Num gesto considerado sem precedentes, mesmo nos EUA, a diretora das escolas públicas do Distrito de Columbia (Washington, DC) Michelle A. Rhee (filha de pais coreanos que emigraram para os EUA em 1960) demitiu 241 professores da rede pública local, com base no conceito de que "cada criança da rede pública local tem direito a um professor altamente eficiente". Desse total, 165 receberam avaliação de mau desempenho em um novo processo de avaliação (chamado IMPACT) que, como é lógico, torna os professores responsáveis pelo desempenho de seus alunos -- na mesma decisão, 737 outros professores considerados de eficiência mínima foram colocados em observação, com a obrigação de melhora de desempenho em um ano, de acordo com o sistema de avaliação citado. Leia mais.
Embora os demitidos representem apenas cerca de 4% do corpo de professores da rede pública do DC (com 4.000 membros), a medida provocou um frisson na cidade e a reação imediata do Sindicato de Professores local. O estilo linha dura de Michelle Rhee tem-lhe provocado forte resistência de certos setores da sociedade.
É interessante comparar esse comportamento com o que se vê no Brasil, justo no momento em que saiu a enorme lista de escolas avaliadas pelo Enem. Além da transparência mínima ou zero em relação à efetiva credibilidade e eficiência desse processo de avaliação, as discussões sobre seus resultados e a origem destes têm sido superficiais e cosméticas, e absolutamente nada se disse em mérito sobre a responsabilidade do corpo docente nessa história toda, especialmente no caso das escolas públicas (que deram show de ineficiência). Como professor de escola pública no Brasil se especializa mais em fazer greve remunerada, e adquiriu o status de intocável, vai permanecer como uma quimera a hipótese de se ter por aqui um choque de ordem na educação pública como o feito por Michelle A. Rhee no Distrito de Columbia.
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