quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Descoberta científica abre caminho para a cura do mal de Alzheimer

[A reportagem abaixo foi publicada hoje no site da revista Exame. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Uma descoberta da equipe da Universidade de Leicester (Inglaterra) publicada nesta semana trouxe boas notícias: a ciência está cada vez mais próxima de encontrar a cura para o Mal de Alzheimer. Esta doença hoje atinge mais de 36 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, este número deve triplicar.  Pois a equipe de neurocientistas liderada pela professora Giovanna Mallucci descobriu uma substância capaz de barrar a morte de neurônios. Testada em ratos de laboratório, tal substância conseguiu impedir a neurodegeneração nestes animais, que eram portadores da chamada “doença de príon”. 

O estudo havia descoberto previamente que o acúmulo de proteínas no cérebro desses ratos doentes era responsável por ativar um mecanismo de defesa das células. Este processo, por sua vez, bloqueava a produção de novas proteínas.  Segundo a equipe, o normal seria que a produção normalizasse em algum momento, mas nestes ratos isto não foi observado. Constataram então que este seria justamente o “gatilho” que levaria os neurônios à morte, pois algumas das proteínas essenciais para a sua sobrevivência deixavam de ser produzidas.

Ao injetar a substância, os cientistas conseguiram bloquear este mecanismo paralisador da produção de proteínas em uma parte do cérebro destes ratinhos, normalizando, assim, todo o processo. Foi possível então impedir a morte das células e ainda restaurar os níveis de proteína e a comunicação entre os neurônios. Conclusão: prolongaram a vida desses animais.

Bom, ainda de acordo com a equipe, em entrevista ao jornal “The Guardian”, a pesquisa está em estágio inicial e pode ser que a produção medicamentos leve um tempo para se tornar realidade. Além disso, o processo causou sérios efeitos colaterais nos ratos, fato que levou os cientistas a preverem que testes em humanos ainda estão longe de acontecer.  Independente disso, a comunidade científica considerou os resultados altamente significativos e celebrou o estudo. “Futuras gerações certamente verão esta pesquisa como um pilar histórico e decisivo”, considerou o The Guardian. 

[O jornal inglês The Independent publicou também hoje uma reportagem sobre essa descoberta altamente promissora, e descreveu seu mecanismo em quatro etapas:
  1. Em doenças neurodegenerativas, uma produção de proteínas malformadas no cérebro sobre-excita um mecanismo natural de defesa que faz com que seja "desligada" a produção de novas proteínas.
  2. Com a interrupção da produção de proteínas-chaves para a sobrevivência das células as células do cérebro começam a morrer, levando aos sintomas de uma doença do cérebro. No caso do mal de Alzheimer, esses sintomas são principalmente a perda e a confusão da memória.
  3. Os pesquisadores deram aos camondongos, por via oral, um composto semelhante a um medicamento que entra no cérebro pela corrente sanguínea  e bloqueia a chave de "desligamento" da produção de novas proteínas, fazendo com que se produzam proteínas novamente.
  4. As células do cérebro são protegidas pelas proteínas, interrompendo a doença em seu nascedouro e restabelecendo o comportamento normal nos camundongos.]

Mulher em exposição do cérebro humano: estudo descobriu substância capaz de impedir a morte de neurônios - (Foto: Matt Cardy/Getty Images).


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