quinta-feira, 20 de junho de 2013

A arte polêmica e genial de Egon Schiele

[Para esta postagem usei basicamente o livro "Egon Schiele, 1890-1918 - A alma noturna do artista", de Reinhard Steiner, Ed. Taschen, 2001.]

Assim como cada época tem slogans que resumem as imagens diretivas, os desenhos e as aspirações de uma determinada sociedade, também a obra de um artista possui imagens-chave que lhe fazem transparecer o caráter e as raízes de sua criação com a maior das clarezas. As razões que fazem com que um motivo determinado para essa obra transmita, pela frequência e insistência manifestas, o imaginário criativo do artista podem ser conscientes ou inconscientes. O que é verdade é que severá sempre aí o fulcro criativo ou o resumo de uma boa quantidade de outras manifestações que são o tema do resto da obra.

Essa ideia é tanto mais justificada quanto numa obra o lugar mais importante for ocupado pelo autorretrato -- como se passa com Egon Schiele. O grande número de autorretratos -- cerca de uma centena -- não testemunha apenas que entre os seus colegas de uma época histórica, Egon Schiele pode ser considerado como um dos observadores mais assíduos de sua própria pessoa, como leva também a pensar que se trata de alguém que se pode classificar de narcisista. De fato, Schiele era um observador obsessivo de sua própria pessoa.


Egon Schiele nasceu em 12 de junho de 1890, em Tulln, no sul da Áustria, filho de Adolf Eugen Schiele (natural do norte da Alemanha) e Marie Schiele (natural da Boêmia). Seu pai chefiava a estação ferroviária local e dele Schiele herdou a paixão por trens, paixão que aliás conservou por toda a vida.

Com uma constituição física frágil, Egon Schiele era uma criança silenciosa que não aparentava nem orgulho, nem nenhum dom especial, tanto no liceu de Krems (1902) como, depois, no de Klosterneuburg (1902-06). Não mostrava interesse e entusiasmo senão pelo desenho, domínio em que se verá compreendido e apoiado pelo seu professor em Klosterneuburg, Ludwig Karl Strauch, bem como pelo pintor Max Kahrer e pelo chefe do coro, Wolfgang Pauker. Aliás, seriam essas mesmas pessoas que, em 1906, apoiariam seu pedido de admissão à Academia, apesar das reticências de seu tutor Leopold Czihaczek.

Schiele foi aluno inicialmente do pintor histórico e retratista Christian Griepenkerl, antigo aluno de Carl Rahl e tradicionalista ferrenho. Quando ainda frequentava as aulas desse professor, Schiele sentia-se muito mais atraído pelo estilo "plano" e linear de Gustav Klimt e dos artistas da Secessão vienense, o que suas obras  mais modestas permitem constatar. Desde sua entrada na Academia, Schiele verá em Klimt o modelo que devia venerar pela vida afora.

[Clique em cada imagem abaixo para ampliá-la. Onde não indicado, a fonte éo Google.]

Egon Schiele em seu estúdio, 1915. 

 A crucificação, 1907. Óleo sobre tela, 42 x 42 cm. Coleção particular.

Porto de Trieste, 1907 - Óleo e plumbagina sobre cartão, 25 x 18 cm. Graz (Áustria), Neue Galerie am Landesmuseum Joanneum.

 Gustav Klimt, Judith II (detalhe), 1909. Óleo sobre tela, 178 x 46 cm. Veneza, Galleria dell'Arte Moderna.


 Egon Schiele, Retrato de Gerti Schiele [irmã de Schiele], 1909. Óleo sobre tela, 140 x 140 cm. Nova Iorque, The Museum of Modern Art, legado e doação de Ronald S. Lauer.

Gerti Schiele com vestido xadrez, 1910. Aquarela e cartão sobre cartão, 134 x 52,7 cm. Minneapolis, The Minneapolis Institute of Arts, doação de Otto Kallir e John R. can Derlip Fund.

 Egon Schiele com um modelo nu frente a um espelho, 1910. Lápis sobre papel de embrulho. Viena, Albertina Museum. - (Fonte: Albertina Museum).

 Nu masculino sentado, 1910. Óleo e guache, 152,5 x 150 cm. Coleção particular.

Moça nua com braços cruzados (Gertrude Schiele), 1910. Giz preto, pincel e aquarela sobre papel marrom. Viena, Albertina Museum. - (Fonte: Albertina Museum).

 Autorretrato com pálpebra inferior puxada para baixo, 1910. Giz, pincel, aquarelas e guache em papel de embrulho marrom. Viena, Albertina Museum. - (Fonte: Albertina Museum).

Autorretrato com mãos na frente do peito, 1910. Guache, aquarela e carvão, 44,8 x 30 cm. Coleção particular.

Mime van Osen, 1910. Aquarela e carvão, 37,8 x 29,7 cm.  Graz (Áustria), Neue Galerie am Landesmuseum Joanneum.

Nu recostado, 1910. Plumbagina, 55,7 x 37 cm. Graz (Áustria), Neue Galerie am Landesmuseum Joanneum.

 Mulher nua, 1910. Guache, aquarela e giz preto, realçado com branco, 44,3 x 30,6 cm. Viena, Albertina Museum.

Nu com cabelos negros (de pé), 1910. Aquarela e plumbagina, realçado com branco, 54,3 x 30,7 cm. Viena, Alberina Museum.

Retrato de um homem com chapéu, 1910. Aquarela e giz preto, 45 x 31 cm. Coleção particular.

 Nu contrastado com tecido colorido, 1911.

 Duas meninas, 1911. Guache, aquarela e plumbagina, 40 x 30,6 cm. Viena, Albertina Museum.

O profeta (autorretrato duplo), 1911. Óleo sobre tela, 110,3 x 50,3 cm. Stuttgart (Alemanha), Staatsgalerie Stuttgart.

Autorretrato, 1912. Lápis, aquarela e guache. Coleção particular.

 Agonia, 1912. Óleo sobre tela, 70 x 80 cm. Munique, Neue Pinakothek.

Lutador, 1913. Guache e  plumbagina, 48,8 x 32,2 cm. Coleção particular.

Mulher com meias pretas, 1913.

Mulher nua inclinada para a direita, com boina verde, 1914. Lápis, aquarela e guache. Viena, Albertina Museum.

Nu deitado com pernas separadas, 1914. Guache e plumbagina, 30,4 x 47,2 cm. Viena, Albertina Museum.

 Mãe e filho, 1914. Guache e plumbagina, 48,1 x 31,9 cm. Coleção particular.

Autorretrato como São Sebastião (cartaz para a exposição da Galeria Arnot), 1914/15. Tinta nanquim e cores, 67 x 50 cm. Viena, Historeisches Museum der Stadt Wien.

 Nu sentado., 1914. Guache e plumbagina, 48,3 x 32 cm. Viena, Albertina Museum.

Mulher sentada, com a mão esquerda no cabelo, 1914. Óleo sobre tela. Viena, Albertina Museum.

Nu deitado com perna esquerda puxada, 1914. Lápis sobre papel, 31,8 x 48 cm. Nova Iorque, Serge Sabarsky.

Par sentado (Egon e Edith Schiele), 1915. Guache e plumbagina, 52,5 x 41,2 cm. Viena, Albertina Museum.

Duas mulheres deitadas em sentidos contrários, 1915. Guache e plumbagina, 32,8 x 49,7 cm. Viena, Albertina Museum.

Duas mulheres abraçadas, 1915. Guache, aquarela e plumbagina, 48 x 32,7 cm. Budapest, Szépmüvészeti Múzeum.

 Edith Schiele com vestido listrado, 1915/16. Óleo sobre tela, 180 x 110 cm. Haia, Haags Gemeentemuseum voor Moderne Kunst.

A morte e a donzela, 1915/16. Óleo sobre tela, 150 x 180 cm. Viena, Österreichische Galerie.

Paisagem de Krumau, 1916. Óleo sobre tela, 110 x 140,5 cm. Linz (Áustria), Neue Galerie der Stadt Linz, Wolfgang-Gurlitt-Museum.

Retrato da cunhada de Egon, Adele Harms, 1917. Viena, Albertina Museum.

Mulher sentada com a perna esquerda dobrada, 1917. Guache e giz preto, 46 x 30,5 cm. Praga, Narodni Galerie.

 Mulher reclinada com meias verdes, 1917. Guache e crayon preto, 29,4 x 46 cm. Coleção privada.

 Enlace (Par Enlaçado II), 1917. Óleo sobre tela, 100 x 170,2 cm. Viena, Österreichische Galerie.

Mulher deitada de bruços, 1917. Guache e giz preto, 29,8 x 46,1 cm. Viena,Albertina Museum.

Mulher deitada com chinelas verdes, 1917. Guache, aquarela e crayon preto sobre papel, 29,7 x45,8 cm. Coleção particular.

 Casa dos arredores e roupas secando, 1917. Óleo sobre tela, 110 x 140,4 cm. Coleção particular.

 Mulher seminua ajoelhada, 1917.

A família, 1918. Óleo sobre tela, 152,5 x 162,5 cm. Viena, Österreichische Galerie.

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