sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Os diversos tons de humor do nosso cotidiano de uns tempos para cá

A gente fica abobalhado com o que está ocorrendo no país e nas vizinhanças, e perde o senso de observação de outros aspectos da vida que vivemos, em particular do humor -- do mais leve ao negro  -- que nos cerca. Eis alguns exemplos.

Troca de gentilezas



Maia das Graças Foster, presidente da Petrobras


Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras e ex-diretor financeiro da BR Distribuidora

Num encontro recentíssimo com sua ex-colega de empresa, Cerveró disse-lhe: "Foster, você é uma graça". E ela: "São seus olhos, Cerveró".

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Foto histórica (I)

"Otoridades" regionais aproveitaram a recente posse de Evo Morales I, II e III para fazer um ensaio de propaganda de um desodorante para axilas:


No filme definitivo da propaganda os marmanjos "estadistas" usarão camiseta regata, e o traje feminino será vestido tomara que não caia.

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Foto histórica (II)

Imagem mais recente do faraó Evo Morales I, II e III



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A charge na política (ou vice-versa)


Chico Caruso


Lembrete para os 54 milhões de masoquistas que reelegeram a madame - Chico Caruso


Autor não identificado


Autor não identificado


Autor não identificado

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O inesgotável humor negro de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia)


Depois de 30 dias de silêncio ensurdecedor, Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) resolveu infelizmente fazer um pronunciamento público na primeira reunião com sua patota de 39 ministros do segundo mandato. Entre várias besteiras -- o que lhe é corriqueiro -- a madame, das profundezas de sua mediocridade, disse que no caso das empreiteiras do petrolão o certo é prender e punir os executivos e deixar as empresas vivas e quietas. Há quem diga que isso equivale a mandar prender as prostitutas e manter abertos os lupanares, do que discordo visceralmente. Diferentemente do que fizeram e vêm fazendo  as empreiteiras há séculos no país, no petrolão e alhures, os lupanares cumprem um relevante papel social. E há meretrizes que têm mais ética que vários dos executivos de nossas empreiteiras, que frequentavam/frequentam algumas altas esferas da República e da política.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ex-diretor da Petrobras reage às manobras para inocentar Dilma NPS e o Conselho de Administração da Petrobras nos escândalos do petrolão

[Esperei alguns dias para reproduzir o artigo abaixo, de um ex-diretor da Petrobras, em reação às manobras sórdidas para inocentar Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) nos escândalos do petrolão ocorridos no período em que a madame presidiu o Conselho de Administração da empresa (2003-2010), com destaque para a compra fraudulenta da refinaria de Pasadena, nos EUA. Minha expectativa -- inútil, já sabia de antemão -- era ver se alguns dos petralhas que volta e meia derramam sua bílis na minha caixa postal iriam se manifestar sobre o texto e seu conteúdo.

Minha espera, sem nenhuma surpresa, foi em vão. Uma tônica da defesa que o PT e os petralhas fazem contra o petrolão e suas repercussões/implicações é que, em sua esmagadora maioria, eles defendem o partido e não a empresa -- que virou feudo deles. Transcrevo a seguir o texto de Antonio Luiz Menezes, ex-diretor de engenharia e serviços da Petrobras de abril de 1999 a novembro de 2001 e diretor de gás e energia da empresa de novembro de 2001 a fevereiro de 2003, publicado no Globo de 22/01/2015.]

Conselho de Administração é responsável

Antonio Luiz Menezes -- O Globo, 22/01.2015

Na imensa maioria, funcionários da Petrobras são sérios e garantiram, por várias décadas, a estabilidade financeira e comercial da maior empresa do país

Os empregados antigos e atuais da Petrobras não merecem a vergonha por que estão passando com as delações de ex-gerentes e de ex-diretores que, na tentativa de reduzir suas responsabilidades pessoais, ofendem indistintamente a todos ao afirmar que os quadros internos sempre necessitaram da indicação de algum político para serem elevados a postos de direção. Conquanto muitos queiram fazer crer que os lamentáveis acontecimentos foram decorrentes da falta ou da baixa qualidade dos procedimentos internos da Petrobras, devem ser realçados alguns pontos relevantes em defesa da própria estatal e dos seus empregados. Estes, na imensa maioria, são profissionais sérios que garantiram, por várias décadas, a estabilidade financeira e comercial da maior empresa do país.

O maior equívoco a ser sanado diz respeito à confusão deliberadamente estabelecida entre os princípios de responsabilidade e de delegação de autoridade. O Estatuto da Petrobras é simples, claro e objetivo e, tal como em qualquer outra empresa, só pode ser alterado, na forma da legislação vigente por voto de maioria de seus acionistas em assembleias gerais. No texto estão definidas as responsabilidades do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva. O responsável operacional e estratégico é o conselho, que elege cada diretor, delimita suas respectivas áreas de atuação e autoriza a diretoria a delegar os respectivos limites de competência aos diversos níveis hierárquicos com o objetivo de dar autoridade e agilidade às atividades, sejam elas estratégicas, operacionais ou de investimento. O estatuto também determina que cada ato de gestão, de qualquer gerente, seja mensalmente comunicado à autoridade superior da qual recebeu a delegação, para solicitar homologação, quando for o caso, ou dar-lhe conhecimento dos seus atos.

A consequência da aplicação das normas legais e do estatuto é que a responsabilidade imediata sempre é de cada diretor ou da diretoria executiva, mas a responsabilidade final é sempre do Conselho de Administração. Por isso, não há como ser eximido de responsabilidade qualquer conselheiro ou diretor que não tenha se manifestado no momento da análise de providências ou atividades, seja por sua aprovação, desaprovação ou pedido de esclarecimento complementar.

Como corolário dos desmandos já praticados e como uma forma de desviar a atenção sobre o “malfeito”, deparamo-nos agora com o absurdo de uma proposta de criação de um novo cargo de diretoria, responsável pelo que se chama de compliance, e que nada mais é do que um conjunto de regras de gestão que reúne auditorias, código de ética, responsabilidade social, respeito à lei, dentre outras. Essas regras já existem de forma clara e são de responsabilidade de todos e de cada um dos componentes da diretoria executiva e do Conselho de Administração. Assim, a proposta não faz sentido algum, a menos que o objetivo seja de reduzir o nível da responsabilidade funcional ou, ainda pior, livrar dela os atuais e futuros dirigentes/gestores.

O fato é que, antes dessa tsunami, a Petrobras vinha melhorando continuamente suas regras de governança corporativa, as quais podem servir de modelo para qualquer empresa, seja de petróleo ou qualquer outra natureza. O que presenciamos é resultado da má administração por indivíduos moral e tecnicamente desqualificados ou, pior, a formação de grupos de outros interesses que fizeram falhas se transformarem em crimes. Impossível que tudo tenha acontecido por tanto tempo, e tão intensamente, sem que ninguém do alto escalão — seja do conselho, seja da diretoria, seja dos representantes do acionista controlador — tenha notado.


Agora que deu tudo errado, é preciso que se indague onde estavam a Comissão de Valores Mobiliários , os sindicatos, a Associação dos Engenheiros da Petrobras, o Clube de Engenharia e todos os outros “carros de som”, quando os desmandos sabidamente estavam sendo praticados e poderiam ter contribuído para a defesa e proteção da Petrobras, de seus acionistas, muito especialmente os minoritários, e os milhares de empregados.


Que 2015 nos dê força e nos surpreenda favoravelmente.





 

domingo, 25 de janeiro de 2015

O complexo problema da integração dos imigrantes às sociedades que os acolhem -- o caso francês

[Em duas postagens recentes enfoquei o caso do jornal satírico francês Charlie Hebdo e a tragédia de que foi foco, com o assassinato bárbaro de 12 membros de sua equipe por dois terroristas jihadistas, cidadãos franceses de origem árabe e formação muçulmana radical. As postagens foram publicadas em 14/01/2015 e 15/01/2015. Nos dois textos, a ênfase foi sobre a questão da liberdade de expressão e seus eventuais limites, mas o problema na realidade é muito mais complexo e tem em seu cerne o tema complicadíssimo da integração de imigrantes às sociedades em que escolhem viver e que os acolhem.

O ponto nevrálgico da integração envolve a política da sociedade anfitriã em relação à sua convivência com os imigrantes, em termos de temas como a identidade cultural e religiosa dessa nova mão de obra e sua interação e integração com seus anfitriões, o que originará entre inúmeros resultados complexos novas gerações de cidadãos dos países anfitriões. Qual será o perfil sociopolítico, cultural e religioso desses novos cidadãos? Que valores prevalecerão neles, os de suas origens, os do país de que são cidadãos, ou uma mescla de ambos até onde isso for possível e imaginável?


No livro "Infiel" (Companhia das Letras, 2006), uma autobiografia, temos a história de uma mulher da Somália (Ayaan Hirsi Ali) criada nos costumes tribais da Somália, que sofreu mutilação sexual  e espancamentos brutais na infância, foi muçulmana devota, fugiu de um casamento forçado, tornou-se deputada na Holanda, clamou pelos direitos das muçulmanas, criticou Maomé e está condenada à morte pelo fundamentalismo islâmico. Uma de suas principais bandeiras era criticar o governo holandês por sua denominada política "multicultural", que permite que imigrantes estabeleçam guetos em que mantêm integralmente seus valores culturais e religiosos, sem maiores preocupações ou cuidados com sua integração à sociedade holandesa. Recomendo fortemente a leitura desse livro.


Esse mesmíssimo tema da integração que ocorre na Holanda repete-se na França, cada país guardando suas peculiaridades. Sobre o problema francês, parece-me mais do que oportuno ler a entrevista de Luc Ferry -- filósofo e ex-ministro da Educação da França -- publicada no Globo (seção Sociedade) de domingo 25/01/2015, cujo texto reproduzo a seguir na íntegra. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]


Luc Ferry: "Modelo de integração francês foi abandonado"

Fernando Eichenberg, correspondente -- O Globo, 25/01/2015

Para ex-ministro da Educação, país errou ao se render ao multiculturalismo e se transformou hoje no maior alvo do terrorismo islâmico

O filósofo e ex-ministro da Educação Luc Ferry defende o modelo republicano francês como superior ao multiculturalismo adotado por países como a Inglaterra e a Alemanha. Na sua opinião, o sistema francês não fracassou, mas foi abandonado após maio de 1968. A França é hoje, segundo ele, o país mais visado no mundo pelo islamismo radical, e deve se preparar para enfrentar a ascendência política interna da extrema-direita.

Você diz que a França é o país mais ameaçado no mundo hoje. Por quê?


Por três razões. A primeira é que temos as maiores comunidades judia e muçulmana da Europa, no mesmo território. Temos entre 5 milhões e 8 milhões de pessoas que são de origem cultural muçulmana. E provavelmente em torno de 1 milhão de judeus na França. É algo muito singular. Temos aqui refrações particulares do conflito do Oriente Médio. A segunda razão é que temos operações militares exteriores. Houve intervenções na Líbia, no Mali, na República Centro-Africana etc. A França está engajada na luta contra o islamismo radical no exterior. E a terceira razão é que a França é, historicamente, o país da laicidade. E para os islamistas a laicidade significa a sua própria morte. Eles querem o califado, sistemas políticos religiosos. E a França é a separação absoluta da religião e da política, Nos Estados Unidos se tem “In God we trust” nas notas de um dólar, algo totalmente inimaginável na França. Estamos num país em que a laicidade é praticamente sagrada. E por todas estas razões, penso que os problemas estão à nossa frente, e não atrás de nós. E está claro que somos o alvo do Estado Islâmico e da al-Qaeda.

A França é um caso à parte na Europa?

Nós nos recusamos em organizar a França em comunidades, como foi o caso na Inglaterra ou na Alemanha. Eu sou totalmente favorável à integração, mas infelizmente desde 1968 renunciamos progressivamente ao princípio da laicidade republicana à francesa. A república francesa não fracassou, mas foi abandonada. Abandonamos a ideia republicana na França em prol de uma rendição crescente ao multiculturalismo. Foi assim que se constituíram guetos, o que deveríamos ter impedido. Malek Boutih (deputado socialista, ex-presidente da ONG SOS Racismo), quem aprecio muito, diz que há uma centena de guetos na França que são zonas interditadas e que deixamos serem constituídas. Nós abandonamos os princípios republicanos, sob o efeito das ideologias do direito à diferença, multiculturalistas, de direito de minorias. Nós nos americanizamos. Fizemos como países que aceitaram que existam comunidades competamente separadas umas das outras. Em Nova York, você tem Little Italy, Chinatown etc. Aceitamos estes guetos se constituírem, o que é um escândalo absoluto. Sou totalmente contrário a isso. Em Seine-Saint-Denis (subúrbio norte de Paris), as famílias judias não colocam mais seus filhos em escolas públicas, o que não é normal, mas uma vergonha para a França.


Fala-se há décadas da falência do modelo de integração francesa...

O que é um grave erro. O modelo de integração não falhou, foi abandonado, o que não é a mesma coisa. É porque foi abandonado que não funciona. Há uma coalizão de direita e de esquerda contra a ideia republicana. Daniel Cohn-Bendit e Nicolas Sarkozy entraram nessa ideologia de discriminação positiva.

Este contexto favorece a extrema-direita na França?


Isso é evidente. Não há nenhuma dúvida disso. A Frente Nacional (FN, partido da direita radical) está esfregando as mãos. Há 20 anos que eles dizem que há uma islamização da França e perguntam quantos irmãos Kouachi há no país hoje. Quando vemos certos alunos em escolas de determinados bairros dizerem “Eu sou Kouachi” e que sentem simpatia com o Estado Islâmico, a FN tira consideráveis benefícios. Muitos jovens colocam no mesmo plano uma blasfêmia no papel e um massacre de metralhadora. Podemos discordar completamente do “Charlie Hebdo”, mas não podemos colocar no mesmo nível de armas mortais. Essa situação reforça consideravelmente a FN. São os extremos que se reforçam, como sempre. E é calamitoso.

A escola francesa retornou ao centro dos debates. Qual a sua análise?

O problema da escola é similar: deixamos de lado os princípios republicanos após maio de 1968. E neste caso a direita e a esquerda, de novo, estão na mesma linha. Hoje os professores não têm mais nenhum tipo de autoridade diante de jovens que se recusam a assistir a cursos sobre o Holocausto ou fazer um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos atentados. Há um problema maior a ser resolvido. E penso que a melhor maneira é abordá-lo desde a escola primária. A crianças pequenas ainda não estão revoltadas, não estão com ódio. Deixamos as coisas à deriva por 40 anos, e hoje estamos pagando o preço.


O governo quer reforçar o ensino moral e cívico nas escolas. Você defende que o aprendizado do conhecimento não impede a barbárie...

Este é o grande ensinamento do nazismo. A Alemanha nazista era o país mais culto do mundo, com um sistema educativo de excelente desempenho, e foi o país mais bárbaro do mundo. Era a pátria de Kant, de Goethe, de Schubert, de Bach, e foi o país do nazismo e de Hitler. Osama bin Laden era também culto e inteligente, tinha doutorado de uma universidade americana. A imagem do nazista que tortura sua vítima escutando Schubert, infelizmente, é verdadeira. Pode-se ser extremamente culto e um canalha, e pode-se ser um pequeno camponês nos confins do Brasil e ser um homem de bem. A educação moral e a intelectual são completamente diferentes.


Você considera a imigração um falso debate na França?

A imigração não é o problema, não são os estrangeiros. O problema está relacionado à colonização, a jovens que são franceses há três gerações, e que infelizmente se identificam com o Estado Islâmico e a al-Qaeda. Não são imigrantes, eles são franceses. É preciso parar com este discurso sobre a imigração. O problema atual é a refração das guerras externas — EI, al-Qaeda, Oriente Médio — no interior de bairros franceses, em jovens de três ou quatro gerações de imigrantes que se revoltam contra a França, defendem o islamismo radical e querem ir fazer a jihad na Síria. E devemos aceitar o fato que fomos nós que colonizamos o Magreb, não foram eles que vieram para cá primeiro.

Qual a influência da política externa francesa nos atuais acontecimentos?


Penso que tivemos razão em não intervir no Iraque junto com os americanos. Penso que a intervenção na Líbia foi uma catástrofe. O Mali é discutível, não se podia deixar Bamako tombar nas mãos do islamismo. Fora isso, constato que há 20 anos nossas operações no exterior terminam sistematicamente em catástrofe. Deveríamos refletir sobre os efeitos perversos que produzimos em nossas intervenções em nome dos direitos humanos. Nove em cada dez de nossas intervenções plenas de boas intenções produzem efeitos calamitosos. Sou extremamente cético em relação a isso. Não acredito mais que se possa impor a democracia de fora. Acreditei, mas me enganei.

Você é pessimista em relação ao futuro imediato francês?

O que, apesar de tudo, me deixa um pouco otimista foram essas manifestações do 11 de janeiro. Foi algo extraordinário. Não houve uma vontade de eliminar as diferenças, a direita e a esquerda existem; judeus, católicos e muçulmanos também, mas houve este sentimento de que em frente ao horror e à morte havia valores superiores. Isso é a res publica, a república. Deste ponto de vista, não sou pessimista. Marine Le Pen (líder da FN) não será eleita. Ela estará no segundo turno das eleições presidenciais de 2017, mas não vencerá, este é o meu prognóstico. O sucesso da FN não é algo anedótico, não é fogo de palha, mas a França manterá seus princípios republicanos. Mas hoje estamos engajados numa guerra assimétrica, na qual não há um Estado contra outro, mas pequenos grupos organizados contra Estados. É uma guerra na qual não há critério de vitória nem de derrota, não há assinatura de tratado de paz. São guerras subterrâneas e longas. É o que viveremos nos próximos anos. Por isso, não podemos ceder para a extrema-direita e nem confundir muçulmanos e islamistas.

Não há risco de que, passada a emoção e com o retorno à tona da crise econômica e do desemprego, essa união se deteriore?


A Europa, a França incluída, possui todos os meios de se tornar a primeira potência econômica mundial. As escolhas são políticas. O debate direita-esquerda é legítimo, mas ele não deve ser feito sobre a produção, e sim sobre a redistribuição. Sobre a produção, os liberais têm razão, eles conhecem melhor economia do que os socialistas. Mas deve-se debater a redistribuição das riquezas, a igualdade. Deve-se ser liberal em economia e socialista na política. É a melhor solução.

[É interessante conhecer a reação da imprensa árabe ao atentado contra a equipe do Charlie Hebdo. O Blog do Pedlowski mostra uma interessante sequência de charges de jornais árabes sobre o massacre da equipe do Charlie Hebdo, tirada de um artigo de Jordan Valinski publicado no World.Mic em 09/01/2015.

Líbano



A legenda diz: "Mas ... ele me chamou de terrorista"


"É assim que nos vingamos do assassino do cartunista"

As duas charges acima foram publicadas no jornal An Nahar (O Dia).


A charge acima, publicada no jornal Al Akhbar (A Notícia), que é visto por alguns como pró-Hezbollah, traz a legenda "liberdade solta no ar".

Um cartunista libanês descreveu a situação como "mais fácil, mas longe do ideal", em seguida à Primavera Árabe, que foi vista como o início de um movimento rumo à liberdade de expressão. "Queremos defender a liberdade da imprensa, a liberdade da mídia e a liberdade de expressão. Esta é a nossa missão", disse Stavo Jabro, que desenha para dois jornais e conhecia algumas das vítimas [do Charlie Hebdo].

Qatar

O jornal publicado em inglês Al-Araby Al-Jadeed -- que tem como slogan "Pão. Liberdade. Justiça Social"-- publicou uma imagem poderosa de um lápis derrotando uma bala:




Liberdade de expressão x Terrorismo

Egito

Makhlouf, um cartunista jovem, fez duas charges para o jornal privado Al-Masry Al-Youm. Ambas têm a frase "Em apoio a Charlie Hebdo" junto à hashtag #JeSuisCharlie.

Fonte: Imgur

[Em outra charge, Makhlouf (*) desenhou "ele mesmo segurando um lápis diante de um assaltante vestindo uma balaclava, com olhos quase como de um alienígena, apontando-lhe uma arma" -- a charge foi publicada em 07/01/2015.  A legenda em árabe, novamente, diz "Em apoio a Charlie Hebdo":


(*) Charges de outros cartunistas também egípcios: 


A charge de Anwar mostra um cartunista francês sorridente, pintando com um pincel molhado com tinta vermelha um sorriso na balaclava de um assaltante que porta uma arma.

Uma charge de Hicham Rahma, publicada em 07/01/2015 na sua página no Facebook, traz em árabe a legenda "Foi um dia difícil" e os turbante têm a palavra ISIS (Estado Islâmico): 


Outra charge de Makhlouf, publicada em 08/01/2015, com a legenda "Em apoio a Charlie Hebdo":]









quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Dilma NPS, a rainha dos apagões: da ética, da energia elétrica e da economia

Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) evidenciou ser realmente um prodígio: conseguiu deixar para si mesma, no segundo mandato, um país pior do que o que recebera do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula). Confirmou definitivamente ser incompetente, hipócrita, aética, burra, teimosa e absolutamente irresponsável. Mal iniciou seu segundo governo, jogou no lixo todas suas promessas eleitorais e fez exatamente aquilo de que acusava a oposição de planejar fazer contra os interesse dos trabalhadores e  do país. Ela sabia que as medidas propostas por Aécio eram dolorosas mas imprescindíveis, porém optou pela prática do esporte de sua preferência: mentir descaradamente para seus eleitores e para o país. Conseguiu iludir 54 milhões de masoquistas que a reelegeram e ferraram a si mesmos e todo o resto do povo brasileiro. Ver postagem anterior.

Não contente com as medidas já tomadas, corretas mas impopulares e testemunhas  do caos que ela implantou na economia brasileira e das mentiras em que se apoiou na campanha , ela resolveu castigar mais a classe operária vetando o reajuste de 6,5% na tabela do IR e mantendo a correção em apenas 4,5%. Com isso, arrastou mais trabalhadores para as garras do leão da Receita.

A madame anda cada vez mais bipolar, alternando crises de autoritarismo boçal, via rompantes desagradáveis e deprimentes, com crises de enfiar o rabo entre as pernas e se esconder de quem pode expô-la à sua ridícula verdadeira grandeza. Há 30 dias Dilma NPS não conversa com a imprensa.

Para piorar seu/nosso inferno astral, o estrago monumental que ela fez no setor elétrico nos 12 anos e 21 dias (data da redação desta postagem) em que o tem comandado começa a cair fragorosamente sobre sua/nossa cabeça. A gota d'água (literalmente, já que a estiagem tá braba) foi o apagão que desligou 11 estados e o DF no dia 19/01/2015. P'ra manter o comportamento diante de todos os eventos semelhantes sob o nariz da madame, por ação e omissão suas, o governo não consegue sintonia e mantém confuso o país sobre o que realmente aconteceu nesse dia. O ONS (Operador Nacional do Sistema) e o ministro de Minas e Energia se contradizem, um desmentindo o outro -- aquele diz que foi um desligamento intencional, com corte seletivo de cargas para evitar uma pane total, e o ministro diz que foi um defeito em linha de transmissão de Furnas que causou o apagão.  Dilma NPS convenceu-se de vez que somos todos otários porque a reelegemos, e que não precisa perder tempo em nos esclarecer devidamente.

O ministro Eduardo Braga, mal assumiu o MME, já passou a usar o modelito da madame, mentindo descaradamente para o país -- disse que nosso sistema é robusto e autosuficiente, enquanto importava 165 MW médios da Argentina e solicitava mais 300 MW ao Paraguai via Itaipu, totalizando 465 MW.

Se em torno de um apagão já não há consenso, pior então quando se pergunta se vai haver racionamento ou não. Essa palhaçada se arrasta há 12 anos e um mês. Com a psicose de eleger e manter FHC como culpado de todos os males por que passa o país, mesmo após 12 anos e um mês governando o país, os governos petistas elegeram o slogan "apagão nunca mais" como seu mantra. Isso, por exemplo, foi o que disse Dilma NPS taxativamente em 29/10/2009  quando chefe da Casa Civil da Presidência mas já mandando e desmandando no setor elétrico. Até fevereiro de 2014 o país havia passa por 12 apagões no governo da madame e 181 apagões na década petista. Quem quiser se fartar com as lambanças da ex-guerrilheira na área elétrica basta clicar no marcador "Setor Elétrico" na aba direita do blogue. Ver, por exemplo, as postagens de 05/3/2014 e de 29/4/2014.

22001, ano em que ocorreu um gigantesco apagão elétrico no país no governo FHC, virou um ano emblemático para nossa Dama de Ferrugem e para os petralhas. Eles o usam como exemplo chave de uma pretensa má administração FHC, o "coisa ruim" para os petralhas. O grande problema é que, 13 anos e um mês depois, com o país e o setor elétrico completamente diferentes e mais complexos, a situação do setor elétrico hoje é muito pior do que a existente em 2001. E não adianta botar a culpa em São Pedro, isso é mais uma pilantragem petista, os problemas cruciais que afligem a área elétrica têm as marcas indeléveis das 20 impressões digitais dos membros superiores e inferiores da madame.

Vejamos algumas comparações entre a situação atual e a de 2001 no setor elétrico.

Reservatório
2001
2015
Ilha /3 Irmãos
31,21%
0,00%
Três Marias
38,43%
10,29%
Itumbiara
21,40%
10,75%
Nova Ponte
19,39%
10,95%
Furnas
23,55%
11,25%
Marimbondo
15,55%
12,49%
Emborcação
25,84%
14,23%
Água Vermelha
25,66%
14,80%
Mascarenhas de Moraes
83,33%
14,92%
Itaparica
--
19,19%
Chavantes
40,52%
19,53%
Sobradinho
42,30%
20,43%
Jurumirim
60,49%
21,64%
Capivara
64,06%
25,35%
Serra da Mesa
36,68%
26,36%
Tucuruí
98,34%
32,74%
São Simão
56,10%
58,13%
G. B. Munhoz
100,59%
63,65%
Passo Real
--
65,10%
Salto Santiago
100,40%
67,41%
Passo Fundo
--
92,55%
Segredo
--
97,32%

A situação dos reservatórios de usinas no Brasil em 2001 e 2015 - (Baseada em tabela do Globo de 22/01/2015, edição impressa - Fonte: ONS) - De acordo com dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), das 18 principais usinas do país, 17 estão com o nível de seus reservatórios abaixo do de 2001. O caso mais crítico é o da usina Ilha/3 Irmãos, que está atualmente em 0,00%, contra 31,21% de 2001. Há ainda outras quatro usinas em que não há base de comparação disponível no ONS.









Energia armazenada em cada região do país (SE/CO = Sudeste/Centro Oeste - S = Sul - N = Norte - NE = Nordeste), distribuída ao longo dos anos de 2001 e 2014 - (Fonte: ONS)

Outra visão da encrenca em que estamos metidos, por culpa principalmente da Dilma NPS (São Pedro entra mais como boi de piranha nessa lambança) pode ser vista no gráfico abaixo, publicado em 22/01/2015 pelo jornal Estadão com base em dados do Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético:


A reportagem, de Renée Pereira, frisa que "a seca que atinge as Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste reduziu tanto o nível dos reservatórios que, se não chovesse nada nas próximas semanas, a quantidade de água armazenada daria apenas para um mês de consumo de energia no Brasil". A reportagem prossegue com as afirmações a seguir.

"Não vimos essa situação nem em 2001 (ano do racionamento)", diz o presidente do Ilumina, Roberto Pereira D'Araújo.

Na terça-feira, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estavam com 17,63% de armazenamento (no ano passado, nessa mesma época, o nível dos lagos da região estava em quase 40%); do Nordeste, 17,32%; do Norte, 35,26%; e do Sul, 67,84%. Como o sistema nacional tem outras fontes de energia, como eólicas e térmicas, e a expectativa é que chova, mesmo que pouco, o sistema consegue suportar o consumo durante mais tempo. "Mas esse é um dado que mostra como o Brasil, que depende quase 70% da hidreletricidade, está descuidando da fonte de energia", afirma D'Araújo.

Na avaliação dele, a situação atual é resultado de uma expansão da oferta baseada em térmicas caras, que só entram em operação em casos extremos. Apesar de a capacidade instalada do País aumentar, as hidrelétricas são sobrecarregadas, pois têm de gerar pelas térmicas que não entram em operação, afirma o executivo, especialista na área de energia elétrica.

"Em 2012, por exemplo, a energia hídrica representava algo em torno de 68% da matriz elétrica brasileira, mas produzia 90% do consumo. Hoje temos menos água nos reservatórios porque não usamos as térmicas." Pelas regras do ONS, as usinas obedecem a uma fila para entrar em operação. Primeiro entram as unidades mais baratas. Se o valor da térmica superar o valor do mercado à vista (PLD), que ficou boa parte do ano passado em R$ 822 o MWh, a diferença entre o preço da energia e o PLD é transferido para a tarifa do consumidor.

Cuidado. Como um dos lemas do governo da presidente Dilma Rousseff sempre foi a redução dos preços da energia, as térmicas ficaram em stand by enquanto a água dos reservatórios foi consumida. "Não houve cuidado para preservar o nível de armazenamento. A única preocupação foi a modicidade tarifária." Para Cristopher Vlavianos, da comercializadora Comerc, a saída para o Brasil será apostar nas térmica na base - isso significa operar ininterruptamente. "Caso contrário, vamos depender cada vez mais das chuvas". 

O que vem a seguir é de minha responsabilidade, não de Renée Pereira nem do Estadão. Embora alertada por um monte de gente que, diferentemente dela, sabe do que está falando, Dilma NPS ignorou solenemente a gravidade do problema no setor elétrico e resolveu estimular o consumo de energia elétrica com todos os instrumentos ao seu dispor. Incentivou a compra de eletrodomésticos com crédito facilitado e fez apologia da melhoria de vida dos trabalhadores, sem jamais alertá-los ou orientá-los para uma maior conscientização e racionalização no uso da energia. Iludiu o povão com uma mentirosa redução tarifária -- que na realidade se transformou num aumento assustador nas contas de luz e um gigantesco rombo financeiro para as empresas do setor elétrico -- deixando-o à vontade para consumir sem rédeas. Segundo a EPE - Empresa de Pesquisa Energética (estatal), o aumento do consumo residencial em novembro de 2014 foi de 6,2% em relação a novembro de 2013, enquanto o aumento do consumo nacional no mesmo mês e com a mesma referência foi de 2,3%. Anualizado até novembro, o aumento de consumo do país em 2014 em relação a 2013 foi de 2,6%, enquanto no mesmo período o consumo residencial cresce 5,9%.

Segundo informação divulgada pela revista Veja em 14/01/2015,  "as contas de energia elétrica devem subir, em média, 40%, em 2015, segundo estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentada na segunda-feira à presidente Dilma Rousseff e aos novos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e de Minas e Energia, Eduardo Braga".

Quem quiser se ilustrar mais e melhor sobre as mazelas e os problemas do setor elétrico por obra e desgraça de Dilma NPS deve ler o artigo "Um roteiro para não se enganar com a atual crise do setor elétrico", do Ilumina.

A situação do setor elétrico é calamitosa, e só não está muitíssimo pior porque a economia do país estagnou há anos de governo petista, especialmente no de Dilma NPS. Qual é a sensação dos 54 milhões de masoquistas que reelegeram a madame, diante disso tudo?!