sexta-feira, 21 de junho de 2013

Nossa ex-guerrilheira acuada pela democracia que diz ter defendido

Sempre fui e continuo sendo extremamente cético com relação àqueles que dizem ter lutado pela democracia no país, e esse sentimento se reforçou depois que alguns deles receberam e aceitaram tranquila e avidamente régias recompensas pelo seu "patriotismo", como Ziraldo, Carlos Heitor Cony e Jaguar por exemplo, cada um embolsando mais de R$ 1 milhão. E nenhum dos outros "patriotas" do movimento se rebelou contra isso, p'ra dizer que sua atuação era idealista e não mercenária, incluindo-se aí nossa doce, terna e sempre afável e sorridente ex-guerrilheira Dona Dilma -- esta, aliás, se aburguesou de vez, como demonstram suas recentes viagens a Roma e à África do Sul. Ativista político de "esquerda" remunerado com dinheiro do contribuinte, só mesmo no Brasil. Essa gente toda é do PT e/ou votou nele, e parte está no poder.

Estamos há 10 anos sob governos do PT, eleitos por, e recheados com, todos esses pilantras oportunistas explícitos e implícitos, os mensaleiros, ministros da estirpe de um Gilberto Carvalho, um mentiroso contumaz e inexplicavelmente ainda não alcançado pelo braço da lei e as algemas da polícia: o NPA (o Nosso Pinóquio Acrobata, Lula), e um blefe chamado Dilma Rousseff. Há uma década o país vem assistindo a uma sequência ininterrupta de atos impunes de corrupção, de continuidade e proporções como nunca se viu em nossa história republicana. Até mesmo o histórico julgamento do mensalão corre o sério risco de virar pizza, com manobras de bastidores ardilosas e, não raro, velhacas. O Congresso se abastardou e a oposição sucumbiu em sua incompetência e em seus rabos presos.

Nossa supersimpática Dona Dilma, uma versão canhestra de Macunaíma parida pelo NPA, mostrou desde o início ser absolutamente incompetente como executiva e gestora, e totalmente despreparada para diálogos democratas. Age com a sutileza de um trem em movimento e de rinocerontes no amor. É uma autoritária empedernida e insensível, a não ser quando um poder maior contra ela se levanta como agora, nas ruas de todo o país. A Dama de Ferrugem tem a bipolaridade do autoritarismo e da covardia, típica e inata dos desprovidos de conceito de democracia.

O petismo jogou todas suas fichas em iniciativas paternalistas, assistencialistas, supostamente anestésicas e dopantes (vê-se agora que não o foram), como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, agora o Minha Casa Melhor , e outros que tais, e no estímulo desenfreado ao consumo. Favoreceu ostensiva e repetidamente a indústria automobilística, um dos setores mais protegidos de nossa indústria, que obtém aqui lucros maiores que em qualquer outro país do planeta e nos fornece carros atrasados 20 anos em matéria de segurança.  Com sua miopia, o petismo -- agora sob Dilma -- achou que com geladeira, máquina de lavar roupa, forno de microondas, etc, o povão estaria satisfeito e pacato.

Paradoxalmente, o chamado partido do trabalhador ignorou solemente o sacrifício dessa gente para ir trabalhar e voltar p'ra casa. As revisões dos preços das passagens são cumpridas à risca, a qualidade do transporte que se dane. E o governo petista deixou correr solta a corrupção e as negociatas -- submetendo inclusive o governo e o país aos mandos e desmandos de uma figura abjeta como Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara -- e se lixou para a educação, a saúde pública, a segurança pública, a infraestrutura, o transporte público, o saneamento. Assuntos de interesse público passaram a ser decididos unicamente entre o Planalto e certos setores da indústria. Deu no que está dando.

O movimento que domina nossas ruas há duas semanas é, ao mesmo tempo, profundamente animador e profundamente preocupante. Animador porque demonstra que não somos o povo apático, desatento e vaca de presépio das aparências. Preocupante porque é extremamente difuso (embora coerente) em suas reivindicações e carece de lideranças claramente identificadas, indispensáveis para qualquer negociação. Outro fato que provoca desassossego e angústia são o vandalismo que tem manchado a quase totalidade das manifestações de rua e a absoluta incapacidade das polícias para refreá-lo. Apesar de minoria extrema, esses baderneiros e arruaceiros criminosos têm conseguido impor o terror aos demais manifestantes e ao comércio. O recuo de milhares de manifestantes pacíficos na Av. Presidente Vargas ontem no Rio, desistindo de ir até a Prefeitura por causa de um bando de vândalos foi assustador. Para onde vamos?

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PS - Repercussão das manifestações no exterior:

Ressentimentos liberados nos protestos no Brasil (CNN - 21/6)

É esta a revolução do samba? Liderança no Brasil em crise com um milhão de pessoas nas ruas (The Independent - Reino Unido - 22/6)

Partido governante no Brasil, de esquerda e nascido de protestos, está perplexo com a revolta (The New York Times - 19/6)

Rugidos de insatisfação na "Belíndia" - Por que agora? (The Economist - 21/6)

O gigantesco protesto nas ruas fratura a sociedade brasileira (El País - 21/6)

A geração Lula, entre irritação e desilusões (Le Monde - 22/6)

A toda-poderosa Fifa atiça a cólera dos brasileiros (Le Figaro - 21/6)

Protestos no Brasil geram receios quanto à Copa do Mundo, com um milhão de pessoas nas ruas (The Guardian - Reino Unido - 21/6)

Nova classe média brasileira vai às ruas (The Wall Street Journal - 21/6)

A revolta dos fãs do futebol - Protestos assolam o Brasil (Spiegel Online International - 20/6)

Motorista joga seu Land Rover contra multidão de manifestantes no Brasil (Pravda - Rússia - 21/6)

Brasil amotinado [Die Welt (O Mundo) - Alemanha - 22/6]

Opiniões sobre a rebelião brasileira (Clarín - Argentina - 22/6)

Presidente brasileira diz que preocupações serão ouvidas e condena "agitadores" (The Washinfton Post - 22/6)

Dilma disponível para receber líderes dos protestos (Diário de Notícias - Portugal - 22/6)

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