quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Aos 10 anos, Windows XP deixa de ser o sistema mais popular

Em outubro, mesmo mês em que completou dez anos, o Windows XP finalmente foi destronado do posto de sistema operacional mais popular do mundo, cedendo o lugar para o Windows 7. Em outubro, o XP caiu para 38,6%, ante 40,2% do Windows 7, segundo a empresa de estatísticas StatCounter. O Windows 7 havia superado o XP no Brasil em setembro, com 46,7% ante 46,1%. No mês seguinte, chegou a 48,3%, contra 44% do XP.

A longevidade do XP se explica em parte pelo fracasso de seu sucessor, o Vista, pesado e problemático demais. 

Diante da ameaça do gratuito Linux na então emergente categoria de netbooks, a Microsoft estendeu a vida útil do XP e passou a cobrar apenas US$ 15 dos fabricantes por ele. Foi só com o lançamento do Windows 7, em 2009, e com a chegada do iPad, no ano seguinte, que o XP começou a declinar. A Microsoft abandonou o sistema de 2001 gradativamente --a versão mais recente do Internet Explorer, por exemplo, não funciona nele.

Se você ainda usa o Windows XP, deve considerar a migração. "Num período curto de tempo, o XP ficará completamente abandonado, e falhas enormes descobertas por desenvolvedores de malware nunca serão consertadas", diz Eric Z. Goodnight, do site How-To Geek

Clique na imagem para aumentá-la (Fonte: Editoria de Arte/Folhapress).

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A guinada dramática de Atenas

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, pegou a União Europeia (UE) de surpresa e convocou um referendo para consultar a população de seu país sobre o pacote de resgate para a Grécia, justo depois que a UE fez um esforço enorme para chegar a essa solução. E isso põe em risco a própria existência da União.

Com o referendo, Papandreou pretende ganhar legitimidade interna e poder de negociação frente aos sócios europeus. Mas, o faz à custa de por em risco o incipiente acordo da UE e de romper sua maioria parlamentar. Se sua aposta acabar em blefe, a Grécia pode ver-se destinada a quebrar e sair da zona do euro.

O que é questionado pelo referendo? -- Na quinta-feira passada, às 5 h da manhã, os líderes europeus anunciaram com todas as fanfarras uma "solução integral definitiva" para a Grécia. Os mercados recebem as medidas com fortes aumentos. Apesar disso, Papandreou dá uma guinada dramática ao anunciar um referendo sobre os pactos de Bruxelas, que não apenas questiona a "solução definitiva" para a Grécia mas põe em xeque o pacote completo: a recapitalização dos bancos, o fundo de resgate (EFSF, em inglês), e o perdão de parte da dívida da Grécia pactuado com os bancos.  Tudo isso era consequência da crise grega. Tudo isso está intimamente relacionado: o perdão para a Grécia exige um nível determinado de recapitalização, e um determinado porte de fundo de resgate para evitar o contágio da Espanha e da Itália. Tudo isso está em perigo, se o resgate da Grécia recer um "não" em dezembro próximo, o que poderia supor uma saída [da Grécia] do euro e uma suspensão de pagamentos desordenada.

Quais são os motivos de Papandreou? -- O mais imediato é a busca de legitimidade interna: os sucessivos planos de austeridade impostos pela UE e pelo FMI reduziram sua credibilidade e seu apoio nas ruas. As greves e as manifestações, às vezes violentas, estão na ordem do dia. Com o referendo, Papandreou se legitima, ainda que não lhe vá ser fácil -- 60% dos gregos viam o acordo de Bruxelas como "negativo", segundo uma pesquisa publicada no sábado. Nessa mesma pesquisa, mais de 70% manifestavam confiança em seguir na zona do euro. E é essa alternativa de soluções que o primeiro-ministro grego vai explorar: um resultado positivo o blindaria contra a oposição, que já pede eleições antecipadas. E, talvez o que é ainda mais importante, [o blindaria] contra seu próprio partido. A equipe do ministro da Economia e homem forte do Pasok, Evangélos Venizélos, deixou escapar que não sabia de nada da proposta de referendo até seu anúncio por Papandreou. Vários parlamentares ameaçam deixar o grupo socialista e sabotar, inclusive, a moção de confiança que deve ser votada nesta quinta-feira. Por último, Papandreou pretende ganhar poder de negociação ante seus sócios europeus. O plano de resgate não está fechado: ainda há o que negociar, e tanto a chanceler Angela Merkel como outros líderes europeus querem novas medidas de austeridade da Grécia. Um excesso de pressão irritará ainda mais o povo grego. O referendo funciona, assim, como uma aposta.

Pode haver contágio? -- Os mercados já se movimentaram ontem para resguardar-se contra a eventualidade de que ocorra uma catástrofe (isto é, uma saída da Grécia do euro e o consequente pânico entre os investidores). A Itália é a peça seguinte do dominó -- se a Itália cair, será o fim do euro, como explicou há alguns dias o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Imediatamente depois, viria a Espanha. Mas, Itália e Espanha já são peças maiores. Acredita-se que nem Berlim, nem Paris, nem Bruxelas, nem o Banco Central Europeu - BCE (que tem a chave para frear esse contágio) vão deixar que o fogo chegue tão longe. A verdade é que em Roma os nervos já estão à flor da pele: o ministro de Assuntos Exteriores italiano, Franco Frattini, acusou ontem Sarkozy de alimentar um "ataque especulativo" contra a Itália. São palavras, mas as coisas começam a se distorcer quando há uma escalada de declarações.

Para que, diabos, serviu a reunião de cúpula europeia? -- Em 21 de julho passado, os líderes europeus saíram com a cantilena da solução definitiva. Os mercados subiram durante dois dias, e no terceiro dia chegou uma tempestade de verão com jeito de furacão, nos mercados de dívida, nas Bolsas, nas divisas e, em geral, em todos os mercados, que obrigou os líderes a ir mais além. Na quinta-feira passada puseram às claras, por escrito, a nova "solução definitiva", e a história se repetiu: dois dias plácidos e, após o anúncio do referendo grego, o furacão. Na realidade, na quinta não houve a tal solução definitiva, senão um chute para a frente: os fundamentos do acordo estavam postos, mas faltava uma multidão de detalhes. Entre esses detalhes, as novas medidas de ajuste para a Grécia. E os gregos não parecem dispostos a fazer mais sacrifícios, como acabou reconhecendo o próprio ministro Papandreou.

E em tudo isso, a banca espanhola não era a que em pior situação estava? -- A recapitalização bancária caiu como um coice para a grande banca espanhola: necessita de 26 bilhões de euros, a quarta parte do que necessitam os grandes bancos europeus, apenas ligeiramente por baixo dos bancos gregos, que estão praticamente quebrados. Se supunha que o castigo seria maior para os bancos que tinham mais exposição à dívida soberana dos países com mais problemas: as entidades alemãs e francesas. Mas, a banca alemã e a gaulesa necessitam apenas de 5 e 8 bilhões de euros, respectivamente.  Com o incêndio nos mercados, chega a prova definitiva para os investidores. Hoje, cai com força todo o sistema bancário. Mas, uns mais que os outros -- na França, na Alemanha e na Itália, vários bancos caem mais de 10%. Na Espanha, entre 5% e 6%.

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As reações à surpreendente decisão de Papandreou foram imediatas: França e Alemanha decidiram reter os 8 bilhões de euros da ajuda que a Grécia deveria receber agora, e o referendo sobre o resgate da dívida desencadeou a guerra política na Grécia.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Brasil passa Alemanha em número de internautas ativos

O texto abaixo é de autoria de Nayara Fraga e foi publicado ontem no blogue Radar Tecnológico do jornal O Estado de S. Paulo.

O número de usuários ativos na internet brasileira subiu de 42,8 milhões, em janeiro, para 46,307 milhões, em setembro deste ano, revela pesquisa da Ibope Nielsen Online. O resultado — aumento de 8,3%—  fez o Brasil superar, pela primeira vez, a Alemanha, que apresentou no mês passado 46,256 milhões de internautas ativos.

Essa evolução na quantidade de usuários ativos coloca o Brasil como o país que mais cresceu entre janeiro e setembro. Na Alemanha e no Reino Unido, houve queda no número de usuários de 1,6% e 0,6%, respectivamente. França e Reino Unido já foram ultrapassados pelo Brasil há um ano. Entre as regiões pesquisadas, a Austrália foi a que teve o segundo maior crescimento, 5,3%.





O estudo, que considerou acessos à internet de casa ou do trabalho, indica ainda que mais pessoas estão usando a internet de casa. De setembro de 2009 a setembro de 2011, o salto foi de 27,7 milhões para 37,9 milhões de usuários ativos nessa categoria.

No total, o Ibope Nielsen contou 61,2 milhões de pessoas com acesso à internet em setembro de 2011, das quais 46,3 milhões ativas. Isso representa crescimento de 2% em relação a agosto e de 14% ante setembro de 2010, quando havia 40,6 milhões de usuários ativos. O número total de internautas com acesso à internet em qualquer tipo de ambiente foi de 77,8 milhões no último trimestre de 2011.

iPhone 4S é homologado no país

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou a homologação do iPhone 4S, o mais recente modelo do smartphone da Apple. O documento da Anatel está registrado com a data desta segunda-feira, 31, e na prática concede o direito de a Apple comercializar o aparelho no Brasil.

A empresa disse ao Link que não há previsão de lançamento do produto no País. No ano passado, a Apple começou a vender o iPhone 4 no Brasil quase três meses após a apresentação do produto e três semanas depois que ele recebeu a homologação. O telefone foi apresentado pela Apple no dia 4 e começou a ser vendido dez dias depois nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, França, Reino Unido, Alemanha e Japão. No dia 28, o aparelho começou a ser vendido em outros 22 países, a maioria, na Europa.

Irã cria cibercomando contra ataques na internet

O Irã iniciou a criação de um “cibercomando” para combater possíveis ataques de hackers contra as redes do país, informou nesta segunda-feira a agência Mehr. Segundo a fonte, o diretor da Organização de Defesa Passiva do Irã, Gholam Reza Jalali, informou nesta segunda-feira que já recebeu o decreto que estabelece a criação desta unidade imediatamente. As funções desse cibercomando serão “vigiar, identificar e contra-atacar ameaças virtuais contra as infraestruturas nacionais”, explicou Jalili.

No dia 16 de maio, segundo a agência, o Irã anunciou que as linhas gerais do cibercomando estavam prontas e sendo analisadas pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelas Forças Armadas. O Irã denunciou supostos ataques virtuais, os quais atribuiu aos Estados Unidos e Israel, para criar problemas em seus sistemas militares e de segurança e, principalmente, em suas instalações nucleares.

Vejam postagem anterior sobre ataque cibernético ao programa nuclear iraniano.

Dilma vai à cúpula do G20 para negociar ajuda à Europa

A presidente Dilma Rousseff embarca na tarde desta terça-feira para Cannes, na França, para participar da cúpula do G20, que terá início na quinta-feira. A crise europeia e os termos de uma eventual ajuda dos países emergentes à zona do euro devem dominar boa parte da agenda da reunião. O ponto alto das discussões deve ser o papel dos emergentes no chamado Fundo Europeu de Estabilização Financeira, cuja expansão foi anunciada na cúpula da União Europeia na última semana.

Segundo uma fonte do governo, a posição do Brasil coordenada com os demais Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) será a de que "o papel básico da solução da crise é da Europa". "Se (a União Europeia) considerar que precisa de apoio, (por meio) do FMI, nós estamos dispostos (a ajudar)", disse um alto funcionário de Brasília.  O membro do governo ressaltou, no entanto, que o Brasil, representado pela presidente Dilma, ainda não fechou posição se irá investir no novo fundo europeu (que terá como função comprar títulos de países endividados). Segundo ele, ainda é preciso conhecer a "oferta" dos europeus em relação ao fundo. "É uma conversa de fundo de investimento, você vai vender para os seus clientes o seu produto, tem dizer que é bom. Mas nós ainda não conhecemos esse produto".

A expectativa é de que Dilma mantenha, em Cannes, a mesma posição defendida em Bruxelas, durante a cúpula UE-Brasil, no início de outubro, que teria causado desconforto entre autoridades europeias. Na ocasião, Dilma criticou o ajuste fiscal dos governos europeus como forma de reverter a crise que se espalha pelo continente, provocando críticas na imprensa europeia pelo tom supostamente "professoral". "A história mostra que só seremos capazes de sair da crise com medidas de estímulo ao crescimento econômico somadas a políticas de estabilidade macroeconômicas, assim como políticas sociais, de criação de empregos e de crescimento", disse a presidente na ocasião.

O alto grau de endividamento de países europeus como a Grécia, além de Itália, Portugal, Irlanda e Espanha, preocupa porque coloca em risco a estabilidade da moeda única europeia, o euro. Como forma de conter a crise da dívida, o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o FMI (grupo chamado de "troica") tem imposto fortes medidas de ajuste a esses países.

Em Cannes, o Brasil deve defender que o ajuste fiscal não deve ser o caminho a ser adotado por todos as economias, segundo a mesma fonte do governo federal. "Se houver consolidação fiscal no mundo todo ao mesmo tempo, haverá impacto no crescimento", disse.

Além da crise europeia e da desaceleração no crescimento global, a chamada "guerra cambial", que tem como principal protagonista a China, deverá entrar na pauta dos líderes em Cannes, assim como a reforma do sistema monetário internacional.

No último dia 27 de outubro, após 11 horas de negociações, os líderes europeus anunciaram um acordo para tentar resolver a crise da dívida pública que assola vários países do continente. Um dos pontos foi a expansão do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira dos atuais 440 bilhões de euros para um trilhão de euros. O fundo poderia ajudar a mitigar crises de duas formas. Ao servir como uma espécie de seguradora aos bancos que comprarem papéis de dívidas de países em risco de calote. E ao criar um mecanismo especial de investimento, em parceria com o FMI, para atrair investidores estrangeiros privados e públicos e outros países, como Brasil e China.

Outro ponto importante foi o acordo com credores privados que possuem títulos da dívida da Grécia. Eles aceitaram perdas de 50% nos seus papéis, o equivalente a 100 bilhões de euro (US$ 140 bilhões).

Quem estiver interessado pode participar do fórum da BBC Brasil: O Brasil deve ajudar a Europa em crise?

Leia mais: Investir em fundo de resgate europeu pode ajudar Brasil, dizem analistas.

A píton birmanesa pode tornar-se a chave da saúde cardíaca humana

Um grupo de pesquisadores americanos deposita grandes esperanças na cobra píton birmanesa. Esse réptil, que pode atingir 9 metros de comprimento e pesar 90 quilos, pode conter as chaves de novos tratamentos para combater ou prevenir as doenças cardíacas humanas.

Capaz de engolir uma corça ou um jacaré, o maior réptil do mundo segrega nesse momento ácidos graxos de propriedades benéficas para o coração. Os cientistas da universidade do Colorado, em Boulder, descobriram que as quantidades de triglicerídeos -- principal elemento formador das graxas (gorduras) e óleos naturais -- eram multiplicadas por 50 no sangue das pítons um dia após haver engulido uma presa. Apesar do forte aumento dessas graxas/gorduras no organismo das serpentes, os autores do estudo -- publicado na revista americana Science de 28 de outubro -- não constataram depósitos gordurosos no coração. Além disso, mediram o aumento de uma enzima chamada superóxido dismutase, bem conhecida por seus possantes efeitos protetores sobre o músculo cardíaco inclusive no ser humano.

Após haver determinado a composição química do plasma sanguíneo (composto líquido do sangue) de pítons em plena digestão, os pesquisadores injetaram esse líquido ou uma composição similar em pítons que tinham o estômago vazio. Após essas injeções, essas serpentes mostraram um claro aumento do coração e de sinais de uma boa saúde cardíaca.

Os pesquisadores repetiram a experiência com ratos e constataram os mesmos efeitos sobre o coração dos roedores, que aumentou de tamanho. "Descobrimos que uma certa combinação de ácidos graxos pode ter efeitos benéficos sobre o crescimento cardíaco em organismos vivos", explica Cecilia Riquelme, autora principal do estudo. "Agora, tentamos entender o mecanismo molecular por trás desse processo, e esperamos que os resultados gerem novas terapias para tratar melhor as doenças cardiovasculares humanas", acrescenta ela.

Estudos anteriores mostraram que a massa do coração de pítons birmanesas aumentava 40% nas 24 a 72 horas após uma grande refeição, e que a atividade do metabolismo delas quadruplicava imediatamente após haver engulido sua presa. As pítons, que podem jejuar durante um ano com poucos efeitos nefastos sobre a saúde, vêem seu coração quase duplicar de tamanho após uma refeição. Como esse aumento do músculo cardíaco é semelhante ao que ocorre nos atletas, os cientistas acreditam que estudar o coração das pítons pode ajudar os pesquisadores a melhorar a saúde cardíaca dos humanos.

Eles notaram que existe também um aumento "ruim" do volume do coração, principal causa da morte súbita de atletas jovens. Se doenças podem provocar um espessamento/aumento do músculo cardíaco e uma redução das câmaras do coração, como resultado do fato dele trabalhar mais para bombear o sangue, uma ampliação resultante de um exercício vigoroso é, em troca, uma coisa boa, sublinha Leslie Leinwand, professor de biologia que dirigiu esses trabalhos. "Há um grande número de pessoas que não está em condições de fazer exercício porque sofre de uma doença cardíaca", observa esse biólogo, acrescentando que seria "bom colocar em ação um tratamento capaz de induzir o crescimento de células cardíacas" nessas doenças.

[A nossa jibóia pertence ao mesmo gênero das pítons -- será que ela não apresenta as mesmas características destas, nos termos do estudo acima citado?]. 

Uma píton birmanesa (Foto: Robert Sullivan/AFP).