madri - (Foto: Google).

Santa Margarida - Francisco de Zurbarán (pintor espanhol, 1598-1664) - Óleo sobre tela, National Gallery, Londres - (Foto: Google).

O pequeno vendedor de frutas - Bartolomé Esteban Murillo (pintor espanhol, 1617-1682) - Óleo sobre tela, Bayerische Staatsgemäldesammlungen, Alte Pinakothek, Munique - (Foto: Google).

As meninas (as damas de honra) - Diego Velázquez (pintor espanhol, 1599-1660) - Óleo sobre tela, Museu do Prado, Madri - A obra-prima de Velázquez. No lado esquerdo do quadro, atrás da dama de honra, está o próprio pintor. Por cima da cabeça da infanta, vê-se o casal governante refletido no espelho - (Foto: Google).

Papa Inocente X - Diego Velázquez - Óleo sobre tela, Galeria Doria Pamphili, Roma - (Foto: Google).

Rubens com a sua primeira mulher, Isabella Brant, no caramanchão de madressilva - Peter Paul Rubens (pintor flamengo, 1577-1640) - Óleo sobre tela, Bayerische Staatsgemäldesammlungen, Alte Pinakothek, Munique - (Foto: Google).

 Autorretrato - Peter Paul Rubens - Óleo sobre tela (1623), National Gallery of Australia, Canberra - (Foto: Google).

O duo - Hendrick Terbruggen (pintor holandês, 1588-1629) - Óleo sobre tela, Museu do Louvre - (Foto: Google).

O sátiro e a família do agricultor - Jacob Jordaens (pintor flamengo, 1593-1687) - Óleo sobre tela, Bayerische Staatsgemäldesammlungen, Alte Pinakothek, Munique - (Foto: Google).

 Susanna e os anciãos - Anthony van Dyck (o mais importante pintor flamengo depois de Rubens, 1599-1641) - Óleo sobre tela, Bayerische Staatsgemäldesammlungen, Alte Pinakothek, Munique - (Foto: Google).

 A ronda da noite - Rembrandt Harmensz Van Rijn (pintor holandês, 1606-1669) - Provavelmente a mais famosa e a mais controversa pintura de Rembrandt - Óleo sobre tela, Rijksmuseum, Amsterdã - (Foto: Google).

A aula de anatomia - Rembrandt - Outra tela famosa do pintor (1632) - Óleo sobre tela, Mauritshuis, Haia, Holanda - (Foto: Google).

 A cozinheira - Jan Vermeer (pintor holandês, 1632-1675) - Óleo sobre tela, Rijksmuseum, Amsterdã - (Foto: Google).

Alegoria da pintura (o estúdio do artista) - Jan Vermeer - O artista está pintando a coroa de louros usada pelo modelo, que é uma mulher que tem uma trombeta e um livro nas mãos, que a identificam como Fama, a incarnação alegórica da fama - Kunsthistorisches Museum, Viena - (Foto: Google). 

Natureza morta - Willem Kalf (pintor holandês, 1619-1693) - Óleo sobre tela, Museu Hermitage, São Petersburgo - (Foto: Google).


Delenda Eletrobras

["Delenda Carthago" (mais exatamente: "Ceterum censeo Carthaginem esse delendam" -- "Aliás, sou de opinião que Cartago deve ser destruída") é uma expressão famosa com a qual, segundo diversos historiadores antigos, Marco Pórcio Catão (Marcus Porcius Cato - 234-149 a.C.) encerrava todas as suas intervenções no Senado romano, dada a preocupação pela crescente prosperidade de Cartago após a Segunda Guerra Púnica. A expressão passou a caracterizar uma ideia fixa, a ser perseguida até ser concretizada. Agora, no Brasil, uma figura de muito menos estofo que Catão deflagrou o "Delenda Eletrobras". Vejamos a reportagem de hoje do jornal O Globo. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

A Eletrobras, holding do setor elétrico, pode desaparecer, assim como todas as suas subsidiárias — Chesf, Eletronorte, Furnas, Eletrosul, Eletronuclear e CGTE —, responsáveis por 35,5% da geração energética do país. Para fazer frente à forte redução em suas receitas, de cerca de 70%, devido à renovação dos contratos de concessão com base na MP 579, começa a ganhar força, dentro do Ministério de Minas e Energia, a ideia de se avaliar os rumos que o grupo terá que tomar.

Uma fonte do setor afirmou ao GLOBO que uma possibilidade é a criação de três holdings para a área elétrica: uma de geração, outra de transmissão e uma terceira de distribuição. Cada uma delas absorveria os ativos das atuais subsidiárias da Eletrobras — os ativos de geração de Furnas, por exemplo, iriam para a holding de geração, e assim sucessivamente

Perdas de R$ 8,7 bilhões
 
Segundo a Eletrobras, a holding está estudando medidas para reduzir seus custos, que serão comunicadas ao mercado até o fim do primeiro trimestre. A empresa informou ainda que a queda de receita é estimada em R$ 8,7 bilhões anuais, “que serão compensados com a entrada em operação dos novos investimentos, como as usinas do (rio) Madeira, e com as medidas de redução de custo”.  [Não é por mera coincidência que a perda anual do Grupo (ou Sistema) Eletrobras é praticamente idêntica ao desembolso anual do Tesouro Nacional (R$ 8,5 bi) para garantir a redução tarifária.]

A discussão da criação das holdings não está na pauta da reunião do Conselho de Administração que acontece hoje. Para o encontro do conselho, está prevista a avaliação de propostas de redução de custos para as empresas enquadrarem seu caixa à nova realidade financeira, devido à redução da receita.  Por enquanto, fontes descartam a possibilidade de a Eletrobras vender, por exemplo, suas participações acionárias em seis distribuidoras, principalmente no Norte e no Nordeste. A Eletrobras assumiu ao longo dos últimos anos o controle dessas distribuidoras, que enfrentavam sérios problemas financeiros e de gestão.

[Fico imaginando a cara dos petistas do Sistema Eletrobras ao acordarem hoje com essa notícia, e perceberem que elegeram um governo que ameaça deixá-los à beira da estrada. Nas viagens oficiais que fiz com Dilma ao exterior -- e foram pelo menos quatro -- semprei observei sua pinimba contra a Eletrobras, contraposta a uma admiração extrema nunca disfarçada pela Petrobras.  Confirmando a péssima executiva e gestora que é, e sempre foi (vide PAC e as trapalhadas do setor elétrico, só para ficar com dois exemplos), nossa supersimpática ex-guerrilheira consegue ser ao mesmo tempo intervencionista e estatizante ao extremo e infernizar a vida das duas principais estatais, até mesmo de sua adorada Petrobras.

A desgraça da Eletrobras, além da má vontade da afável Dona Dilma contra ela, é que sua matéria prima (a energia elétrica) não é interruptível nem estocável, ao contrário do petróleo e seus derivados. No governo FHC os petroleiros fizeram greve por 33 dias e o país não parou -- se um grevista insano desligar Itaipu por 5 minutos, o país desaba. Além disso, a Petrobras tem uma componente internacional fortíssima em que independe do estoque de bílis de Dona Dilma e/ou da incompetência petista -- mas no front interno, está comendo o pão que o diabo amassou. A Eletrobras engatinha na área internacional e engatinha errado, mantendo a visão e a imagem de uma estatal e assim, além de feudo do PMDB e cabide de emprego de políticos, vira massa fácil de manobras e chantagens de nossos amáveis vizinhos.

Estamos todos pagando por ter eleito um blefe. Nossa sempre sorridente Dona Dilma não se elegeu por nenhum mérito próprio, porque efetivamente não o tem -- se alguém examinar atentamente seu currículo à frente do PAC e do MME verá que ela é uma gestora medíocre. Sua eleição deveu-se a três fatores básicos: - i) a inegável capacidade do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) de eleger postes e miragens, o que tem sido um desastre para o país (vide Dilma e Fernando Haddad); - ii) um adversário ridículo e patético chamado José Serra; - iii) um eleitorado absolutamente alienado.

Alguém no passado remoto disse "Fiat lux" -- agora, uma ex-guerrilheira diz "Delenda lux".]



 

 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ministro Lobão revela hoje o que Dona Dilma escondeu ontem

[Com o ar professoral e taxativo de sempre -- o que é fácil em se tratando de monólogo -- nossa eternamente simpática e afável ex-guerrilheira deitou falação sobre o setor elétrico, disse que a redução tarifária será ainda maior do que anunciara e desancou o que chamou de "pessimistas de plantão" que profetizaram possível racionamento à nossa frente. Falou só de superficialidades e, como sempre, omitiu fatos e escamoteou verdades. Como mentiras têm pernas curtas, hoje o ministro Lobão informou dados importantes que, por uma questão de honestidade e transparência, nossa simpática presidente teria que ter dito ontem. Vamos à reportagem de hoje do site do Globo.]

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, garantiu nesta quinta-feira que a destinação de R$ 8,46 bilhões do Tesouro Nacional para garantir a redução de 18% para residências e até 32% para indústrias não afetará os programas sociais do governo. Segundo o ministro Lobão, o Tesouro tem a receber entre US$ 14 bilhões e US$ 15 bilhões de Itaipu. [Falar de programa social nessa questão e nesta hora é desonestidade de argumentação, é fazer cortina de fumaça p'ra boi dormir. O fato a ser reconhecido é que o desconto real da tarifa é inferior ao anunciado, porque estamos todos pagando "por fora" para tê-lo. Esse montante de praticamente R$ 8,5 bilhões é muito dinheiro em qualquer parte do mundo -- são mais de 3 bilhões de euros (Portugal está soltando fogos porque conseguiu vender 2,5 bilhões de euros de sua dívida de longo prazo) e mais de 4 bilhões de dólares. Dona Dilma precisa ser honesta e informar corretamente ao povo quanto será realmente a redução de sua conta de luz, descontado esse montão de dinheiro do Tesouro Nacional. E é prudente ser também, além de honesto, cauteloso com a euforia sobre os resultados disso porque não é conveniente, principalmente no Brasil, contar com o ovo dentro da galinha. O governo disse antes que gastaria R$ 3 bi do Tesouro para conseguir a redução de 16% a 20% na tarifa, e agora confirma que gastará 2,8 vezes mais esse montante. Isso é falta de planejamento e de gestão, não esquecendo a falta de honestidade. Energia elétrica é apenas um dos itens -- importantíssimo sem dúvida, mas não é o único -- que encarece o custo Brasil. A ganância tributária dos petistas continua imbatível -- só em 2012 pagamos R$ 1 trilhão em tributos (mais de R$ 103 bi só em dezembro). É bom não querer saber o que foi feito com essa dinheirama, p'ra evitar um enfarte. Mas o que não foi feito no setor elétrico já dá p'ra sentir o tamanho da roubada em que estamos metidos.

O armário do setor elétrico está cheio de esqueletos e fantasmas, que o governo levianamente tenta esconder e que oneram tremendamente nossas tarifas, já escorchantes por conta da tributação. Não é preciso pesquisar muito para descobrir, ainda que qualitativamente, a barbaridade que tem sido o custo real da energia só no governo petista da nossa terna ex-guerrilheira: a energia não suprida com o festival de apagões, o atraso em obras de transmissão, o escândalo dos parques eólicos parados e ociosos por falta de linhas de transmissão (32 entre os 71 leiloados em 2009 -- só na Bahia há um parque de quase 300 MW, de (ir)responsabilidade da Chesf, que custou R$ 1,2 bi e que está parado desde julho de 2012), o desmonte financeiro do Grupo Eletrobras por conta da MP 579, e por aí vai. E a Dona Dilma tem ainda a cara de pau de querer dar lição de moral em termos de energia elétrica?!!]


O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, explicou que os recursos virão de créditos que o Tesouro tem da usina de Itaipu. Ele lembrou que os cofres públicos precisarão bancar uma parte da redução da conta de energia devido a um grupo de concessionárias que não fez acordo com o governo [porque se recusou a aceitar a quebra de contrato absurda proposta pelo governo via MP 579].



Engenharia genética cria células resistentes ao HIV em laboratório

Por meio de engenharia genética, cientistas conseguiram desenvolver em laboratório células do sistema imunológico resistentes ao vírus HIV. No futuro, se a eficácia da terapia genética for confirmada em testes clínicos, ela pode vir a substituir o coquetel. A estratégia envolve a inserção de genes resistentes ao vírus nas células que são o alvo do HIV, chamadas linfócitos T.

A descoberta, de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, foi publicada esta semana na revista Molecular Therapy, do grupo Nature. "Nós inativamos um dos receptores que o HIV usa para obter acesso à célula e acrescentamos novos genes para proteger contra o vírus, de forma a termos várias camadas de proteção, o que chamamos de ‘empilhamento’", diz o pesquisador Matthew Porteus, principal autor do estudo.

O vírus entra nos linfócitos T utilizando como porta dois tipos de proteína que ficam na superfície da célula, conhecidas como CCR5 e CXCR4. Sem esses receptores, o vírus não é capaz de entrar. Os pesquisadores quebraram a sequência de DNA do receptor CCR5 e lá inseriram três genes conhecidos por conferirem resistência ao vírus da Aids.  Depois desse verdadeiro trabalho de "recorta e cola" genético, a entrada do vírus na célula é bloqueada, o que o impediria de destruir o sistema imunológico do paciente. Os pesquisadores observam que a terapia não teria a capacidade de curar a infecção, mas sim de reproduzir o efeito do tratamento com o coquetel, com mais eficácia e menos efeitos colaterais.

A busca por uma terapia genética contra o HIV é algo que os cientistas buscam há mais de 20 anos, desde que a existência dos receptores do vírus foi descoberta, de acordo com o infectologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Ele explica que vários grupos procuram uma forma eficaz de bloquear o receptor CCR5, pois se constatou que sua inativação não compromete outras funções do organismo. "Uma pessoa que não tem CCR5 não morre, pois outras proteínas substituem seu papel; não existe um comprometimento significativo da saúde", diz Kallás, que acrescenta que uma classe de drogas anti-HIV em uso atualmente tem justamente esse princípio.

Paciente de Berlim. Mas o que realmente acendeu a esperança pelo sucesso de uma terapia genética contra o HIV foi o caso do paciente Timothy Ray Brown, americano diagnosticado com HIV em 1995. Enquanto se tratava da infecção, Brown - que vivia em Berlim - desenvolveu leucemia. Seu oncologista encontrou um doador de medula óssea que possuía uma mutação genética que naturalmente protege seu portador contra o vírus.

"Depois que se encerrou o tratamento, ele teve a grata surpresa de ver que, além de ter conseguido curar a leucemia, o vírus não era mais detectado. Ele é considerado como o único caso de cura do HIV", conta Kallás. A partir desse evento, Brown ficou conhecido mundialmente como o "paciente de Berlim". Seu caso abriu as portas para a ideia antiga que se tinha de modificar a genética do paciente para tentar reproduzir os efeitos dessa mutação protetora.

Segundo o médico Olavo Henrique Munhoz Leite, coordenador da Unidade de Referência em Doenças Infecciosas Preveníveis da Faculdade de Medicina do ABC, ainda não se sabe exatamente o que permitiu a cura de Brown. "Será que deu certo porque o doador da medula era um indivíduo que tinha a mutação? Se começássemos a pegar os indivíduos e fizéssemos o mesmo procedimento, os resultados seriam os mesmos? O provável é que uma somatória de fatores tenha permitido a cura".

Não é possível reproduzir a estratégia que curou o paciente de Berlim porque o transplante de medula envolve muitos riscos. Além disso, a mutação protetora é muito rara para ser encontrada em doadores de medula.

A existência da mutação Delta 32 na proteína CCR5, que protege contra o HIV, foi descoberta em 1996. Segundo Kallás, estudos mostram que ela surgiu provavelmente há cerca de 500 anos no norte da Europa. "A teoria é que a peste negra também poupava as pessoas que tinham essa mutação", diz. Ela está presente em 1% da população europeia.

Veja também:

link Estudo vê desvantagem de tratamento do HIV com genéricos nos EUA
link Notificação de infecção pelo HIV no Brasil passará a ser obrigatória 

Portugal volta aos mercados e recupera sua soberania financeira

[Eis uma boa notícia, sinalizando a possibilidade de tempos melhores para Portugal, um dos países na lista dos mais atingidos pela crise da zona do euro. Os textos abaixo são reproduções parciais de reportagens dos jornais El País (Espanha) e Diário de Notícias (Portugal).]

Quase dois anos depois de pedir resgate em abril de 2011, Portugal retornou aos mercados de dívida de longo prazo sem o amparo da troika [Banco Cental Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Comissão Europeia (CE)] numa tentativa de recuperar parte de sua soberania financeira e de sua autoestima econômica. E com êxito.

As emissões de Obrigações do Tesouro de 5 anos seriam, inicialmente, em um valor de 2 bilhões de euros. Mas, devido à demanda -- quase 12 bilhões de euros, em sua esmagadora maioria de investidores estrangeiros --, o governo português decidiu aumentar o montante oferecido e chegar aos 2,5 bilhões de euros. A taxa de juros das obrigações, tal como previsto, ficou inferior a 5% (em exatamente 4,8%), o que o governo português considera um sucesso.

A data foi definida como histórica por políticos portugueses, pela mídia especializada e por economistas. Desde quase dois anos, Portugal se financia graças à remessa dos macroempréstimos de 78 bilhões de euros da troika e a bônus pequenos de curto prazo. Inicialmente, o governo pretendia recorrer aos mercados de dívida de longo prazo em setembro, mas três fatores básicos fizeram avançar o processo e a antecipação, pelo governo, de sua decisão: - i) a conjuntura favorável dos mercados internacionais, com os juros do mercado secundário de dívida de vários países em baixa há várias semanas; - ii) o pedido feito ontem ao eurogrupo pelo ministro das Finanças, Vitor Gaspar, de mais tempo a fim de retardar o vencimento do macroempréstimo da troika, o que relaxará o torniquete que estrangula a economia portuguesa; - iii) a emissão bem sucedida feita ontem pela Espanha com títulos de 10 anos.

Para alguns especialistas, a antecipação do encontro com os mercado é um êxito inegável de Portugal em seu intento de reconquistar confiança internacional e distanciar-se definitivamente do destino grego e de seu caminho caótico.

Correta e sabiamente cauteloso, o editorial de hoje do Diário de Notícias ("Euforia e contenção") diz textualmente: "O dia de ontem é o primeiro passo de Portugal para recuperar a sua independência financeira em relação à troika. O regresso superpositivo aos mercados é uma vitória de Vítor Gaspar e Passos Coelho e é muito importante para o País: se os bancos e as empresas voltarem a financiar-se a taxas de juros comportáveis nos mercados, soltarão mais dinheiro para a economia e poderão incentivar de novo o emprego. Seria o início da recuperação. 

Mas deixando um pouco de lado a justificada alegria quanto à emisão muito bem sucedida de dívida pública, o difícil caminho da redução do défice do Estado obriga a que todos mantenham os pés bem assentes na terra. Em termos de contabilidade pública - a conta corrente das administrações públicas - o défice em 2012 terá ficado uns 700 milhões abaixo do valor máximo acordado com a troika: 8300 milhões de euros, em vez de 9028 milhões. Este valor corresponde a 5% do PIB, em vez dos 5,4% acordados (nesta forma de fazer as contas!). Mas o que vale é a medição do défice em contabilidade nacional, isto é, a partir dos compromissos de receita e despesa contraídos. E, para este resultado, resta saber se as operações irrepetíveis, como a concessão da ANA, são ou não validadas pelo Eurostat.

O que conta, quanto ao esforço adicional exigido em 2013, é que o défice vai ter de descer de um valor à volta dos 6% do PIB para os 4,5% - uma redução de 2500 milhões que, como é sabido, sairá do bolso dos contribuintes: trabalhadores e reformados. Não é novidade, mas convém recordá-lo para realçar o facto de o programa de ajustamento ter várias vertentes que vão evoluindo a ritmo diferenciado. Enquanto a dívida das empresas e famílias tem vindo a reduzir-se, mediante forte aperto de rendimentos e de atividade produtiva, a descida dos défices públicos ainda não permitiu começar a baixar o peso da dívida pública, nem se espera que o consiga antes de 2015.

Assim, até que a economia dê sinais de voltar ao otimismo e ao dinamismo criativo, os tempos continuarão ainda a ser de contas muito apertadas... para todos."  

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

NPA prova do veneno que estimulou: MST invade seu instituto em São Paulo

[Quando reinava impoluto no Planalto e deixava o mensalão e otras cositas más rolando soltos na retaguarda e na vanguarda, e inclusive no seu gabinete em Brasília (entregue à sua secretária personalíssima Rosemary), o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) volta e meia fazia sua política chinfrim e rasteira de bajular o Movimento dos Sem Terra (MST), como mostra a foto abaixo.

O NPA e seu sorriso irresponsável com o boné do MST - (Foto: Google).

Sentindo falta de seu padrinho e protetor militantes do MST invadiram o instituto do NPA, o que o deixou "chateado", segundo o jornal Estadão, ver notícia abaixo. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, né NPA!]

O diretor-presidente do Instituto Lula [o NPA], Paulo Okamotto, se reuniu nesta quarta-feira com os invasores da entidade e disse aos jornalistas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva [o NPA] ficou "chateado" com a ação dos sem-terra. "Relatei o movimento e ele ficou chateado porque o pessoal invadiu e ele teve de mudar a agenda, mas faz parte", disse Okamotto.  ["Faz parte" de quê, cara pálida?!]

Segundo ele, Lula [NPA] viria para ao escritório nesta quarta-feira, mas decidiu viajar para lugar não divulgado. Okamotto ressaltou que o grupo tem a solidariedade do ex-presidente, mas que ele, Okamotto, não concorda com o método dos invasores. "Eles têm a solidariedade do presidente Lula [NPA] para resolver o problema do assentamento e de todos nós. O que eu não posso concordar é com os métodos que eles estão usando. Eu acho que é inadequado, não pediram sequer uma audiência. Nunca pediam apoio", reclamou o diretor-presidente do Instituto Lula. Okamotto afirmou ainda que tudo o que a entidade poderia fazer pelos invasores, além de oferecer "café e água", já foi feito. "Mais do que isso é dizer que o movimento deles está certo, mas que a forma não me parece muito correta".

Ele transmitiu aos sem-terra a disposição da presidência do Incra em recebê-los, desde que eles deixem o Instituto Lula e a sede do Incra em São Paulo. "Por enquanto, estão como nossos convidados aí, mas não podem ser convidados eternos, têm de achar uma solução", disse o diretor-presidente descartando uma medida judicial para a retirada dos invasores neste momento. "A partir de agora é a relação deles com o governo. O nosso papel é só levar os fatos que ocorreram para ver se as autoridades tomam alguma providência", completou.

De acordo com Okamotto, que teve o consentimento dos invasores para entrar no prédio, as instalações estão preservadas. Com essa ação, ele já avisou que pretende mudar os procedimentos de segurança do Instituto Lula para evitar ações semelhantes. "Certamente algumas rotinas terão de ser alteradas". [Não me lembro de ter lido ou ouvido uma vez sequer esse Okamotto -- e, evidentemente, muito menos o NPA -- reagir dessa maneira nas inúmeras vezes em que o MST fez invasões idênticas ou muito piores em instalações da União durante o reinado do NPA. É o peculiar conceito de democracia e isonomia do PT e do NPA et caterva.
Militantes do MST no Instituto do NPA (clique na imagem para ampliá-la) - (Foto: Alex Falcão/Futura Press).

Pela foto acima conclui-se que a invasão do Instituto do NPA foi uma brincadeira, quando comparada com inúmeras outras muito maiores e piores ocorridas durante o mandarinato do NPA e que nunca o levaram a ficar "chateado", nem tiveram a discordância explícita do Sr. Okamotto.]

Os trejeitos do Reino Unido para não perder a pose, nem a majestade

[O Reino Unido continua fazendo malabarismos, piruetas e outros esforços do mesmo timbre para se manter nas manchetes e tentar esconder seus problemas internos e externos. Subjacente a isso, persiste o eterno inconformismo com a perda de prestígio da Union Jack.]

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu nesta quarta-feira um plebiscito para definir a permanência do Reino Unido (RU) na União Europeia se for reeleito após o próximo pleito parlamentar, em 2015. Caso isso aconteça, a consulta deverá ser convocada até 2017.  O compromisso do chefe de governo britânico é feito em meio ao aumento da insatisfação dos britânicos com o bloco europeu, em especial por causa de suas regras para a cooperação econômica. Londres pede maior autonomia para gerir as economias, enquanto o bloco advoga por mais controle central.

David Cameron se prepara para discurso sobre relação entre Reino Unido e Europa, em Londres, nesta quarta - (Foto: Matt Dunham/AP).

Em evento sobre a relação do Reino Unido com a Europa, Cameron disse que pedirá a negociação de um novo acordo com a Europa, que manteria a cooperação econômica, mas também diminuiria a cooperação política e daria mais poder aos Parlamentos nacionais. "Essa é a hora de os britânicos dizerem sua opinião e deixar clara essa questão na política britânica. E quando chegue o momento de escolher, vocês terão que tomar uma decisão importante sobre o destino de nosso país", disse. 

Apesar da convocação do plebiscito, o primeiro-ministro defendeu a permanência dos britânicos na União Europeia (UE) e o papel ativo na organização, mas pediu que os 27 integrantes do bloco aprovem medidas que aumentem a competitividade no mercado internacional.  "Nós entendemos e respeitamos o direito dos outros de manter seu compromisso, mas esse não é o objetivo dos britânicos. Nós ficaríamos mais confortáveis se o tratado deixasse livres os que querem ir mais longe, sem que eles fossem freados pelos outros". [Cameron dá uma no prego, outra na ferradura -- é nítida a sensação de que o RU quer o bônus, mas rejeita o ônus da união com a Europa. Embora dados de meados de setembro de 2012 mostrem que a participação da UE nas exportações do RU caíram então para 43,6%, o nível mais baixo desde 1988, a zona do euro continua sendo crucial para a economia britânica. Há, pois, muito de fanfarronice na atitude de Cameron, que mais uma vez embarca no "much ado about nothing".]

Cameron também apresentou uma proposta a ser negociada com os sócios da União Europeia para aumentar a autonomia dos Estados, em especial em questões políticas, e consolidar o mercado comum. Ele não deu detalhes sobre o plano, mas disse que, se não aprovado, isso significaria uma saída definitiva da UE. O chefe de governo ainda defendeu que a tentativa de equiparar o nível dos países é um erro. "Não nos enganemos pela falácia que um mercado profundo requer que todos estejam harmonizados. Os países são diferentes e fazem escolhas diferentes. Não podemos harmonizar tudo".

Preocupação

A proposição para plebiscito sobre a saída da União Europeia era uma reivindicação de setores do Partido Conservador, o mesmo de Cameron, e de outras agremiações britânicas. Também contempla a insatisfação dos britânicos com o bloco, que aumentou após o início da crise financeira na zona do euro.  O movimento britânico gera, no entanto, preocupação da oposição e do mercado internacional, pois poderia criar incertezas sobre o futuro econômico da Europa e provocar a diminuição do investimento estrangeiro em meio à recuperação dos países.

Dentro da Europa, o projeto gera críticas dos sócios dos britânicos. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, acusou Cameron de querer chantagear o grupo de 27 países para aprovar as reformas que defende [a alemã está certíssima].  A saída do Reino Unido é temida também pelos Estados Unidos. Em comunicado, a Casa Branca anunciou que o presidente Barack Obama conversou com David Cameron sobre o projeto e disse que valorizava a presença forte dos britânicos dentro da União Europeia.

[Segundo o jornal espanhol El País,  Cameron definiu um horizonte de reformas "para a Europa do século 21" a partir de cinco princípios: competitividade - porque o coração da UE tem que ser, como é agora, o mercado único; -- flexibilidade - a UE tem que atuar com a velocidade e a flexibilidade de uma rede, não com a pesada rigidez de um bloco; -- fluxo de poder no sentido dos Estados membros, não apenas no sentido Bruxelas, pelo que é preciso examinar o que faz a UE e o que ela deveria deixar de fazer; -- prestação de contas democrática, ou seja um papel maior e mais significativo para os parlamentos nacionais; -- e justiça, sobretudo para evitar que os países que não estão no euro, como o Reino Unido, sejam tratados de forma diferente à dos que estão dentro. E citou, de concreto, a coordenação fiscal e a união bancária ou seja, a City, em aparente contradição com sua crença de que o mercado único é o eixo da UE. 

Eis aí o peculiar senso de humor britânico: quer o bônus sem o ônus, mas com tapete vermelho, e propõe um clube e não um bloco econômico.

O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo, disse que "sair da UE seria um golpe terrível para a indústria do Reino Unido".

A relação tensa do Reino Unido com a União Europeia
  • 1973 - O Reino Unido (RU) entra na Comunidade Econômica Europeia (CEE), mas um ano depois já pede "métodos mais justos para financiar o orçamento".
  • 1984 - Margaret Thatcher consegue o "cheque britânico", pelo qual Bruxelas devolve anualmente a Londres parte de seu aporte orçamentário.
  • 1993 - Londres evita implantar o euro e aplicar o capítulo social de Maastricht.
  • 2011 - Cameron enfrenta a UE para defender a City e propõe recuperar poder cedido a Bruxelas.]