Sob o título "Fale manso e carregue um cheque em branco" (Speak softly and carry a blank cheque) a renomada revista inglesa The Economist, em sua edição de 15/7, publica um interessante artigo sobre o fato do Brasil estar se tornando um dos maiores doadores de ajuda a países pobres no mundo, em busca de espaço político-estratégico através do chamado poder brando [soft power, em inglês -- conceito criado e desenvolvido em 2004 pelo professor Joseph Nye em seu livro "Soft Power: The Means to Success in World Politics", em contraposição a "hard power", que é a conquista do mesmo espaço através do uso do poder econômico, de tecnologia militar, etc].
Segundo o artigo, essa ajuda brasileira pode atingir 4 bilhões de dólares em 2010, menos que a da China mas parelha com as do Canadá e da Suécia e, ao contrário destas duas, em ascensão. Só o orçamento da ABC - Agência Brasileira de Cooperação (30 milhões de US$ neste ano), gerida pelo Itamaraty, teria triplicado desde 2008. O texto pondera que essa política pode ser considerada controvertida em termos de Brasil, um país que ainda possui problemas e bolsões de pobreza típicos do terceiro mundo.
Concordo com a ponderação do artigo. Além de questionável em termos de definição de prioridades (não só entre socorrer outros países ou resolver primeiro nossos problemas, como também em definir que país deve ser beneficiado), esse "programa" (se é que assim possa ser chamado) não tem apresentado até agora resultados resultados consistentes e sistemáticos para o Brasil. Nas várias missões oficiais que fiz à África no período de 1997-2007 cansei-me de ouvir a recorrente reclamação de autoridades africanas de que o Brasil atuava por espasmos, e não tinha sido ainda capaz de estabelecer um programa continuado de ajuda após sua oferta inicial.
Quem acessar o artigo poderá ler o comentário que enviei à revista sob o pseudônimo de Brazilianeye.
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