sexta-feira, 8 de julho de 2016

Dentro de uma década os bancos de varejo não existirão mais

[Traduzo a seguir artigo de Thornsten Linz, do site Linkedln. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]



Há cerca de duas semanas, estava com alguns executivos de bancos num almoço na conferência da Singularity University's Exponential Finance em Nova Iorque, e discutimos tendências futuras no setor bancário de varejo. Com o andar da conversa, começamos a discutir o que acontece dentro de uma agência, porque é a face pública de tantas instituições financeiras.

Hoje, a banca de varejo passa por um período de incertezas. Alguns bancos, como o grupo Citi, falam de demissões e fechamento de agências, enquanto outros bancos estão dobrando a aposta e construindo novas agências. O esboço para as novas agências do Bank of America parece mais uma rede Starbucks, enquanto as plantas baixas para outras instituições se parecem mais com a ponte principal de comando da Starship Enterprise [outro nome para Enterprise ou USS Enterprise, nome de várias espaçonaves de ficção, algumas das quais são as naves e as locações principais para várias séries televisivas e filmes na franquia de ficção científica Star Trek].

Grandes bancos estão lançando agências futurísticas, para se nivelar com os últimos avanços tecnológicos, mas de acordo com especialistas em tecnologia financeira isso  é uma grande perda de tempo e dinheiro. Dentro de uma década, o modelo de agências bancárias de varejo não existirá mais. 

"O setor financeiro será o mais radicalmente afetado nos próximos 10 anos", disse Peter Diamandis, presidente-executivo e cofundador da Singularity University na conferência da Exponential Finance em Nova Iorque.

De acordo com especialistas, o perdedor mais óbvio estará no nível das agências bancárias. "A maioria das agências bancárias terá desaparecido ... nesta década", disse Diamandis.

Brett King, criador do aplicativo Moven para celulares, disse que o setor bancário sofrerá mais alterações nos próximos 10 anos do que nos últimos 300 anos. 


Por volta de 2020, pelo menos 66% da população mundial estará online, de acordo com uma estimativa conservadora da PHD Ventures. Isso significaria um adicional de 3 bilhões de consumidores globais. Diamandis acha que esse número será ainda maior -- tanto quanto 5 bilhões de novos consumidores -- como apoio de projetos de expansão da Internet como o Internet.org de Mark Zuckerberg e o projeto Loon do Google.

"Isso representa de 3 a 5 bilhões de novos consumidores não incluídos na economia global e agora entrando nela. Não entendo porquê as empresas de serviços financeiros não percebem isso", disse Diamandis. 

"Os maiores bancos do mundo em 2025 serão empresas de tecnologia, e os bancos que cresceram através de aquisições de agências nos anos 80 e 90, que cresceram com uma presença física, terão um autêntico problema. Eles podem ter que se livrar do negócio de varejo", disse Brett King. 

Uma grande razão para as fortes previsões sobre os destinos divergentes dos aplicativos bancários e as agências: há hoje mais de 8.000 empresas iniciantes (startups) de tecnologia financeiras apenas nos EUA, e provavelmente o dobro disso fora dos EUA. Há também mais investimento de capital de risco em tecnologia financeira do que investimento tradicional no setor bancário, na área de transformação bancária.

Entretanto, o pensamento quanto a grandes bancos é justamente o oposto: muitos bancos continuam a cometer o erro de gastar significativas somas de dinheiro em agências bancárias, que se parecem mais com lojas da Apple, achando que os clientes voltarão. "Não se trata de uma questão de design. Não se trata de agências que não são suficientemente bonitas. É um problema de comportamento, as pessoas simplesmente não precisam de agências, e esse declínio vais acelerar.

Em 2020, mais pessoas farão transações bancárias com seus celulares do que jamais fizeram antes, e isso está apenas cinco anos à frente. Tecnologias tais como inteligência artificial, robótica e blockchain [estrutura de dados que representa uma entrada de contabilidade financeira ou um registro de uma transação] farão isso mais conveniente para que os consumidores cuidem de seus negócios bancários do dia a dia. A hora para os grandes bancos satisfazerem as necessidades dos cliente é agora -- caso contrário, o negócio bancário como o conhecemos terá desaparecido.


2 comentários:

  1. Recebido de Moacir Paes por email em 11/7:

    Muito apropriado Vasco, pois cada dia vejo as agencias bancarias sendo esvaziadas, sem a necessidade de contatos com gerentes ou supervisores, pois se recebe em sua conta limites de creditos à revelia, sem pedido formal. Algumas agencias, como a minha, não atendem clientes de outras similares. Por conta da falta de contatos com os clientes, esses bancários,de nivel gerencial, não têm mais a embocadura dos antigos que, no mano a mano, eram consultores e ouvintes de problemas bancários e familiares. Ha dois anos, encerrei uma conta do meu condomínio na Caixa, pois, como disse a gerente geral que eles (todos gerentes e funcionários) eram "bancários burocratas públicos", não tinham jogo de cintura.Isso é devido a falta de contato pessoal para resolver problemas e dificuldades de seus clientes, como no passado. Agora, uma mudança dessa desenhada vai sobrar, no Brasil. para a legião de pessoas sem conhecimentos para lidar com informatica. As lotéricas atuais atendem mais pagamentos de contas diversas do que apostas.

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  2. Recebido por email de Amaury Frossard Ribeiro em 11/7:

    Essa notícia não me agrada.
    Apesar de adepto à tecnologia, tenho minhas restrições.
    Certos problemas podiam(podem) ser resolvidos com contato humano,
    talvez pela facilidade em equacioná-los devidamente. Com atendimento
    por secretária eletrônica (ou similar), alguma coisa fica pendente, por não
    se saber como expô-los em linguagem à qual estamos habituados.
    Sei que a evolução vai ignorar os problemas dos clientes, e que estes terão
    de se adequar aos novos rumos.
    Espero que as alterações demorem a acontecer.
    Ainda prefiro a letra impressa que não seja a do computador.
    Amaury Frossard Ribeiro

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