quarta-feira, 3 de julho de 2013

Irresponsável, prevaricador e abusado, presidente da Câmara usa avião da FAB para levar noiva e parentes ao Maracanã

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), usou um avião da Força Aérea Brasileira para levar a noiva, parentes dela, enteados e um filho ao jogo da seleção no Maracanã no domingo. Um jato C-99 da FAB foi buscar a turma em Natal, terra do deputado. Decolou às 19h30 de sexta-feira rumo ao Rio de Janeiro e retornou no domingo, às 23h, após o jogo.

Ao pedir o avião, Alves informou que 14 passageiros poderiam viajar. Pegaram carona com o deputado sete pessoas: sua noiva, Laurita Arruda, dois filhos e um irmão dela, o publicitário Arturo Arruda, com a mulher Larissa, além de um filho do presidente da Câmara. Um amigo de Arturo entrou no voo de volta. 

Todos aproveitaram para passear no Rio no sábado e, no dia seguinte, foram à final da Copa das Confederações, vencida pelo Brasil.

O deputado e seus convidados usaram cadeiras destinadas a torcedores, e não às autoridades. Eles postaram fotos em redes sociais de dentro do estádio. No Twitter, Alves comemorou: "BRASIL, seleção nota 10! E a torcida tb, nota 10! O campeão voltou!!"  Sua noiva também: "O campeão voltou... Rouquidão de hoje compensada". Se tivessem que pagar pela viagem de Natal ao Rio, ida e volta, cada passageiro gastaria pelo menos R$ 1,5 mil.

O decreto 4244/2002, que disciplina o uso de aviões da FAB por autoridades, diz que os jatos podem ser requisitados quando houver "motivo de segurança e emergência médica, em viagens a serviço e deslocamentos para o local de residência permanente". O decreto não diz quem pode ou não viajar acompanhando as autoridades.

Não constava na agenda de Alves, divulgada no site da Câmara, nenhum compromisso oficial no fim de semana. Ele disse, por meio da assessoria, que "solicitou" o avião porque tinha encontro com o prefeito Eduardo Paes (PMDB), no sábado. "Como havia disponibilidade de espaço na aeronave, familiares acompanharam o presidente em seu deslocamento", disse. A reunião não foi informada pela Câmara.

A assessoria de Paes enviou à Folha a agenda oficial dele no sábado. Não há menção a Alves. Os dois almoçaram num restaurante, junto com Aécio Neves (PSDB-MG).

[A notícia acima, além de uma bofetada na face os que estão pacificamente há dias nas ruas protestando contra políticos e partidos, contra a corrupção e pela moralidade pública, representa um ato moleque e irresponsável de quem acha que pode brincar com fogo impunemente. Pilantragem é inaceitável em qualquer hora e lugar, mormente por parte de quem preside uma das Casa do Congresso Nacional, mas fazer o que esse pigmeu cívico e moral fez, numa hora como esta, é querer ver o circo pegar fogo. Se o Ministério Público Federal fosse mais ágil e julgasse logo esse bilontra, talvez já estivéssemos livres de suas safadezas.]


Foto retirado de rede social, Arturo Filho e a mulher Larissa, passageiros do voo da FAB. Ele é irmão de Laurita Arruda, noiva de Henrique Eduardo Alves.

Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara dos Deputados, prevaricador, zomba dos protestos contra a corrupção e a bandalha. 

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Desmascarando a administração de Dona Dilma (16) -- Investimento da União em transporte fica abaixo da meta

[Um dos parâmetros clássicos de aferição da competência de um executivo ou de uma empresa é sua capacidade de investir o que lhe é disponibilizado para isso. Baixa execução orçamentária é, salvo motivo de força maior, sinal de incompetência. Nesse quesito, há 10 anos os governos petistas tornaram-se paradigmas em péssima gestão e em descumprimento de metas. A reportagem abaixo escancara que também no setor de transporte, e especialmente no governo da "mãe do PAC", a incompetência é inequívoca e expressiva. E, nessa última década, essa incompetência esteve acrescida de altíssimo nível de corrupçao, particularmente na área de transportes. Depois, neguinho faz cara de espanto e finge não entender por que esse povaréu está nas ruas.]

A previsão era que 2013 seria "o ano" para os investimentos públicos no setor de transportes. Depois de um desempenho anêmico em 2012, período contaminado pelos escândalos de corrupção deflagrados um ano antes, no que ficou conhecido como "a faxina dos Transportes", este ano deveria ser o momento da retomada. A pedido do Valor, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez um balanço do desempenho dos investimentos realizados pela União no primeiro semestre deste ano. O resultado é frustrante.

Os dados usados são fornecidos pelo governo, por meio do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do Tesouro Nacional. Entre janeiro e junho deste ano, o governo conseguiu executar somente 22,9% de tudo o que reservou para gastar com obras em rodovias neste ano. O orçamento autorizado para 2013 chega a R$ 13,092 bilhões, mas o valor efetivamente gasto pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) só chegou a R$ 2,995 bilhões no período.

O resultado é inferior ao desempenho verificado no mesmo período do ano passado, quando o governo conseguiu executar 23,5% do orçamento de R$ 13,745 bilhões. É preciso destacar que, dos desembolsos realizados neste ano, quase 90% referem-se a pagamento de despesas realizadas em anos anteriores, ou seja, somente 10% está relacionado a novas obras.

Marcha lenta - Desempenho de desembolsos em cada meio de transporte, em R$ bilhões (clique na imagem para ampliá-la) -- (Atenção: Favor considerar invertidas as cores da legenda do gráfico acima) - (Fonte: Valor Econômico).

A quitação de dívidas antigas também domina os pagamentos nas ferrovias da Valec. A estatal desembolsou R$ 679,4 milhões no primeiro semestre deste ano, o que equivale a 36% do valor total previsto para o ano. Desse montante, porém, quase 97% está atrelado a restos a pagar, ou seja, praticamente não houve desembolso de novas contratações.

"O que vemos claramente é que a expectativa que o governo tinha não se confirmou. Prometia-se uma forte execução pelas estatais neste ano, mas a realidade mostra cenário bem diferente", diz o coordenador de infraestrutura econômica do Ipea, Carlos Campos.

A situação não é diferente nos desembolsos para os portos e aeroportos ligados à União. Do ano passado para este ano, os recursos autorizados para os portos públicos e suas companhias docas saltaram de R$ 1,975 bilhão para R$ 2,388 bilhões. Por outro lado, a execução caiu de R$ 268,3 milhões verificados entre janeiro e junho de 2012, para apenas R$ 134,8 milhões neste ano, o que significa usar somente 5,6% de tudo o que está previsto para o ano. Na aviação civil, o orçamento anual manteve-se quase inalterado, com R$ 2,2 bilhões em caixa para investimentos, mas a execução, que chegou a 21,6% no primeiro semestre de 2012, caiu 12,7% neste ano.

Campos lista seis problemas que, historicamente, transformam o orçamento do Ministério dos Transportes em uma fantasia: ajustes frequentes de marcos regulatórios; projetos e contratos mal elaborados; intervenções do Tribunal de Contas da União (TCU); dificuldades com licenciamento ambiental; problemas com desapropriações e legislação complexa, que leva a constantes recursos à Justiça.

O pico dos gastos com transportes, apontam os dados do Siafi, ocorreu no último ano do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010, foram investidos R$ 17,5 bilhões para bancar obras de infraestrutura logística. Quando Lula assumiu o governo em 2003, Fernando Henrique Cardoso tinha desembolsado apenas R$ 5,3 bilhões para o setor no ano anterior.

Essa curva ascendente de investimentos, no entanto, é revertida a partir da gestão de Dilma Rousseff. Em 2011, o desembolso ficou em R$ 15,9 bilhões, caindo para R$ 12,8 bilhões no ano passado. O desempenho dos investimentos realizados neste primeiro semestre não dá espaço para uma perspectiva muito otimista para este ano, avalia o especialista do Ipea. "Não vemos perspectivas de mudanças no curto prazo. Tudo indica que 2013 vai repetir o desempenho do ano passado", afirma Campos. [E é essa Dona Dilma que o NPA vendeu ao país como uma grande gestora!]

Do lado do setor privado, os investimentos em transporte têm apresentado crescimento constante desde 2009, chegando a R$ 12,2 bilhões no ano passado. "Isso significa que, por ano, o Brasil tem alocado um total de R$ 25 bilhões em infraestrutura logística. É pouco, perto do necessário", diz Campos. "A Empresa de Planejamento e Logística (EPL) tem afirmado que é necessário investir R$ 100 bilhões por ano para recuperar a malha do país", diz Campos.

Segundo o coordenador do Ipea, o Brasil tem investido 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor de transportes, enquanto os demais países do grupo dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) gastam, em média, entre 3,2% e 3,4% do PIB na melhoria logística. As novas concessões de rodovias, ferrovias e aeroportos para o setor privado poderão elevar os investimentos em transportes em 2014, avalia o Ipea, com possibilidade de chegar a R$ 44,5 bilhões. "Ainda ficaríamos numa média de 1% do PIB. Isso demonstra como ainda temos que caminhar nessa área".

"Caso Varig" e correção da poupança em planos econômicos, dois julgamentos envolvendo bilhões na pauta do STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, pretende levar dois casos envolvendo planos econômicos para serem julgados pelo plenário da Corte neste segundo semestre.

O primeiro é uma das maiores questões em termos financeiros na pauta do STF: os processos que tratam da correção das poupanças nos planos econômicos. O resultado desse julgamento pode causar um impacto bilionário no caixa de bancos públicos e privados. Nele, os ministros terão de dizer se os índices de correção nos planos Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2 foram corretamente aplicados aos correntistas.

Se o STF concluir que houve expurgos ou pagamentos feitos em valores menores do que as pessoas tinham direito, os bancos públicos e privados terão de fazer correções. Segundo estimativas do Banco Central, se os planos forem considerados inconstitucionais, os bancos podem perder entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões.

O outro julgamento envolvendo planos econômicos é o chamado "caso Varig". A companhia ingressou com ação, em 1993, pedindo indenização ao governo por causa do período em que as tarifas aéreas foram congeladas, durante os planos editados entre outubro de 1985 e janeiro de 1992. Estimativas do processo indicam que a indenização pode superar R$ 6 bilhões. Boa parte desse valor seria encaminhada aos pensionistas da companhia.

Em maio, a relatora do processo, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, votou a favor do pagamento de indenização para a empresa aérea, ressaltando, porém, que o governo não é culpado pela edição dos planos. Ao fazê-lo, Cármen Lúcia evitou abrir brechas para que o governo seja considerado como responsável direto por perdas de empresas em outros setores da economia.

Após o voto da relatora, Barbosa pediu vista. Agora, o ministro pretende levar o seu voto ao plenário, a partir de agosto, e vai estudar, ao longo do recesso, qual a melhor data para fazê-lo.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma geração perdida, os jovens desempregados da Europa

[O texto traduzido abaixo foi publicado em 27/6 no jornal inglês The Independent. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Cada um dos 5,6 milhões de jovens europeus desempregados tem uma história diferente para contar. Alguns têm educação universitária e são sobrequalificados para os empregos que estão buscando. Outros deixaram a escola cedo para fazer dinheiro nos tempos das vacas gordas, apenas para perder tudo quando veio a crise.

Chefes de Estado da União Europeia (UE), reunidos hoje [lembrar que o artigo é do dia 27/6] e amanhã em Bruxelas colocaram o desemprego dos jovens no topo da agenda, pois as estatísticas a respeito são as piores já registradas. Em abril, perto de um quarto das pessoas abaixo de 25 anos à procura de trabalho na Europa estava desempregado. Na Grécia isso atinge mais de 60%; na Espanha, 56%.

A menos que essas cifras sombrias sejam logo revertidas, especialistas alertam sobre uma "geração perdida", presa numa espiral de pobreza e exclusão. Isso pode levar a um aprofundamento da intranquilidade social, do extremismo político, e da possibilidade de que fracassem as políticas destinadas a tornar coesa a Europa através da união monetária."Uma geração está crescendo desempregada, qual será sua postura com relação à Europa, em relação à solidariedade europeia?", perguntou Nils Muižnieks, Comissário de Direitos Humanos para o Conselho da Europa, uma instituição independente de defesa dos direitos humanos. "Tenho a sensação de que não será a geração mais voltada ou sensibilizada para a Europa, e esse será o preço que pagaremos por negligenciar esse tema".

No geral, 11% da força de trabalho da UE estão desempregados, enquanto a recessão e as medidas de austeridade vigentes provocam o fechamento de empresas e negócios. Os jovens estão sendo duramente atingidos, já que os trabalhadores que se aposentam não são substituídos e eles, os jovens, são geralmente os primeiros a serem demitidos.

No centro do debate está o que os líderes da UE podem realmente conseguir, quando o continente permanece atolado na recessão. Lásló Andor, o Comissário da UE para emprego, questões sociais e inclusão, disse que as nações mais ricas deveriam ajudar na recuperação das nações mais pobres. "Há nitidamente uma necessidade de mais solidariedade na Europa -- a geração jovem precisa disso e merece isso", disse ele ao The Independent antes da reunião de Bruxelas.

Mas, a chanceler alemã Angela Merkel deixou claro que não era favorável a um aumento de financiamento ou de recursos financeiros.  "O governo alemão insiste em que os problemas da Europa têm que ser atacados pela raiz e resolvidos passo a passo", ela disse ao Parlamento alemão. [Até onde a Alemanha pretende levar essa posição intransigente e insensível?!]

Uma minuta inicial das conclusões da reunião [de Bruxelas] pede para que se apresse a implementação de um esquema que garanta aos jovens acesso a educação ou treinamento dentro de quatro meses após perder um emprego ou deixar a escola. Ela advoga também uma reforma do mercado de trabalho e das políticas trabalhistas para ajudar as pessoas a se deslocarem para encontrar emprego. Espera-se que cerca de 6 bilhões de euros do próximo orçamento sejam mobilizados para esquemas de ataque ao problema do desemprego entre os jovens.

Entretanto, pleitos anteriores surgiram e se foram, e as figuras do desemprego continuam a subir. "Temos que resolver a crise financeira subjacente e retornar ao crescimento sustentável", disse Andor. "Sem isso, todas as iniciativas gerarão apenas um alívio temporário".

Enquanto há sinais de que alguns países estão beirando a recuperação, os dados de crescimento através da Europa continuam desapontadores. A desesperança toma assento, e já há sinais do que o desespero e a alienação podem gerar. Na Grécia, extremistas neonazista conseguem um apoio recorde. Os motins na Suécia no início do ano foram parcialmente atribuídos a perspectivas miseráveis de emprego para os jovens. Movimentos de independência estão crescendo e muitos jovens, cansados e irritados com as principais correntes políticas existentes estão se voltando para partidos menores, de protesto.

"Se há uma crise, as pessoas podem começar a desconfiar de seus líderes nacionais e a se dirigir para a UE em busca de soluções. Mas, depois de um momento, a confiança na UE pode também decair", disse Andor. "Estamos agora nessa segunda fase. A resposta é parcialmente por comunicações melhores, mais o mais relevante é que as políticas precisam também ser mais convincentes".

Entretanto, muitos economistas e ativistas sociais sentem que são exatamente as políticas para um crescimento de início rápido prescritas pela UE e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) as responsáveis pelo sofrimento existente. "Esperamos que os líderes da UE no Conselho Europeu se movam para além da austeridade e estimulem um novo crescimento e novos empregos", disse Patrick Itscher, vice secretário-geral da união comercial ETUC [sigla inglesa para Confederação Europeia das Uniões de Comércio]. "Os líderes políticos europeus carecem da coragem política de reconhecer os erros cometidos nos últimos anos e corrigir seu rumo".

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Após meses de negociações, autoridades do Parlamento Europeu e dos estados membros da UE chegaram a um acordo ontem [27/6] sobre um orçamento gradualmente reduzido para os próximos sete anos. O orçamento de US$ 960 bilhões para o período 2014-2020 marca os primeiros cortes de despesas na história da UE, e foi discutido e negociado em uma reunião em fevereiro, quando David Cameron e outros lutaram pelo corte de gastos [o jornal  cometeu um engano, o valor do orçamento mencionado é em euros e não em dólares]. Entretanto, o parlamento se recusou a ratificar o orçamento, argumentando pela necessidade de mais flexibilidade para aumentar gastos se as economias melhorassem, pela capacidade de realocar fundos não gastos e por um reforço nas verbas para atacar o desemprego.



BNDES e Caixa têm maior exposição aos problemas do grupo EBX, diz BofA

[O grupo EBX continua derretendo e com ele vai sumindo um montão de dinheiro nosso, que o governo incompetente e irresponsável de Dona Dilma resolveu concentrar nessas empresas via BNDES e Caixa Econômica Federal. Os bastidores das conexões entre Eike, o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) e Dilma estão contados em outra postagem.  O rombo que essa degringolada do grupo EBX pode causar aos bancos estatais e aos nossos bolsos não é coisa pequena, como nos relata a informação abaixo divulgada ontem pela agência informativa Reuters.  É esse mesmo governo que privilegia certos setores e certos empresários da nossa economia com critérios nunca transparentes e via de regra incompetentes, que faz nossos ouvidos de receptáculo indevido de hipocrisias e mentiras.]

Os bancos estatais Caixa Econômica Federal e BNDES são os mais expostos à dívida do grupo EBX, disse o Bank of America Merrill Lynch nesta segunda-feira, enquanto investidores avaliam os riscos decorrentes de anos de grandes empréstimos contraídos pelo conglomerado mineiro e energético do bilionário Eike Batista.  Apesar de dados limitados sobre a exposição a empréstimos do grupo, o risco está concentrado em alguns dos maiores bancos do país, disseram em um relatório analistas liderados por Alessandro Arlant. As ações das empresas do grupo EBX afundaram nesta segunda-feira depois que a empresa de petróleo OGX declarou inviáveis vários projetos.

Os analistas concluíram que a exposição está concentrada em cinco bancos brasileiros, a começar pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e a Caixa Econômica Federal, seguidos dos bancos privados Bradesco SA, Itaú Unibanco e grupo BTG Pactual SA, disseram Arlant e seu time de analistas.

Enquanto Arlant estima que os empréstimos concedidos por esses cinco bancos ao grupo EBX chegam a 9,42 bilhões de reais, o número pode estar subestimado por conta da falta de divulgação dos dados e dificuldades em avaliar quanto dessa exposição tem garantia colateral. Uma porta-voz do Bradesco não quis comentar o relatório do BofA. Uma porta-voz do BNDES não comentou e alegou que alguns contratos com clientes estão sujeitos ao sigilo bancário. Assessores de imprensa do Itaú, Caixa e BTG Pactual não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

Prejuízo colateral

Por anos, Eike Batista deu ações de suas companhias como garantia colateral de empréstimos tomados para construir plataformas de petróleo, desenvolver poços e explorar minério de ferro. Nos últimos meses, contudo, o bilionário mudou de rumo e passou a vender ativos e pagar dívidas para reduzir exigências de garantias colaterais.  No fim do ano passado, as seis companhias de Eike negociadas em bolsa tinham uma dívida líquida total de cerca de 15 bilhões de reais, de acordo com dados da Thomson Reuters. [Ver postagem anterior sobre as dívidas do grupo EBX.]

De acordo com os analistas, o BNDES tinha de longe a maior exposição à dívida do EBX no final de março --um total de 4,9 bilhões de reais, representando 5,8 por cento do capital exigido do banco. O BNDES é a principal fonte de recursos de longo prazo para as empresas brasileiras. 

A exposição da Caixa à dívida do grupo EBX era de 1,4 bilhão de reais, ou 3,4 por cento do capital exigido do banco, principalmente à empresa de construção naval do grupo OSX Brasil SA, disse o relatório. O Bradesco emprestou 1,25 bilhão de reais e o Itaú 1,24 bilhão de reais de acordo com dados relativos ao primeiro trimestre, representando 1,3 por cento e 1,4 por cento do capital exigido, respectivamente. 

No caso do BTG Pactual, o banco de investimento controlado pelo bilionário André Esteves, a exposição foi estimada em 649 milhões de reais, principalmente à MPX Energia SA, disse o relatório.  "No entanto, dado o seu tamanho menor em relação aos grandes bancos comerciais, a exposição do BTG era equivalente a 4,3 por cento do total do capital exigido", escreveram Arlant e sua equipe em relatório.

Cinco das seis empresas negociadas em bolsa do grupo EBX perderam mais de 90 por cento de seu valor comparado às máximas, e os bônus da OGX, que foi por anos a principal unidade do grupo EBX, estão sendo negociados a cerca de 20 centavos por dólar.

Eike Batista, um dos mais bem sucedidos empresários brasileiros durante a década de boom das commodities, viu sua fortuna encolher de 30 bilhões para 10 bilhões de dólares este ano. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A ausência de Dona Dilma abrilhantou a festa de encerramento da Copa das Confederações, mas foi uma grosseria e uma atitude antidemocrática

É nas adversidades que se vê, se conhece e se confirma a firmeza de caráter das pessoas.  Na política, essa hora da verdade se dá quando se tem o rugido do povo nas ruas, defendendo pacificamente seus direitos e protestando contra as mazelas que o castigam e infernizam. Esse ruído é maravilhosamente assustador. Os frouxos e ocos não sabem lidar com ele, não o suportam e se apavoram.

Ontem, no Maracanã, nossa ex-guerrilheira Dona Dilma, que vive se gabando de ter lutado pela democracia e ter sofrido por isso, demonstrou mais uma vez sua covardia cívica e sua falta de educação. Não teve peito de ir ao estádio e de cumprir pelo menos seu papel de anfitriã, no encerramento de um evento internacional transmitido para o mundo. As vaias ensurdecedoras que levou na cerimônia de abertura da Copa das Confederações deixaram-na irritadíssima e apavorada.

Nossa Dama de Ferrugem é arrogante, autoritária, abusada e grosseira com seus subordinados diretos, mas se apavora com a voz do povo. Já tivemos um presidente que preferia cheiro de cavalo ao cheiro do povo. Agora temos uma presidente que só se satisfaz e se delicia com a voz dos bajuladores, dos sabujos, dos subservientes ou com a mudez e o silêncio apavorados dos que ela agride e espezinha. É uma democrata de araque, de fachada, politicamente mal formada, a personificação de um engodo. É um blefe. Ela é o retrato requintado da mentalidade política e civicamente rasteira, miúda, mesquinha, desvirtuada e abastardada do animal (político & etc) parturiente que a trouxe ao mundo, o NPA (Nosso Pinbóquio Acrobata, Lula). 

Acho a Fifa e seu ditadorzinho mequetrefe Joseph Blatter figuras bizarras e lamentáveis de um globalismo safado, que nos impuseram absurdos que nem o NPA nem nossa valentona guerrilheira tiveram peito de frear. Mas, o povo brasileiro e os espectadores do resto do mundo merecem respeito e não podem ser agredidos gratuitamente por uma presidente bronca, incivil e descortês que se recusa a cumprir um protocolo de anfitriã de uma competição internacional porque seu fígado assume o lugar do cérebro em decisões relevantes.

EUA aprovam o primeiro tratamento não hormonal para as ondas de calor na menopausa

[A notícia abaixo foi publicada no dia 27 no jornal espanhol El País. Usei também informações do site da FDA.]

A agência para alimentos e medicamentos dos EUA (FDA, na sigla inglesa)  aprovou o primeiro medicamento não hormonal para tratar as ondas de calor da menopausa, possibilitando uma nova alternativa de tratamento para milhões de mulheres. As ondas de calor afetam 75% da população feminina durante o climatério e podem permanecer por até cinco anos, ou mesmo mais tempo em algumas mulheres. Trazem consigo uma relevante piora da qualidade de vida, segundo um relatório recente da OMS - Organização Mundial da Saúde. Embora não apresentem risco à vida, seus sintomas podem ser muito incômodos, provocando perturbação do sono, desconforto e constrangimento.

O medicamento, desenvolvido pela Noven Pharmaceutical, será vendido sob o nome de Brisdelle e contém uma dose baixa de um antidepressivo composto de paroxetina -- inibidor seletivo da serotonina (neurotransmissor que se encontra em várias regiões do sistema nervoso central e que tem muito a ver com o estado de ânimo).

"Existe um número significativo de mulheres que sofrem ondas de calor durante a menopausa e que não podem tomar hormônios, ou não querem tomar medicamentos que os contêm", esclarece em um comunicado Hylton Joffe, diretor das áreas de ossos, reprodução e urologia da FDA. As ondas de calor se caracterizam pela sensação de calor no rosto, pescoço ou peito.

A menopausa é uma mudança normal na vida da mulher que se produz com a perda permanente de menstruação, e normalmente aparece entre os 45 e os 55 anos (ainda que possa se antecipar por razões genéticas ou cirúrgicas) e quando a mulher não tem seu período durante pelo menos 12 meses seguidos. O termo menopausa vem do grego mēn (mês) e paûsis (interrupção, pausa) - numa clara referência à interrupção do ciclo menstrual.  Sua principal consequência é que o corpo da mulher começa a produzir menos estrogênio e progesterona -- ambos estes hormônios têm relação com o processo reprodutivo da mulher. Nos EUA, a idade média feminina em que ela ocorre é 51 anos.

De acordo com o Censo dos EUA, há cerca de 40 milhões de mulheres a ponto de ter a menopausa ou na fase inicial dela. Normalmente, além das ondas de calor a mulher experimenta suores noturnos ou problemas de sono que lhe dão a sensação de cansaço, estresse ou tensão. De um ponto de vista mais físico, ocorrem também alterações nos órgãos femininos e os ossos se debilitam.

Até agora, os medicamentos aprovados pela FDA continham estrogênio ou uma mistura de estrogênio e progesterona. No passado, a terapia normal padrão consistia na reposição dos hormônios que o corpo não produzia por si mesmo. Esse tipo de tratamento começou a declinar drasticamente nos EUA em 2002, quando uma grande quantidade de estudos mostrou que isso aumentava o risco de ocorrer doenças cardíacas e câncer de mama. Muitas mulheres começaram a buscar outras alternativas "mais saudáveis", e optaram por terapias naturais.

A decisão tomada pela FDA foi uma surpresa para os especialistas, depois que no mês de março passado um Comitê da Agência concluíra -- com 10 votos contra e 4 a favor -- que esse tipo de medicamento não era suficientemente eficaz. Apesar desse resultado a agência não se deixou levar pela decisão de seus especialistas, algo muito raro quando um medicamento recebe uma votação tão negativa. O Comitê assinalou que era necessário encontrar um tratamento sem hormônios eficaz, e que o Brisdelle era minimamente ativo/eficiente.

A FDA não deu explicações sobre sua decisão, mas avalizou sua aprovação com dois estudos que concluíam que as mulheres que haviam usado esse medicamento sofriam menos ondas de calor que aquelas que haviam sido submetidas a um placebo -- fármaco ou procedimento inerte, não relacionado ao medicamento em questão.  Ambos os estudos foram aleatórios, e foram analisadas 1.175 mulheres que sofriam ondas de calor de moderadas a graves (um mínimo de 7 a 8 por dia, ou 50 a 60 por semana).  O período de estudo foi de 12 semanas em um caso e de 24 semanas no outro. Segundo a FDA, não se sabe como o Brisdelle reduz esses sintomas.

As mulheres que tomaram o medicamento tiveram em média seis episódios de ondas de calor a menos, em comparação aos quatro a menos de média das pacientes submetidas ao placebo. Ainda que estatisticamente essa diferença fosse significativa, o Comitê da FDA alegou que essa diferença não seria tanta entre mulheres na menopausa.

Os efeitos colaterais mais comuns do Brisdelle foram dor de cabeça, fadiga e náuseas/vômitos. Esse medicamento contém 7,5 mg de paroxetina e a dose receitada é de uma vez por dia, na hora de dormir. Outros medicamentos, como o Paxil e o Pexeva, contêm doses mais elevadas de paroxetina e são aprovados para o tratamento de condições relevantes de transtorno depressivo, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de pânico e transtorno generalizado de ansiedade. Todos os medicamentos aprovados para o tratamento de depressão, incluindo Paxil e Pexeva, trazem um alerta na bula sobre risco aumentado de suicídio em crianças e adultos jovens. Como o Brisdelle contém o mesmo princípio ativo do Paxil e do Pexeva, um alerta sobre risco de suicídio é colocado em sua bula.

Alertas adicionais na bula incluem uma possível redução da eficácia do tamoxifeno se ambos os medicamentos forem usados em conjunto, um risco aumentado de hemorragia, e um risco de desenvolver a síndrome de seratonina (sinais e sintomas podem incluir confusão, aceleração do batimento cardíaco e pressão arterial alta). O Brisdelle será distribuído com um Guia de Medicação, que fornece ao paciente as informações mais importantes sobre o medicamento. O Guia de Medicação será entregue às pacientes cada vez que sua receita for renovada. [Para exemplos de Guia de Medicação -- Medication Guide --   veja  site da FDA.  Tenho sérias dúvidas de que tal procedimento seja seguido no Brasil, se e quando esse remédio for aqui comercializado.]

A fabricante do Brisdelle, a Noven, sediada em Miami, informou em comunicado que o medicamento estará disponível em novembro, embora sem informar seu preço. Segundo o diretor médico da empresa, Joel Lippman, existem hoje nos EUA 24 milhões de mulheres que sofrem ondas de calor de forma moderada ou grave, e que "dois terços delas não estão sendo tratadas".