sábado, 15 de junho de 2013

Poluição marinha cria um novo "continente"

[O texto abaixo foi traduzido da revista francesa "Sciences et Avenir" (Ciências e Futuro), n˚ 796, de junho corrente, pág. 85. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade. As evidências de degradação acentuada do meio ambiente são cada vez mais frequentes, expressivas e abundantes -- e as reações das autoridades e do público em geral lhes são inversamente proporcionais. ]

O sétimo continente

Hugo Jalinière -- Sciences et Avenir, junho de 2013, pág. 85

Um ano após uma tentativa abortada, uma expedição patrocinada pelo Cnes, a agência espacial francesa, e dirigida pelo explorador guianense Patrick Deixonne, deveria partir novamente no final de maio para abordar o "sétimo continente", essa gigantesca placa de dejetos plásticos suposta flutuar sobre o Oceano Pacífico [o conceito de continentes já não se restringe mais aos clássicos cinco continentes de outrora, comportando diferentes concepções e variando de quatro a sete continentes, conforme representação abaixo retirada da Wikipédia (clique na imagem para ampliá-la].


Esses detritos de plástico se aglutinam no ponto de encontro das correntes marinhas, que giram à volta de si mesmas sob o efeito da rotação da Terra e formam um imenso vórtice chamado "giro". No total, milhões de toneladas de dejetos procedentes das costas litorâneas e dos rios flutuam nos cinco principais giros distribuídos por todos os oceanos, com a força centrípeta aspirando lentamente os detritos para o centro de cada giro.

O giro do Pacífico Norte, entre a Califórnia e o Havaí, é um dos mais importantes, com uma superfície de cerca de 3,4 milhões de km² [40% da área do Brasil].  Mas, essa "sopa" é constituída essencialmente de microdejetos decompostos, mantidos em suspensão sobre a água, às vezes em camadas de 30 m de altura. Muito dificilmente detetável por satélites, essa poluição só é visível quando observada a partir de navios e barcos. Um captador [o termo francês -- "capteur"-- é aplicado a dispositivo para absorver a energia solar, ou ser por ela ativado] idealizado por alunos do curso de engenharia do Icam [sigla francesa do Instituto Católico de Artes e Ofícios] será testado [na missão de Patrick Deixonne citada acima], o que deverá permitir distinguir na água o que é plástico e o que é plâncton, possibilitando cartografar as zonas poluídas com base nas imagens via satélite, o que seria um fato inédito no mundo.

[Fotos de poluição marinha (clique nas imagens para ampliá-las):


Fonte: Google.]

2 comentários:

  1. "-- e as reações das autoridades e do público em geral lhes são inversamente proporcionais.]"
    Essa é que é a verdade! E os economistas céticos (só os céticos) se enquadram tanto no público como nas autoridades. A eles pouco interessa se o planeta se degrada progressivamente. Mais vale (e unicamente) que o PIB cresça, custe o que custar). Um legado de dejetos, para as próximas gerações, é plenamente aceitável.

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  2. Se existe...não sei, se funciona...não sei, mas o tema "Preservação do Planeta" tem que fazer parte das agendas dos dirigentes dos países,através da ONU.
    Como meros e mortais habitantes, precisamos fazer o nosso papel de divulgar e estimular as mudanças necessárias.
    Com relação às mudanças legítimas (na sua maioria de fundo/causa econômicas)que a humanidade já realizou, onde piorou para poder mudar, temo que esta ordem não funcione com a natureza, pois poderá ser tarde demais.
    Luiz Cláudio

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