quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cultura e acervos culturais, valores também descuidados e desprezados pelos governos petistas

[Sei que a petralhada vai se aborrecer e se irritar com mais esta postagem mas, como já dizia Vicente Matheus (o folclórico ex-presidente do Corinthians), quem está na chuva é para se queimar. Essa curriola não pode achar que depois de 12 anos desgovernando o país e acobertando/estimulando negociatas, mutretas e malfeitos pode continuar essa palhaçada de jogar sempre a culpa nos governos de FHC. O país não é composto apenas de viciados no número 13, que dirigem o país só olhando pelo retrovisor e por isso vivem castigando o Brasil com trombadas, derrapagens e capotagens de todos os tipos e formas na economia, na educação pública, na saúde pública, no transporte público, na segurança pública, na infraestrutura em geral, na política externa, etc, etc . "Procurando FHC" é o filme preferido da petralhada.

Os dois primeiros governos do PT foram comandados por um cidadão, o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata), que por força do berço resolveu usar seu caso pessoal de baixa escolaridade como um exemplo a ser seguido pela população brasileira e não como uma (honrosa) exceção a ser evitada. Já o terceiro governo petista ficou sob as rédeas de Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia), uma pessoa que jamais deixou transparecer qualquer grau de sensibilidade para qualquer coisa que envolvesse educação e cultura. Sua antológica incapacidade de se expressar de maneira inteligível compõe seu perfil de troglodita. Para a madame, cultura é frescura da burguesia.

A Biblioteca Nacional (BN) -- a maior da América do Sul e a 7ª maior do mundo -- é um exemplo requintado, acabado e inequívoco de como a cultura lato sensu é considerada um produto absolutamente supérfluo pelo PT e seus governos. Para a petralhada, cultura é mania da "elite branca" -- a tal que vaiou Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) na abertura da Copa do Mundo, na tosca avaliação da própria vaiada. Em 23/11/2013 fiz uma postagem denunciando o abandono em que se encontrava havia mais de um ano o prédio principal da BN na Cinelândia (Rio de Janeiro): sistema de ar condicionado pifado, instalações elétricas precárias, goteiras, coleções raras e valorosas se deteriorando, etc, etc. Em outra postagem, de 27/12/2012, mostrei que o governo também petista de Jacques Wagner, na Bahia, deixara a maior parte das instalações do Arquivo Público do estado sem luz elétrica durante três anos. 

No rol das besteiras que fez na área da cultura, Dilma NPS nomeou Ana Buarque de Hollanda para essa pasta, crente de que pelo fato de ser irmã e Chico Buarque aquela senhora necessariamente entendia do assunto -- o resultado foi um fracasso retumbante. Desde setembro de 2012, o Ministério da Cultura é chefiado por Marta Suplicy, especialista apenas no uso de botox em si mesma. Sua incompetência e sua desídia no tema cultura são retratadas no abandono criminoso de instituições como a BN e, last but not least, no financiamento de "adaptações" de texto de Machado de Assis e do romance A Pata da Gazela, de José de Alencar, uma estupidez com o mais genuíno DNA petista.

Agora, o jornal O Globo denunciou em 07 de outubro corrente o estado de calamitoso e irresponsável abandono em que se encontra o prédio da BN na zona portuária do Rio de Janeiro.  Reproduzo a seguir essa reportagem.]

Obras raras da Biblioteca Nacional na Zona Portuária são destruídas por mofo e até ratos

Alessandro Lo-Bianco -- O Globo, 07/10/2014



Edifício da Biblioteca Nacional na Zona Portuária: depósito tem obras em mau estado de conservação - (FotoPedro Kirilos / Agência O Globo)
Longe dos olhos do público, documentos e livros raros estão se deteriorando pela ação de traças, mofo e até ratos num prédio na Região Portuária em que a Fundação Biblioteca Nacional guarda parte de seu acervo. Um dos casos mais graves é o da coleção M-18, que reúne quatro mil livros do século XVIII. O material, doado à biblioteca em 1910, até hoje não foi catalogado. A coleção está armazenada em estantes, num dos depósitos de periódicos, no terceiro andar, por falta de espaço no Departamento de Obras Raras. Alguns livros apresentam mofo e traças, que já consumiram várias páginas. Em outras publicações, não é mais possível ler o texto, devido a manchas amareladas nas folhas, por problemas na conservação.

Num relatório de 1917, a direção da biblioteca já manifestava preocupação com a coleção M-18 e ressaltava que a falta de pessoal, a Primeira Guerra Mundial, as mudanças políticas e a escassez de recursos impediam o tratamento do acervo. Perguntada sobre o estado de conservação do material, a Biblioteca Nacional informou que aguarda a contratação de 40 concursados para acelerar o processo de tratamento das obras e disponibilizá-las ao público.


A coleção M-18, que reúne quatro mil do século XVIII, apesar de ter sido doada à Biblioteca Nacional em 1910 até hoje não está disponível para consulta pelo público -- (Foto: Alessandro Lo-Bianco/O Globo)

Segundo a diretoria da Associação de Servidores da Biblioteca Nacional, o prédio anexo tem sido utilizado como depósito de obras e materiais há mais de uma década, apesar de o ambiente ser inadequado para o armazenamento, e os danos sofridos pelo acervo são irreversíveis. “As condições do anexo são as piores entre os locais de armazenamento de acervo da Biblioteca Nacional”, afirmou, por meio de nota. A entidade também disse que, na sede da Avenida Rio Branco, o acervo é guardado em condições inadequadas, pois o sistema de ar-condicionado funciona de forma precária.

Para pesquisador, situação "é uma vergonha"

De acordo com o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti, é inadmissível que o acervo M-18 ainda não esteja disponível para consultas, pois a biblioteca o recebeu há mais de cem anos: "O que acontece nos depósitos da biblioteca é um escárnio com a cultura. É uma vergonha. Esses arquivos estão sobrevivendo hoje do carinho de funcionários que estão para se aposentar. Quando eles saírem, vai virar uma bagunça ainda maior. Isso representa o descaso de um país que vê o investimento cultural como algo supérfluo a serviço de uma elite".

Outro material que corre o risco de se perder é o acervo do historiador Marcello de Ipanema, guardado em caixas de papelão, no segundo andar do prédio anexo. Ainda segundo a nota da diretoria da Associação de Servidores da Biblioteca Nacional, o material foi doado pela família do historiador em 2005 e parte dele se encontra em “estado de decomposição”: "O acervo nunca recebeu tratamento técnico adequado, acumulando poeira, fuligem e sofrendo ataques de insetos e roedores".


Um dos livros do historiador Marcello de Ipanema: as páginas em mau estado são exemplos da degradação do acervo que está guardado no prédio anexo, na Região Portuária do Rio de Janeiro -- (Foto: Alessandro Lo-Bianco/O Globo)


Marcello de Ipanema foi por muitos anos membro de um conselho estadual responsável pelo tombamento de bens históricos e culturais, e fez estudos sobre a história da imprensa no Estado do Rio. Segundo pesquisadores, o material mostra como eram catalogados e mapeados bens patrimoniais, culturais e naturais da cidade. Em meio às caixas, há páginas soltas e corroídas da obra “Francisco Manoel da Silva e seu tempo”, do musicólogo e professor Ayres de Andrade Júnior, morto na década de 70. A publicação, que nunca foi reeditada, conta a história musical do Rio entre 1808 e 1865.

A Biblioteca Nacional nega que o acervo de Marcello de Ipanema esteja em estado de deterioração, mas admite que ainda não foi tratado e que estaria sendo encaminhado para ser processado e disponibilizado ao público. Por meio de nota, a instituição informou ser impossível, diante do quadro insuficiente de funcionários, processar todo o acervo. A biblioteca recebe, mensalmente, mais de 25 mil publicações. Segundo a instituição, será feita uma reforma no prédio da Região Portuária, que ampliará em 12 mil metros quadrados a área útil atual, de 15 mil metros quadrados, permitindo a melhora na conservação e na organização.

Também guardado no prédio anexo, o “Saltério de Genebra” tem bolor e páginas rasgadas. A obra é uma compilação de 150 salmos de Davi, metrificados e musicados com notação característica do século XVI. O historiador espanhol especializado em documentos religiosos Magno Rayol, que fazia pesquisas na biblioteca, ressalta a importância da obra: "Trata-se de uma raridade. Procurei esse material em bibliotecas de outras partes do mundo e soube que estaria aqui. Ele foi entregue à biblioteca há mais de uma década e é único. Se ele se estragar de vez, perderemos uma parte importante do passado".

No depósito cinco, há ainda inúmeros manuscritos de compositores doados à Divisão de Música em péssimo estado, obras em latim e pergaminhos com anotações carimbadas pelo Vaticano dos séculos XIV e XV. A “Ícaro y Dédalo”, do compositor da corte espanhola Juan Hidalgo, está praticamente despedaçada. Próximo dali, amontoada em caixas, há uma peça instrumental de Vivaldi, mofada e corroída, separada em fascículos.

Biblioteca tem 16 técnicos em restauração

No depósito seis, há partituras, periódicos nacionais e estrangeiros, além de edições de manuscritos de grandes mestres da música popular e erudita brasileira, como Ernesto Nazareth e Pixinguinha, doados pela família deste último.

Segundo a Biblioteca Nacional, as áreas de curadoria do acervo estabelecem os critérios de prioridade para restauração e identificam as obras em mau estado de conservação. “Atualmente a biblioteca está com 16 técnicos em restauração para atender à demanda de um acervo estimado em dez milhões de peças”. A biblioteca também informou que este ano adquiriu uma máquina empacotadora a vácuo e que o aparelho embala até mil peças por dia. “Com o uso dessa tecnologia, ganharemos espaço e arrumaremos melhor o acervo sob a nossa guarda”, informou.
Por nota, o Ministério da Cultura informou que fez investimentos nas áreas de preservação e acervo da Biblioteca Nacional que somaram R$ 2,6 milhões em 2012 e R$ 2,5 milhões em 2013. Em 2014, devido aos cortes no orçamento federal, o investimento liberado para a área foi de R$ 1,3 milhão. O órgão afirmou que o o repasse total de recursos para a biblioteca entre 2012 e 2014 foi de R$ 35 milhões.

A sétima maior do mundo

A Fundação Biblioteca Nacional é considerada pela Unesco a sétima maior do mundo e a maior da América Latina. Mensalmente, recebe cerca de 25 mil obras, e seu acervo atual totaliza cerca de dez milhões de peças. Foi criada a partir da Real Biblioteca de Portugal, trazida pela família real ao Brasil em 1808. Seu núcleo original é a antiga livraria de dom José, organizada sob a inspiração de Diogo Barbosa Machado, abade de Santo Adrião de Sever, para substituir a Livraria Real, e que foi consumida pelo incêndio ocorrido depois do terremoto de Lisboa, em 1º de novembro de 1755. Seu constante crescimento se deu por meio de aquisições e doações possibilitadas pela Lei do Depósito Legal, que determina o envio à biblioteca de um exemplar de tudo o que se publica no Brasil. Fazem parte da sede laboratórios de restauração e conservação de papel. O acervo digital da biblioteca conta com 870.821 documentos, que podem ser acessados pelo site da fundação. A Biblioteca Nacional tem dois armazéns na sede, localizada na Avenida Rio Branco, sendo um para periódicos e outro para obras gerais, distribuídos em 13.704 metros quadrados. O prédio anexo da biblioteca fica na Avenida Rodrigues Alves. Entre as principais coleções do acervo, estão a Barbosa Machado, a De Angelis, além da “Collecção D. Thereza Christina Maria", composta por 48.236 volumes.

Um comentário:

  1. Isto é uma vergonha digna de ser noticiada no exterior
    Mas será que a culpa total dessa irresponsabilidade é só deles
    Será que não temos culpa, ao não queremos saber o que está acontecendo com o nosso patrimônio ?
    É melhor refletirmos um pouco mais e colocarmos na cadeia os responsáveis por isto
    José manuel

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