sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Capas de revista inglesa sintetizam o estrago que o governo petista fez na economia e na imagem do país

[As duas capas abaixo da prestigiosa revista inglesa The Economist, a da esquerda de 12 de novembro de 2009 e a da direita de 28 de setembro de 2013 (o exemplar que foi agora para as bancas) mostram com singelo poder de síntese o enorme estrago que o governo petista -- com destaque disparado para a NPS (Nosso Pinóquio de Saias, Dilma) -- fez na economia e na imagem do país em apenas quatro anos. Três dos principais jornais do país -- O Estadão, a Folha de S. Paulo e O Globo -- deram repercussão à reportagem da The Economist que acaba de chegar às bancas. Como as abordagens dos três jornais são muito semelhantes, me fixarei na da Folha de S. Paulo. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Capas da revista 'The Economist' em 2009 e em outubro de 2013. Enquanto antes dizia que Brasil iria decolar, sentimento hoje é de pessimismo. - (Foto: Reprodução - Fonte: Folha de S. Paulo).

Se em 2009 a revista britânica "The Economist" sinalizava que a economia brasileira estava pronta para decolar, hoje o sentimento é de pessimismo. Naquele ano, a revista trazia na capa o Cristo Redentor na forma de um foguete, prestes a levantar voo, com o título "Brasil takes off" ("Brasil decola", em tradução livre). A nova edição, de outubro, e que deve ser publicada nesta quinta-feira (26), também mostra o Cristo, mas, desta vez, em trajetória de queda. A reportagem de capa, de 14 páginas, questiona "Has Brazil blown it?" ("O Brasil estragou tudo?", em tradução livre). 

Não é a primeira vez que a revista critica a economia brasileira.  Em junho, chamou de medíocre o desempenho da país desde 2011 e pediu, em tom irônico, para o ministro Guido Mantega permanecer no cargo. Em reportagem anterior, havia pedido sua saída. [Quando, na reportagem de 2009, a The Economist sugeriu a demissão de Mantega, a reação da NPS foi "Só quero me manifestar que em hipótese alguma o governo brasileiro eleito pelo voto direto vai ser influenciado pela opinião de uma revista que não seja brasileira" -- fiz então um apelo à Playboy, Turma da Mônica, Meu Nenê, Caras, Contigo, Vogue, etc, que solicitassem a demissão de Mantega. Ver essa postagem. Daí a ironia da reportagem de agora da revista inglesa, pedindo a permanência de Mantega na expectativa de que a NPS, por pirraça, o demita.]

Desde 2012 a publicação britânica já vem adotando tom mais cauteloso quando o assunto é o Brasil. As matérias dedicadas ao país chamam a atenção, entre outros fatos, a riscos políticos, elevados custos para fazer negócio e protecionismo no petróleo, o que afastaria investidores externos. 

Críticas

A matéria contrasta dois momentos bastantes discrepantes da economia brasileira. Primeiro, quando sinalizava um futuro bastante promissor ao registrar crescimento de 7,5% em 2010, o melhor desempenho em um quarto de século. Para aumentar a magia, o Brasil foi premiado tanto com a Copa do Mundo (2014) quando com as Olimpíadas (2016), diz a matéria. 

De 2010 para cá, porém, o que se viu foi um tranco. Em 2012, a economia cresceu 0,9%, bem abaixo do que foi visto em 2010. Além disso, em junho de 2013 milhares de pessoas foram às ruas para protestar do alto custo de vida, da má qualidade dos serviços públicos e da corrupção. Segundo a matéria, muitos já perderam a esperança de que o país decolou e que o crescimento passado foi apenas outro "voo de galinha" -- expressão usada para designar surtos econômicos de curta duração [ver postagem anterior]. 
Ainda segundo a reportagem, o Brasil fez poucas reformas durante os anos de boom econômico. Diz que o setor público brasileiro impõe um fardo particularmente pesado no setor privado.  A "Economist" ressalta que as empresas enfrentam o sistema tributário mais pesado do mundo, com impostos que chegam a 58% sobre a folha de pagamento e que o governo tem suas prioridades de gastos incoerentes. 

Infraestrutura

Quanto à infraestrutura nacional, diz que é ruim e o investimento, muito pequeno. "Gasta-se 1,5% do PIB em infraestrutura, contra uma média global de 3,8%", afirma a reportagem [ver postagem anterior]

Para a revista, os problemas do Brasil vêm se acumulando ao longo das gerações, e a presidente Dilma tem sido relutante ou incapaz de enfrentá-los, o que criou novos problemas justamente por interferir na economia -- mais do que o ex-presidente Lula."Ela assustou investidores estrangeiros em projetos de infraestrura", avalia [ver postagem anterior]. [A expressão exata e completa da revista foi: "Ela assustou investidores, afastando-os de projetos de infraestrutura, e solapou a reputação duramente conseguida pelo Brasil de retidão/integridade em macroeconomia ao pressionar publicamente, de maneira irritante e importuna, o presidente do Banco Central para reduxir as taxas de juros. Como consequência, essas taxas estão tendo que subir mais rapidamente do que poderiam fazê-lo de outra maneira, para conter a inflação que persiste. Em vez de admitir que falhou em suas metas fiscais, o governo recorreu a uma contabilidade criativa. A dívida pública bruta aumentou para 60-70% do PIB, dependendendo da definição -- e os mercados não confiam na Sra. Rousseff". -- A respeito da contabilidade "criativa" do governo da NPS, ver postagem anterior "O salão de beleza de Dona Dilma continua maquiando índices".]

"Dilma Fernández"

Para o Brasil se recuperar, precisa de reforma, diz a revista, sobretudo no que diz respeito aos impostos.  Destaca ainda que os impostos representam 36% do PIB, a maior proporção entre os emergentes, mas ao lado da Argentina. Nesse contexto, a matéria ironiza ao chamar a presidente de "Dilma Fernández", fazendo uma referência à presidente da Argentina Cristina Fernández Kirchner.

Também criticou o setor previdenciário brasileiro. Embora seja um país jovem, o Brasil gasta uma grande parcela da sua renda nacional com aposentadorias e pensões.  "O governo precisa remodelar o gasto público, especialmente pensões", afirma. [A revista comenta que nosso sistema de aposentadorias é "absurdamente generoso", afirmando que o brasileiro médio tem a expectativa de receber 70% de seu salário final aos 54 anos. Segundo a The Economist, o Brasil gasta com pensões uma parcela da receita nacional tão grande quanto a despendida pelos países do sul da Europa, onde a população de idosos é três vezes maior que a brasileira.]

[A reportagem da The Economist certamente provocou um derrame de bílis tsunâmico na NPS e, além de seus subordinados diretos, o país sofrerá com mais um destempero da nossa Dama de Ferrugem, que preferencialmente nos governa com o seu fígado.

É preciso registrar que apenas o Estadão reproduziu no final de sua reportagem o comentário elogioso da The Economist sobre certos aspectos positivos da economia brasileira: “Felizmente, o Brasil tem grandes vantagens. Graças aos seus agricultores e empresários eficientes, o País é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo”, diz o texto, lembrando que o País será um grande exportador de petróleo até 2020. The Economist elogia, ainda, a pesquisa em biotecnologia, ciência genética e tecnologia de gás e petróleo em águas profundas. Além disso, a revista lembra que, apesar dos protestos populares, o Brasil “não tem divisões sociais ou étnicas que mancham outras economias emergentes, como a Índia e a Turquia”.

Logo após ter falado na Assembleia-Geral da ONU, onde repetiu seu mantra contra a espionagem da NSA no Brasil, a NPS se reuniu em Nova Iorque com empresários e investidores estrangeiros em seminário sobre infraestrutura no Brasil, promovido pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação em parceria com o Jornal Metro e o banco Goldman Sachs. Com a cara de pau de sempre (a NPS é a maior consumidor individual de óleo de peroba do país, usando-o de manhã e à noite para lustrar e hidratar a pele do rosto) e sua sobejamente comprovada compulsão para mentir, ela "tentou atrair nesta quarta-feira (25) investidores internacionais para oportunidades de infraestrutura no País afirmando que o Brasil tem a tradição de cumprir contratos, programa claro e definido de concessões e vem criando as condições para formar uma mão de obra qualificada para suprir a demanda".

Em plena era da comunicação global, em que as notícias e as informações se propagam e se divulgam em tempo real, a NPS continua achando que a Terra é um planeta de ingênuos e idiotas -- tais como seus parceiros políticos e seus eleitores -- que não sabem do que se passa e acontece no Brasil sob seu governo. Insegurança jurídica e descaso com a educação (com a saúde pública, com o saneamento público, com o transporte público, com o transporte aéreo, com as rodovias, com as ferrovias, com o sistema aquaviário, com o sistema elétrico, o ioiô das concorrências e licitações públicas, o escambau a quatro) são marcas registradas de sua administração. E essa madame ainda se presta a esse papel ridículo, idiota, e deprimente para o país de mentir descaradamente para investidores estrangeiros.

A NPS (Nosso Pinóquio de Saias, Dilma) mentindo ao vivo e em cores a investidores estrangeiros em Nova Iorque. No telão está "The Brazil Infraestructure Opportunity". - (Foto: Leda Balbino/iG São Paulo).]



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