quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quanto pagaremos realmente por Belo Monte?

Quando assumiu a presidência da Eletrobrás José Antonio Muniz Lopes tinha entre suas principais bandeiras a construção de Belo Monte, um sonho acalentado desde sua passagem pela presidência da Eletronorte, e o fortalecimento da empresa. Este fortalecimento passava pela transformação da Eletrobrás em uma holding efetiva, capaz de se impor às suas subsidiárias (que, de tão independentes, eram denominadas de "descontroladas" em vez de controladas), e por uma alteração estatutária que permitisse a atuação plena da empresa no exterior. Quando holding real e efetiva, dizia ele, não seria mais permitida a concorrência predatória entre suas subsidiárias em leilões de empreendimentos no setor elétrico, cessando uma atuação absurda dessas empresas, às custas do Tesouro Nacional e dos consumidores e contribuintes.

À primeira vista um observador desatento pode achar que todas essas metas foram conseguidas: os Estatutos da Eletrobrás foram alterados de modo a permitir a presença da empresa no mercado externo como player pleno (iniciada com um programa de construção de cinco hidrelétricas no Peru, para abastecer este país e o Brasil), a empresa foi recentemente reestruturada, impondo-se o nome da Eletrobrás na razão social de cada subsidiária (passou-se a ter Eletrobrás - Chesf, Eletrobrás-Eletrosul, etc), e criou-se uma nova logomarca para a empresa como afirmação de uma nova era; -- e o leilão para construção de Belo Monte foi finalmente realizado, aos trancos e barrancos e sob uma guerra judicial (entre outros imbróglios) ainda inconclusa.

No entanto, um observador atento e familiarizado com o nosso setor elétrico verá que, se queijo fosse, essa novela toda teria muito mais furos que um queijo suiço. As subsidiárias da Eletrobrás reagiram fortemente ao novo modelo empresarial do chamado Sistema Eletrobrás, alegando perda de autonomia e prestígio. O leilão de Belo Monte já serviu de plataforma para que a Chesf, participante do consórcio ganhador, extravasasse novamente toda sua insatisfação junto a Lula, a  ponto de o presidente determinar ao novo Ministro de Minas e Energia que examinasse detalhadamente o que ocorreu e o que está ocorrendo, corrigindo o que for possível (perdendo apenas para Furnas neste quesito, a Chesf sempre foi extremamente rebelde e avessa à atuação da Eletrobrás como sua controladora).

Outro mote da reforma da Eletrobrás, o da não concorrência predatória entre subsidiárias, também caiu por terra no leilão de Belo Monte, com Chesf e Furnas se confrontando, cada uma em seu consórcio, evidentemente às custas da Viúva e de nossos bolsos.

E, finalmente, o governo jogou pesado e sujo para realizar, a qualquer preço, o leilão da usina hidroelétrica mais suspeita e criticada da história do setor elétrico brasileiro. A começar pela propaganda enganosa de vender para o grande público a usina como tendo 11.000 MW de capacidade geradora ("a terceira maior do mundo"), quando na realidade sua energia média não ultrapassará 4.500 MW, o governo e a Eletrobrás não conseguem anular as inúmeras, variadas e fundamentadas críticas que caracterizam Belo Monte como o maior desastre socioambiental a se impor à Amazonia. Lula presta, assim, mais um gigantesco desserviço ao país, acrescido da agravante de se esforçar com o máximo de empenho para criar um fato consumado dessa natureza para o próximo presidente.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O que estão fazendo com a Ordem de Rio Branco?! - Capítulo II

A condecoração da Primeira-Dama e da mulher do Ministro Celso Amorim com a Ordem de Rio Branco deve ter gerado algum ruído, para que o referido ministro viesse a público "justificar" a generosidade do governo com essa comenda, nesse episódio.

Com o brilho e a humildade habituais o ministro acabou com qualquer dúvida ou suspeição sobre a correção do ato magnânimo. Disse ele:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, justificou nesta sexta-feira (16) a concessão da mais alta condecoração do Itamaraty para sua esposa, Ana Maria, e para a primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia. Para ele, o sacrifício pessoal delas e o apoio à atuação dos maridos na política internacional justificam a homenagem.
“Eu não vou falar da minha mulher, mas, por exemplo, não se pode imaginar a atuação do presidente Lula sem o apoio da sua mulher. Apoio moral, mas também efetivo, sacrificando sua vida pessoal, deixando de ter horas com os filhos”, afirmou o ministro.

Só não entendi direito se o sacríficio dessas duas senhoras refere-se a ter os maridos que têm, ou se é ter que viajar com eles pelo mundo afora, p'ra cima e p'ra baixo, com tudo pago, cartão de crédito da Viúva (pelo menos no caso da Primeira-Dama) e outras sinecuras do gênero, certamente entediantes.

Intrigou-me a visão peculiar do nosso chanceler sobre a relação mulher-marido no que se refere ao trabalho deste: quer dizer que Primeira-Dama e mulher de chanceler, diferentemente da imensa maioria das mulheres do planeta, têm que fazer um esforço e um sacrifício extras para "apoiarem" seus maridos quando têm que trabalhar, e por isto merecem ser condecoradas?!! Caramba, que cabecinha fantástica tem esse ministro (endossada, é lógico, pelo seu chefe Lula, que se deleita com a Primeira-Dama absolutamente ociosa e inexpressiva que tem)! Aí fica mais fácil entender o que nossa política externa vem fazendo com  Irã, Cuba, Bolívia, Venezuela, etc, etc.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O que estão fazendo com a Ordem de Rio Branco?!

Li hoje (16/4) no O Globo, na coluna "Gente Boa" (Segundo Caderno), a seguinte notícia:
Dia das mães 
Dia 13 de abril, quando Lula estava viajando, colocaram para José Alencar assinar o decreto que admite no quadro suplementar da Ordem de Rio Branco, no grau de Grã-Cruz, a senhora Marisa Letícia Lula da Silva. Ana Maria Amorim, esposa de Celso Amorim, também conseguiu, certamente pelos mesmos serviços prestados ao país, o mérito.


Não acreditei e fui checar no Diário Oficial da União. Na edição de 14/4/10, logo na primeira página estava o Decreto de 13/4 com as tais nomeações. Ainda embasbacado, procurei conhecer melhor o que é essa tal Ordem de Rio Branco. No sítio do MRE encontra-se:

ORDEM DE RIO BRANCO
 
A Ordem de Rio Branco foi instituída pelo Decreto nº 51.697, de 5 de fevereiro de 1963, com o objetivo de, ao distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção.

 CAPÍTULO IV -- DOS QUADROS, DA ADMISSÃO E DA PROMOÇÃO NA ORDEM

Art. 8º Os agraciados da Ordem de Rio Branco são classificados nos dois Quadros seguintes:

A) Quadro Ordinário, constituído pelos funcionários da ativa da Carreira de Diplomata.

B) Quadro Suplementar, constituído pelos funcionários aposentados da Carreira de Diplomata e por todas as demais pessoas físicas ou jurídicas que venham a ser agraciadas com as insígnias da Ordem.
 ....................................
§2º O Quadro Suplementar não tem limitação.

 Art 9º A admissão nos Quadros da Ordem obedece ao seguinte critério:


B) Quadro Suplementar


Grã-Cruz -- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministros de Estado, Governadores dos Estados da União e do Distrito Federal, Almirantes, Marechais, Marechais-do-Ar, Almirantes-de-Esquadra, Generais-de-Exército, Tenentes-Brigadeiros, Embaixadores estrangeiros e outras personalidades de hierarquia equivalente.

Aí minha cuca fundiu de vez! Qual terá sido o contorcionismo de raciocínio, que não o da subserviência, do puxa-saquismo e do desprezo pelos valores de cidadania, que permitiu agraciar com essa Ordem a Primeira-Dama mais ociosa e mais opaca de que se tem notícia, e a esposa do Ministro das Relações Exteriores?!! Quer dizer que ser casada com figurão (não por conteúdo, mas por cargo e função) é requisito básico para obter a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco?!!! Essas duas figuras ficariam sem dúvida muito melhor posicionadas se homenageadas pela LIESA, a Liga das Escolas de Samba, patrocinada e gerida por outros figurões, os bicheiros.

PS - Na pesquisa sobre os agraciados com a Ordem de Rio Branco encontrei, no dia 16/4, na Seção 1 do DOU, no grau de Grande Oficial, o Sr. Josué Christiano Gomes da Silva, Presidente da Companhia de Tecidos Norte de Minas (COTEMINAS), empresa esta de propriedade do Vice-Presidente da República ... Aí concluí de vez que essa Ordem é arroz de festa, não tem nenhum pedigree. 


quarta-feira, 14 de abril de 2010

É hora de ressuscitar o Barão de Itararé

No momento em que o país passa por tantos traumas, com tragédias as mais diversas provocadas por chuvas torrenciais, com comoções políticas geradas por políticos safados, com o BBB transformado em jóia da coroa da Globo, etc, é hora de ressuscitar o Barão de Itararé, humorista genial desconhecido pelas novas gerações.

Apparício Torelly, o Barão de Itararé, era gaúcho de Rio Grande, nascido em 29/01/1895. Estudou medicina, sem chegar a terminar o curso, e já era conhecido quando veio para o Rio trabalhar no jornal O Globo. Em 02/01/1926 estréia no jornal A Manhã com a coluna A manhã tem mais ..., assinada com o pseudônimo Apporelly. Em 13/5/1926 abandona o emprego e funda seu próprio jornal, A Manha, um tablóide de circulação nacional. Sempre irreverente, em 1930, com a revolução, se proclama Duque de Itararé, herói da batalha que não houve; semanas depois rebaixa-se a Barão, como prova de modéstia.

Reproduzo a seguir trechos das páginas 27 e 28 do livro Máximas e Mínimas do Barão de Itararé, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza publicada pela Distribuidora Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, em 1985. Pode-se verificar que várias delas foram incorporadas ao vocabulário popular, sem que se saiba que seu autor é o Barão de Itararé:
  • De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
  •  Quem empresta, adeus ...
  • Dize-me com quem andas e te direi se vou contigo.
  •  Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
  •  Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
  •  Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
  •  Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.
  •  Quem só fala dos grandes, pequeno fica.
  •  Os juros são o perfume do capital.
  • O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.  

  •  Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.
  •  Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.
  • Tudo seria fácil, não fossem as dificuldades.
  • O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
  • Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco se acontecesse com você.
  • A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
  • Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
  • Pão, quanto mais quente, mais fresco.
  • A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.
  • A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
  • Deus dá peneira a quem não tem farinha.
  • Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo.
  • O fígado faz muito mal à bebida.
  • O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.
  • A solidez de um negócio se mede pelo seu lucro líquido.
  • Que faz o peixe, afinal?... Nada.
  • A sombra do branco é igual à do preto.
  • Eu cavo, Tu cavas, Ele cava, Nós cavamos, Vós cavais, Eles cavam. Não é bonito, nem rima, mas é profundo ...
  • Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
  • Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!
  • Devo tanto, que se chamar alguém de "meu bem" o banco toma!
  • Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta ...


segunda-feira, 12 de abril de 2010

A trágica morte do presidente polonês

Trágica e lamentável a morte do presidente polonês Lech Kaczynski, sob todos os aspectos. Ele e sua delegação se dirigiam a Katyn, na Rússia, para uma cerimônia particularmente marcante e de alto conteúdo emocional para a Polônia: homenagear os quase 22.000 poloneses mortos pela polícia secreta de Stalin, então chefiada por Lavrentiy Beria, no denominado "Massacre da Floresta de Katyn" ou "Massacre de Katyn"em 1940, durante a Segunda Grande Guerra.

Esse massacre foi um espinho nas relações russo-polonesas durante décadas, e a Rússia levou 50 anos para admití-lo e  reconhecê-lo. A visita de Kaczynski ao memorial de Katyn era parte importante do longo processo de  reconciliação entre os dois países.

Lamentável também, e difícil de entender, que uma delegação dessa importância e desse nível, com a elite do governo polonês, estivesse toda em um mesmo avião.

sábado, 10 de abril de 2010

Brasil discute com os EUA criação de base no Rio de Janeiro

Vejamos os bastidores da Nota abaixo. No dia 30/3/2010 Lula, por sugestão da Polícia Federal, discutiu com o comandante do Comando Sul dos EUA, tenente-brigadeiro Douglas Fraser, a criação de uma base "multinacional e multifuncional" com sede no Rio de Janeiro. Esta base formaria, com duas outras bases já existentes em Key West (EUA) e em Lisboa (Portugal), o tripé de "monitoramento, controle e combate ao narcotráfico e contrabando, principalmente de armas, além de vigilância antiterrorista".

Essa história não cheira bem: - a) é estranho que o presidente tome uma iniciativa dessa complexidade  por sugestão apenas da Polícia Federal, onde estão ou estiveram o Ministério da Defesa e o Itamaraty?! - b) quando surgiu a notícia de que os EUA abririam bases na Colômbia (caso concreto) e no Paraguai (nunca confirmado) o Itamaraty "esperneou", fez seu jogo de cena, pedindo explicações, transparência, e outros trejeitos -- agora que a base será no Brasil, tudo beleza?!

Vale ler o artigo "Brasil discute com EUA criação de Base no Rio", de Rui Nogueira e Rafael Moraes Moura, no O Estado de S. Paulo de 31/3/2010.

En passant, fica o registro de que recentemente Lula deu uma de figurão, "relutando" em receber Hillary Clinton porque seu interlocutor nos EUA é Obama. No entanto, neste caso, o superstar reuniu-se com um tenente-brigadeiro americano ...
Logomarca do Itamaraty
Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete



Nota nº 175 - 07/04/2010
Brasil-EUA: acordo sobre cooperação em defesa
Os Governos do Brasil e dos Estados Unidos da América (EUA) concluíram a negociação de acordo sobre cooperação em matéria de defesa, que permitirá fortalecer o diálogo entre os dois países e abrir novas perspectivas de cooperação nesse campo, em bases equilibradas e mutuamente benéficas. O instrumento deverá ser assinado proximamente.

O acordo tem como objetivo aperfeiçoar a cobertura institucional para a cooperação bilateral já existente e futura em áreas como: a) visitas de delegações de alto nível, b) contatos em nível técnico, c) encontros entre instituições de defesa, d) troca de estudantes, instrutores e pessoal de treinamento, e) eventos de treinamento e aperfeiçoamento, f) visitas de navios, g) eventos esportivos e culturais, h) iniciativas comerciais relacionadas à defesa, e i) programas e projetos de tecnologia de defesa.

Seguindo o estabelecido pelo Art. 1.IV.c da Resolução adotada na II Reunião Extraordinária de Ministros das Relações Exteriores e da Defesa da União de Nações Sul-Americanas, realizada em Quito no último dia 27 de novembro, o presente acordo contém cláusula expressa de garantias que assegura respeito aos princípios de igualdade soberana dos Estados, de integridade e inviolabilidade territorial e de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados.

O texto aborda a cooperação em defesa com os EUA de forma equilibrada e genérica, seguindo o modelo de acordo de defesa que tem sido assinado pelo Brasil com diversos outros países e cujos textos estão disponíveis no sítio web http://www2.mre.gov.br/dai/home.htm. O Brasil já firmou um total de 28 acordos de cooperação em defesa e de 29 acordos e protocolos bilaterais em diversos domínios da cooperação militar, estando a maioria desses instrumentos já em vigor.

Para fins de transparência, todos os demais países-membros da UNASUL foram informados sobre a negociação do acordo Brasil-EUA de cooperação em matéria de defesa, bem como sobre os objetivos e as características do instrumento.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lula, o leviano

Com sua costumeira, reiterada e insuportável descompostura, Lula voltou a agredir nossos ouvidos e nossas consciências ao chamar de leviano o relatório de auditoria técnica do TCU que constatou e afirma que a distribuição de verbas feita pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, vinculada ao Ministério da Integração Social (MIS), não segue parâmetros técnicos, o que dá margem a desvios e uso político do dinheiro disponível para evitar tragédias. Como prova disso, diz o TCU, em 2008 e 2009 a Bahia recebeu daquela secretaria R$ 114,2 milhões (64,6 % do total do país) para os municípios baianos fazerem obras de contenção, sem qualquer histórico ou análise de risco justificáveis, enquanto, no mesmo período, o Estado do Rio recebeu apenas R$ 1,5 milhão (0,9 % do total do país).

Até pouco mais de uma semana o MIS era gerido por Geddel Vieira Lima, do PMDB, que se desincompatibilizou para ser candidato a governador sabem de onde? Da Bahia ... Este tipo de coincidência virou uma espécie de marca registrada do governo Lula e de sua base governista.

Em Nota à Imprensa datada de ontem (08/4), o TCU informa que a Auditoria Operacional na Secretaria Nacional da Defesa Civil foi realizada a pedido do Congresso Nacional e que, antes de serem submetidos ao seu Plenário, todos os fatos detetados foram levados ao conhecimento do Ministério da Integração Nacional para sua manifestação. O relatório da Auditoria está disponível online.

O relator dessa auditoria foi o Ministro Benjamin Zymler que, antes de ingressar no TCU em 1998 em concurso público de provas e títulos, foi durante 15 anos um brilhante engenheiro eletricista na Eletrobrás e  consultor, com quem tive o enorme prazer de conviver profissionalmente. O Benjamin é uma pessoa irrepreensível, sob qualquer aspecto, e chamá-lo de leviano para defender-se e defender uma figurinha carimbada como Geddel Lima só mesmo um desequilibrado sem qualquer senso de autocrítica como Lula.

Nosso presidente se sente canonizado pelos índices de popularidade, age como se papa fosse no seu vaticanozinho em Brasília, infalível e liberto para agir como um falastrão, que não contente e satisfeito em agredir o vernáculo e o país inteiro sai em caravanas rolidays pelo mundo afora, deitando falação e frequentemente nos expondo ao ridículo, como em sua inesquecível atuação em Cuba. Cáspite, que carma o nosso!!

Uma incursão nas entranhas da Igreja Católica

No momento em que a Igreja Católica é desnudada em público, revelando novas facetas de um prontuário que certamente deve deixar excitados nossos congressistas da máfia da ficha suja, nada mais oportuno e recomendável que ler "O Papa de Hitler -- A História Secreta de Pio XII", de John Cornwell, Ed. Imago, 1999.

Embora publicado há 11 anos, o livro continua atualíssimo, permitindo uma impiedosa e muito bem documentada incursão nas entranhas da Igreja Católica por vários papados, com ênfase na formação religiosa e, sobretudo, política de Eugenio Pacelli, o homem que foi eleito papa sob o nome de Pio XII. Desaconselhado para católicos pétreos e pessoas de aparelho digestivo frágil, esse livro mostra atos explícitos de antissemitismo, de manobras políticas de deixar Maquiavel exultante, e de profundo desprezo pelo ser humano (inclusive e, principalmente, os católicos). A história do sequestro de um menino judeu de 6 anos, Edgardo Mortara, pela polícia papal em Bolonha, em 1858, a mando do papa Pio IX é simplesmente de arrepiar, e inacreditável!

Com iniciativas e armações nada ortodoxas (dirão os vaticanistas que ortodoxas são as igrejas grega e russa ...) para imposição do Código do Direito Canônico (CDC), de 1917, do qual Eugenio Pacelli foi um dos principais artífices, os irmãos Pacelli (Francesco, mais velho, e Eugenio) tiveram papel preponderante na expansão do fascismo e do nazismo e, por via de consequência, para a eclosão da Segunda Grande Guerra. Francesco elaborou e negociou, pelo Vaticano, o Tratado de Latrão de 1929 entre a Santa Sé e Mussolini, e Eugenio foi o grande artífice da Concordata do Reich de 1933, entre a Santa Sé e Hitler. Esses dois importantes documentos tinham como objetivo comum a imposição do CDC  (com regras draconianas de ingerência papal e da Igreja no ensino religioso e na designação de padres e bispos, entre outros detalhes), através principalmente da mais estrita proibição de qualquer atividade política pelos católicos. Com isto, o Partido Popular, italiano, e o Partido do Centro, alemão, ambos católicos e de alta expressão política, quantitativa e qualitativamente, foram obrigados pelo Vaticano a sair da cena política, criando em cada país um enorme vácuo imediatamente aproveitado pelo fascismo e pelo nazismo, respectivamente.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O direito ao acesso a informações públicas

 O direito ao acesso a informações públicas é abordado no inciso 33 do artigo 5° da Constituição Federal de 1988, mas até hoje não foi ainda regulamentado: "Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado".
Constituição Federal, inciso 33 do artigo 5º (Dos Direitos e Garantias Fundamentais),


Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 219/03, do Deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que busca essa regulamentação, mas vem encontrando ferrenha reação de diplomatas e militares, com predomínio dos primeiros, que defendem o sigilo eterno para documentos em que são relatados negócios de Estado (quando o Brasil trata de maneira reservada com outros países). Há um artigo muito interessante de Fernando Rodrigues sobre este tema na Folha de S. Paulo de 24/3/10 com o título "Transparência em Risco/Opinião".


O projeto inicial da Câmara prevê o sigilo por 25 anos, renováveis por igual período, para os denominados documentos ultrassecretos. Pressionados pelo Itamaraty, os governistas defendem que esse prazo, para esses documentos, passe para 75 anos. O receio dos diplomatas é ver publicados documentos relativos à Guerra do Paraguai e às negociações para delimitação das fronteiras internacionais.


Segundo o artigo de Fernando Rodrigues, mais de 70 países já possuem sua lei de acesso a informações públicas, mas o Brasil continua fora desse grupo. O exemplo mais marcante desse tipo de acesso é o FoIA - Freedom of Information Act, dos EUA, uma lei de 1966.


O México é o único país latino-americano que possui um Instituto para esse fim, o IFAI - Instituto Federal de Acceso a la Información, órgão responsável pela aplicação da Lei da Transparência (considerada o equivalente mexicano ao FoIA americano), aprovada unanimemente pelo Congresso em abril de 2002 e implementada em junho de 2003.


O assunto é polêmico, mas as razões apresentadas por diplomatas (mais fortemente) e por militares são fortemente questionadas por aqueles que consideram que o Brasil precisa mostrar amadurecimento democrático também nessa questão do acesso a informações públicas. Está com o Congresso a chance de nos tornarmos mais transparentes em relação ao nosso passado.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Villa-Lobos com toque jazzístico

Um CD surpreendente, de alta qualidade, com obras de Villa-Lobos com olhar jazzístico: Bruce Henri & Villa's Voz (Delira Música - 2009), com um time da melhor qualidade: Bruce Henri (contrabaixo), Fernando Moraes (piano Yamaha), Ricardo Costa (bateria & percussão), Leo Ortiz (violino), Jessé Sadock (trumpete & flugelhorn), Jorge Pardo (solo de flauta) - David Ganc (naipe de flautas). Vale conferir!

Processo de canonização de João Paulo II pode ser afetado por escândalos sexuais em seu papado

Caem agora sobre o Papa João Paulo II seríssimas acusações de bloqueio de inquérito contra um cardeal pedófilo, promoção de figuras seniores da Igreja acusados de molestarem garotos, e acobertamento de inúmeros casos de abuso sexual durante seus 26 anos de papado. Tudo isso em pleno processo para sua canonização.

As acusações mais graves contra João Paulo II referem-se ao cardeal austríaco Hans Hermann Groer, seu amigo pessoal, que abusou de cerca de 2.000 garotos durante décadas e jamais sofreu qualquer sanção de Roma. [Ver John Paul "ignored abuse of 2,000 boys", no The Sunday Times de 04.4.10].

Continuam audaciosos os piratas somalianos

Demonstrando que continuam audaciosos e que, por enquanto, nada tem conseguido impedí-los em seus propósitos, os piratas da Somália sequestraram um navio-tanque sul-coreano de 300 mil ton, o Samho Dream, carregado de óleo cru e avaliado em US$ 170 milhões. A Coréia do Sul enviou imediatamente um destróier para inteceptá-los antes que cheguem a qualquer porto.

A recaptura do navio é considerada muito difícil e de alto risco, já que não se pode imaginar atacar com tiros uma embarcação em que o simples ato de fumar já é proibido. Pelo menos quatro navios sul-coreanos já foram sequestrados em anos recentes, e os piratas somalis já ganharam dezenas de milhões de dólares em resgates no ano passado.

Em um mundo conturbado por inúmeras guerras e guerrilhas, em alguns casos com sofisticadíssimos e mortíferos equipamentos militares de prevenção e ação, permanece incompreensível que ainda persista uma atividade criminosa cujos primeiros registros históricos remontariam ao século 13 AC!

domingo, 4 de abril de 2010

Igreja Católica irlandesa é criticada por líder espiritual anglicano na questão dos abusos sexuais

De maneira inusitadamente franca o Arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, líder espiritual mundial da Igreja Anglicana, afirmou ontem (sábado) que a Igreja Católica da Irlanda perdeu toda sua credibilidade por causa de sua resposta a um escândalo de abuso sexual infantil.

Essa declaração acentua o difícil relacionamento entre anglicanos e católicos, já estressado por uma oferta do Papa Bento XVI no ano passado de acolher adeptos tradicionalistas da Igreja Anglicana que, por exemplo, se opusessem à ordenação de mulheres. A programada visita do Papa à Grã-Bretanha em setembro deverá desenrolar-se em clima tenso. Ver mais detalhes no artigo Anglican leader says Catholic Church in Ireland has lost credibility  no Washington Post de hoje (04.4.10).

Nova frente de atrito EUA-China: o valor do yuan frente ao dólar

Os EUA estão indecisos quanto a medidas mais drásticas contra o que é considerado uma política de manipulação cambial da China com sua moeda, o yuan, em relação ao dólar e outras moedas. No entanto, cresce a pressão em setores do governo e do Congresso americanos para que se tomem medidas fortes contra a política cambial chinesa -- o yuan estaria artificialmente desvalorizado em 40% em relação ao dólar, o que favorece fortemente a China no comércio internacional, especialmente em relação aos EUA, o que estaria impedindo, entre outros aspectos, a recuperação/criação de empregos para os americanos.

Os chineses reagiram energicamente à hipótese de serem tachados de "manipuladores cambiais" e sofrerem sanções dos americanos por isso, argumentam que sua política cambial é assunto interno deles e que os EUA sairão perdendo se decidirem entrar em uma "guerra comercial". Vejam mais detalhes no artigo abaixo do Washington Post de hoje (04.4.10):

U.S. avoids Chinese currency battle

By Howard Schneider
The Obama administration postponed a decision Saturday on whether to brand China a currency manipulator, skirting a public confrontation by announcing plans to instead pursue broader discussions about how best to secure a global economic recovery.


sexta-feira, 2 de abril de 2010

As relações França - Israel já foram muito melhores

Interessante artigo do NYT sobre a deterioração das relações franco-israelenses a partir de 1967.

OPINION   | April 01, 2010
Op-Ed Contributor:  When Israel and France Broke Up
By GARY J. BASS
What the history of France and Israel's relationship can teach us today.

Obama se movimenta para impor sanções ao Irã

A AFP (Agence France-Presse) noticiou hoje que ontem (quinta-feira) Obama ligou do Air Force One para o presidente chinês, Hu Jintao, com quem conversou durante uma hora, convidando-o a juntar esforços com os EUA na pressão contra o programa nuclear iraniano.

A China se opôs na ONU a novas sanções contra o Irã, que enviou recentemente a Beijing seu principal negociador para assuntos nucleares para reiterar aos chineses que seu programa nuclear é pacífico. Esse negociador teria dito, após as conversações, que ambas as partes teriam concordado em que "as sanções teriam perdido sua razão de ser".

É com esse pano de fundo que Lula visitará Teerã em maio, com uma comitiva estimada em 90 empresários. Se Obama lograr êxito, as sanções se estenderão a empresas que negociem com o Irã, com ênfase também na área energética, e a  agências de financiamento que atuem em suporte a tais empresas. No caso do Brasil isto teria pelo menos dois endereços certos: Petrobras e BNDES.

Está chegando a hora da verdade para Lula e o Brasil com relação ao Irã, vamos ver se Lula e Celso Amorim são ou não uns fanfarrões e o que temos efetivamente a ganhar se decidirmos manter nossa posição contrária a sanções contra aquele país (se é que conseguiremos manter essa posição), caso a pressão americana prevaleça na ONU.

Mudanças no controle de visitantes ao entrar nos EUA

Os americanos estão ainda indecisos sobre como controlar e checar quem chega ao país.

U.S. changing the way air travelers are screened

By Anne E. Kornblut and Spencer S. Hsu
The Obama administration is abandoning its policy of using nationality alone to determine which U.S.-bound international air travelers should be subject to additional screening and will instead select passengers based on possible matches to intelligence information, including physical description...

Editorial do Le Monde sobre os atentados na Rússia

Vale ler o editorial de hoje do Le Monde  "Barbarie-répression, la spirale caucasienne", sobre os recentes atentados suicidas na Rússia e o histórico embate russo contra a independência da Chechênia e de outros enclaves islâmicos vizinhos.

O lado bom da crise: 11% a menos de gás carbônico em 2009 na Europa

Mais uma vez se confirma que toda crise tem seu lado positivo: em 2009 os países da Comunidade Européia (CE) emitiram 11% menos de gás carbônico devido à crise econômica, segundo dados estatísticos publicados ontem (Le Monde de hoje, 02.4.10). Outro fato positivo e interessante revelado é que essa queda foi maior que a queda do PIB da CE, o que indica uma melhora do mix energético europeu: menos carvão e mais gás e energias novas.

Esses dados estão ainda sob análise, para conclusões e ensinamentos mais aprofundados. Uma dessas conclusões, por ex., é que o preço da tonelada de CO2 no início deste ano na CE oscilava em torno de 13 euros, valor considerado insuficiente para estimular investimentos em equipamentos que economizem energia e reduzam as emissões.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Belo artigo sobre política externa e a visita de Hillary Clinton ao Brasil

Belo artigo de meu amigo Embaixador Mario A. Santos, diplomata aposentado.
logormarca do    monitor mercantil
               30/03/2010 - 20:03

Comentário:  Avaliação de um diplomata experiente.


A visita de Hillary Clinton ao Brasil

No início deste mês a secretária de Estado norte-americano, Hillary Clinton, veio ao Brasil em missão oficial para tratar de vários assuntos, dois dos quais, Irã e Honduras, prometiam ser difíceis. No entanto, segundo o noticiário, as reuniões da secretária de Estado transcorreram dentro da normalidade das relações entre Estados, isto é, houve convergências e divergências de posições, onde prevaleceu de parte a parte o respeito do ponto de vista do outro, mesmo contrariado.
A expectativa era de que não seria assim. Em final de fevereiro, esteve no Brasil o subsecretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, para preparar a visita da secretária de Estado. O visitante classificou como erro o Brasil não apoiar as sanções contra o Irã que os Estados Unidos procuram articular e deixou claro que seu chefe iria subir o tom no encontro com o presidente Lula e com o ministro Celso Amorim.
Na realidade, Valenzuela repetiu e, portanto, confirmou, as declarações da secretária de Estado em dezembro ultimo, quando ela reagiu à visita do presidente Ahmadinejad ao Brasil e a outros países, em novembro passado.
Em entrevista à imprensa em Washington, a Senhora Clinton disse que a aproximação da Bolívia e da Venezuela com o Irã era "uma péssima idéia" que poderia ter consequências. "Eles (Irã) são o principal apoiador, promotor e exportador de terrorismo hoje no mundo. Se as pessoas querem "flertar" com o Irã, elas deveriam pensar nas consequências. E esperamos que pensem duas vezes" (Reuters Brasil, em 11 de dezembro de 2009). A Senhora Hillary não mencionou o Brasil, mas ficou claro que o recado estava endereçado a nos também. Reagindo às declarações de Arturo Valenzuela, o presidente Lula, naquele momento em visita a El Salvador, endureceu a posição do Brasil quando declarou: "Eu vou visitar o Irã e não tenho de prestar contas a ninguém, a não ser ao povo brasileiro."
Portanto, quando a secretária de Estado aterrissou em Brasília este mês, sabia que uma mudança de posição do Brasil só poderia resultar de um processo decisório interno brasileiro, e não como consequência de pressão externa.
As declarações da secretária de Estado sobre a recepção do presidente Ahmadinejad pelos três países que visitou na América Latina foram particularmente severas. Qualquer funcionário responsável do serviço externo brasileiro teria de fazer forçosamente a leitura das declarações da secretária de Estado no contexto da Guerra contra o Terror declarada pelos Estados Unidos depois do 11 de Setembro, uma guerra difusa que é conduzida em qualquer lugar do mundo por quaisquer meios diretos e indiretos, limpos e sujos.
Estaria a secretária de Estado circunscrevendo o escopo de possíveis relacionamentos internacionais dos países latino-americanos, interditando-nos procurar aqueles países cujo regime Washington considera nocivo aos seus interesses e aos de Israel? Estariam os países latino-americanos proibidos de se meterem em assuntos que Washington considera sua reserva privada? Estaria ela proclamando uma Doutrina Hillary, do tipo "quem se relaciona com meu inimigo é meu inimigo também"? Seria essa advertência adendo à Doutrina Monroe e seu corolário roosveltiano?
Todas essas perguntas têm de ser levantadas nos conselhos internos do governo, embora custe acreditar que os Estados Unidos iriam deslanchar uma guerra surda contra o Governo Lula e sua política externa. Meios há para isso, no entanto, e no passado os Estados Unidos não hesitaram em tomar medidas contra os interesses do Brasil quando esses interferiram com os seus.
Basta lembrar o caso do embaixador Jose Mauricio Bustani, diretor da Organização das Nações Unidas para a Proibição de Armas Químicas (ONUPAQ). Ao iniciar seu segundo mandato, que terminaria em 2005, tendo sido reeleito por unanimidade com apoio dos Estados Unidos, o embaixador Bustani logo incorreu no desagrado de Washington quando entabulou negociações com o Iraque para sua adesão à ONUPAQ.
Se essas negociações tivessem tido êxito, inspetores da organização teriam pleno acesso ao arsenal de armas químicas iraquianas, mas tal eventualidade seria contra os interesses dos Estados Unidos, que alegavam que o Iraque tinha armas de destruição em massa e necessitavam manter de pé essa ficção para justificar a invasão daquele país.
Uma campanha feroz movida pelo então embaixador norte-americano na ONU, John Bolton, logrou que Bustani perdesse o cargo, algo inédito na historia de organizações das Nações Unidas. É claro que isso aconteceu durante o Governo Bush, e teve a anuência silenciosa do governo brasileiro da época.
Nem foi ela uma ação dirigida diretamente contra o Brasil, embora tivesse o Brasil trabalhado pela eleição de Bustani, mas visou a um diplomata brasileiro, que posteriormente teve ganho de causa junto ao Tribunal Administrativo da Organização Internacional do Trabalho, e ilustra bem que os Estados Unidos estão dispostos a atropelar qualquer convenção internacional para defender seus interesses.
Embora os planejadores de política externa de uma potência média como o Brasil sejam obrigados a sempre pensar nos desdobramentos negativos de qualquer iniciativa internacional que seu país pretende empreender, precisam também estar atentos a evoluções positivas no cenário internacional que possam abrir espaço para atuações proativas, não só sobre temas bilaterais como também sobre problemas crônicos que vêem incomodando continuamente a comunidade internacional.
O Governo Obama, relativamente ao seu antecessor, certamente contribui para tornar mais flexível o cenário internacional ao priorizar negociações e ver confrontação como recurso extremo. Esse novo contexto oferece ao Brasil a oportunidade de projetar uma política externa que melhor corresponde a sua dimensão econômica e a sua cultura.
Não se trata de uma política externa independente, como alguns a classificam, quando interpretam "independente" como contrariar os desejos dos Estados Unidos, mas independente em termos de expressão de uma visão especifica do mundo, movida pela vontade de contribuir para reduzir tensões que emperram as relações internacionais.
Penso que a secretária de Estado entendeu essa nova postura do Brasil, isto é, não a viu como um impulso infantil de contrariar os Estados Unidos, e, ao respeitá-la, mesmo discordando, reconheceu a maturidade política de seu proponente.
Infelizmente, a imprensa brasileira se dedica pouco à política internacional, preferindo, na maior parte das vezes reproduzir matéria divulgada pelas agencia internacionais. Ademais, está acostumada a uma política externa brasileira bem comportada, que adere automaticamente a boa opinião internacional, formada nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.
Há a necessidade de fazer um mínimo de distinção entre política interna e política externa. A grande imprensa brasileira estaria prestando excelente serviço à política externa do país se analisasse as iniciativas do Governo Lula não à luz da opinião internacional, mas em função de seus méritos (ou deméritos) intrínsecos.
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Mario A. Santos
Diplomata aposentado

Abusos sexuais: mais um depoimento contundente contra a Igreja Católica

Contundente depoimento da cantora e música irlandesa Sinnead O' Connor, mãe de 4 filhos, sobre os abusos sexuais da Igreja Católica na Irlanda!

Time to hear Pope Benedict's confession

By Sinead O'Connor
When I was a child, Ireland was a Catholic theocracy. If a bishop came walking down the street, people would move to make a path for him. If a bishop attended a national sporting event, the team would kneel to kiss his ring. If someone made a mistake, instead of saying, "Nobody's perfect," we sai...

Lula, o gaiato

Ao ler discurso na Conferência Nacional de Educação Lula voltou a ironizar as multas que recebeu da Justiça Eleitoral por fazer propaganda antecipada de sua candidata, Dilma Rousseff. Como sempre, ele o fez em estilo gaiato, gozador, como se fosse o presidente de um clube de bingo ou de bolinha de gude, e não o presidente do país. Ele se acha o máximo ao desdenhar o que é correto, ao fazer piadinhas com coisas sérias, e a posar de rei da cocada preta.

É uma pena que um fenômeno político dessa importância sinta tanto prazer e fascínio em ser um bufão!!

Abusos sexuais: a dúbia e insustentável posição da Igreja Católica

A Igreja Católica continua omissa, atarantada e evasiva com relação às inúmeras acusações de abusos sexuais e pedofilia praticados por padres em vários países. Sua preocupação máxima agora é preservar o atual Papa, já que começaram a surgir indícios preocupantes de que ele teria acobertado, por omissão e/ou leniência,  casos dessa natureza  na Alemanha enquanto Cardeal Ratzinger.

A reação do Vaticano às acusações do New York Times contra a Igreja e o Papa Bento XVI é bem ilustrativa da incômoda posição da Igreja Católica. A defesa da atuação do Papa foi feita pelo chefe da Congregação da Doutrina da Fé, Cardeal William J. Levada, em um texto de 2.400 palavras no website do Vaticano, mas seu resumo pode ser lido sob o título "Vatican Oficial Defends Pope's Handling of Case" no New York Times de hoje.

Os chineses investem em massa nos vinhos bordaleses

Para alegria dos franceses, os chineses estão investindo em massa nos vinhos bordaleses (Le Monde de hoje, 01.4.10) e estão chegando em hordas para as primeiras degustações da safra de 2009 desses vinhos. Os franceses estão considerando essa "invasão" como um "raio de sol", já que em 2009 as exportações mundiais desses vinhos cairam 14% em volume e 23% em valor.

Em 2009 os chineses praticamente dobraram suas importações dos bordeaux (um aumento de 97%), enquanto os americanos importaram 27% menos desses vinhos nesse mesmo ano.