sábado, 23 de julho de 2016

Donald Trump: o candidato do apocalipse

[Traduzo a seguir o editorial do The Washington Post de 21 de julho. Ninguém de sã consciência pode ficar indiferente às eleições americanas, principalmente quando há o risco de se eleger um débil mental como Donal Trump. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Convenção do Partido Republicano que confirmou Donald Trump como candidato à presidência dos EUA - (Foto: Google - Obs.: esta foto não é do editorial do The Washington Post, cujas fotos não podem ser reproduzidas)

Estes são tempos de ansiedade na América. Apesar do firme, embora lento, crescimento da economia e da ausência de uma guerra relevante, as pessoas permanecem aflitas com um sentimento de baixo desempenho nacional e uma miríade de doenças sociais, mais recentemente com o surto de tiroteios fatais com cores raciais cometidos por agentes da lei e contra eles [sem de maneira nenhuma querer justificar uma intervenção militar americana ou outra qualquer onde quer que seja, não se pode considerar "irrelevante" a guerra civil na Síria, principal fonte do problema dos refugiados que convulsiona a Europa, na qual estão envolvidos, entre outros, os EUA, a Rússia e a França]. Uma recente pesquisa Gallup assinala que apenas 17% dos americanos se sentem satisfeitos com a maneira como as coisas caminham, a porcentagem mais baixa desde outubro de 2013 -- e abaixo 12 pontos apenas no mês passado. 

Para muitos, obviamente, um motivo de preocupação é Donald Trump, que aceitou na tarde desta quinta-feira sua candidatura pelo Partido Republicano à presidência americana. Beligerante e errático, Trump tem entretanto uma chance séria de ganhar em novembro. No seu discurso de aceitação da indicação, ele buscou aumentar suas chances políticas pela única maneira que conhece: inflamando a angústia e a ansiedade públicas, com o objetivo de explorá-las.

Trump tomou desafios reais e os reformulou em termos que foram não apenas exagerados, mas também apocalípticos. "Os ataques à nossa polícia e o terrorismo em nossas cidades ameaçam nosso próprio modo de viver", afirmou. Embora abordasse temas variando de segurança pública a imigração e comércio, as soluções propostas por Trump tinham todas uma mesma premissa: a maneira de superar dificuldades é pelo uso da força. Para empresas americanas que usam do direito de produzir no exterior, a administração Trump imporá "consequências" não especificadas. Um muro gigantesco bloqueará imigrantes e traficantes de drogas ao longo da fronteira com o México. Um esquema de "lei e ordem" -- uma velha metáfora usada por Richard Nixon e George Wallace que Trump tirou do esquecimento -- será restaurado.

Talvez politicamente eficazes por causa de sua simplicidade, as agora famiiares formulações de Trump falhariam como políticas de fato -- porque são simplistas. Não há perspectiva prática, por exemplo, de construir o muro que ele insistentemente defende; mesmo se construído, traficantes de drogas e outros poderiam afinal construir túneis sob ele. E, como sempre, em seu discurso de aceitação não acrescentou detalhes que pudessem qualquer pessoa do contrário.

Quanto a lei e ordem, o presidente tem no máximo influência indireta sobre as milhares de agências de execução da lei país afora. Para ser levada a sério, a afirmação de Trump de que "a segurança será restaurada" no dia da oficialização de sua candidatura implica uma vasta federalização de uma função tradicionalmente estadual e local, ao contrário da lei e costumes longamente vigentes -- sem mencionar a doutrina de governo reduzido/mínimo do Partido Republicano, que tão tola e hipocritamente atrelou seu vagão à estrela de Trump. Para comunidades tensas necessitando de um rigor sutilmente diferenciado que chefes de polícia como David O. Brown, de Dallas, têm aplicado com êxito, um presidente Trump projetaria uma atitude repressiva a partir da Casa Branca, desprotegida por um retalho de sensibilidade, racismo ou de outra maneira. O resultado seria menos segurança, nada além disso.

Trump começou seu discurso apresentando-se como o portador de uma verdade dolorosa mas necessária. Para muitos de seus ouvintes, suas palavras expressaram uma realidade emocional que é sentida profundamente. Há um medo real no país; há uma dor real. Mas, para abordar isso será necessária uma liderança de fato, não a do tipo desejoso e demagógico incorporado por Trump na quinta-feira à noite.


8 comentários:

  1. Vox Populi, Vox Dei.

    Qua as eleições dos EUA sejam limpas.

    Se Trump ganhar que tome posse.

    Se tomar posse que governe até o fim de seu mandato.

    Se o povo americano quer o apocalipse, é um direito do povo americano.

    Com certeza, depois desse suposto "apocalipse", surgirá algo melhor do que o status quo atual americano porque Vox Populi Vox Dei.

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  2. Recebido por email de Lindy:

    EU NÃO CHAMARIA O TRUMP DE DÉBIL MENTAL, VASCO!
    A GENTE NÃO ESTÁ TOTALMENTE AO PAR DOS MEANDROS DA POLITICALHA MUNDIAL, MAS SABEMOS QUE O obama É MELANCIA... É ISLÂMICO!
    SABEMOS QUE Hillary, IDEM!
    SE O MUNDO VAI PEGAR FOGO DE QUALQUER JEITO, EU FICARIA COM TRUMP!
    E COM O BOLSONARO!
    PRA VER O QUE SOBRARIA...
    ABRAÇOS,
    ANITA

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  3. OS GOVERNOS NUNCA SÃO AQUILO QUE SE DISSE NA CAMPANHA ELEITORAL.O que se abre com os Republicanos, se Trump é o presidente americano, é simplesmente um governo Republicano. Se os americanos querem retomar o Sonho da Democracia total, isso acontecerá. Se não há saída para a primeira potência mundial (USA) a não ser usar a força, usará.

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  4. Penso que ele é o Cacareco do americano.Não acredito que vão votar nele o suficiente para ganhar. Ele,se vencer, não vai fazer nada do que falou. Ninguém fica bilionário sem ter o pé no chão. Ele está mentindo como Dilma mentiu para se eleger.

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  5. Realmente uma incógnita. Ninguém se sã consciência pode esperar que alguém bilionário vai querer "tocar fogo no circo", aniquilando sua própria riqueza. Momento difícil para os Estados Unidos e o mundo, pois Hillary é muito fraquinha. Mas quem sabe, ela se elege e o marido governa...

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  6. Recebido de Iacilton B. Mattos:

    Coisa estranha. O que é bom para os americanos é bom pra nós. Não temos por que nos preocupar!

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  7. Recebido de Ronaldo Sérgio:

    Prezado amigo, bom dia! É inacreditável ler defesa de Trump e Bolsonaro. Triste!

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  8. Tão débil mental que ganhou falando o que quis, débil mental é vc que escreveu este lixo, e eu que li também.

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