terça-feira, 21 de outubro de 2014

Dilma NPS recebe o prêmio Framboesa de Ouro 2014

O prêmio Framboesa de Ouro (Golden Rasperry Award, ou abreviadamente Razzie Award, em inglês) é o contraponto do Oscar, e destina-se a premiar os piores atores e filmes do ano. Depois de ser informada de que o prêmio deste ano de 2014 é definitivamente seu, a atriz maior das chanchadas políticas do PT Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) resolveu rasgar a fantasia de inocente indecente que vestia e reconheceu a existência de corrupção na Petrobras.

Pressionada pelos fatos, pela opinião pública e pela oposição, a madame reconheceu no sábado, pela primeira vez, que houve desvio de recursos na estatal e disse que pedirá ressarcimento desse dinheiro, mas que isso no momento não está ao alcance do governo no momento. Essa demora em reconhecer o óbvio ululante não significa nenhuma perda cognitiva de Dilma NPS, é pura pilantragem mesmo.

O site oficial da campanha da ex-guerrilheira tem um inegável e inequívoco toque humorístico, embora seja inequivocamente um humor de sarjeta. Em se tratando de movimento envolvendo o PT e seus tops de linha-- Dilma NPS e o NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) -- baixarias são ingredientes típicos e indispensáveis. PT sem baixaria -- e umas tantas muitas mentiras de quebra -- não é PT.

Uma das pérolas desse site de campanha da nossa Dama de Ferrugem é a mensagem "Governo Novo, Ideias Novas". Como obra de mistificação é um barato -- um segundo governo de alguém com já quatro anos de (péssimo) uso ser considerado "novo" é fantástico. Isso não deixa de ser um ato falho da madame, que repete e consolida sua campanha na TV em que ela bate na tecla de que seu novo governo seria de "mudanças". Só se muda o que é ruim e ineficiente, e só se inova o que é ultrapassado e decadente -- não é que a madame está certa, atestando publicamente a droga que foi seu governo até agora?!

Uma das várias mentiras do site da campanha é o quadro "Economistas com Dilma" -- os economistas estão tão "firmes" com a madame que 164 professores de economia de universidades brasileiras e estrangeiras desmentiram a ex-guerrilheira assinaram manifesto afirmando que não existe a crise internacional que ela usa como desculpa para "justificar" o péssimo desempenho de nossa economia sob seu governo.

Dilma NPS e a petralhada estão tendo orgasmos múltiplos com a denúncia de Paulo Roberto Costa de que o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, recebeu propina de R$ 10 milhões para colaborar no encerramento da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, aberta em julho de 2009, fosse encerrada. Segundo Costa, o tucano disse a ele que o dinheiro seria usado para a campanha de 2010. 

O site de campanha de Dilma ostenta isso com o máximo de destaque. Comprovado a propina, Sérgio Guerra seria um pilantra do mesmo quilate de dezenas de petistas e seus bens devem servir para pagar seu malfeito. O problema é que a petralhada fica tão excitada e descontrolada quando descobre uma maracutaia tucana, e ela se sente tão recompensada valorizando seu ego às custas de esculhambar egos alheios, que volta e meia dá umas mancadas feias e imperdoáveis para quem é malandro e profissa da pilantragem: como bem lembra Dora Kramer em sua crônica no Estadão "A volta do cipó",  a campanha da presidente não tem razão para comemorar a confissão de Paulo Roberto Costa de que pagou propina ao tucano Sergio Guerra para esvaziar uma CPI da Petrobrás em 2009. Afinal, ele [Sérgio Guerra] atuava a serviço do governo. Elementar, meu caro Watson.

Vejam abaixo a ilustração da Folha de S. Paulo de 16/10 sobre o envolvimento de Sérgio Guerra no propinoduto da Petrobras, também chamado de "petrolão" (clique na imagem para ampliá-la).




Enquanto a campanha de Dilma NPS usa Sérgio Guerra para desviar a atenção da opinião pública do crescente time de petistas denunciados por Paulo Roberto Costa -- o "amigo Paulinho", segundo o NPA -- surge mais um político de enorme destaque na constelação petista acusado de receber propina no lamaçal da Petrobras. O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás afirmou na delação premiada ao Ministério Público Federal que, em 2010, o esquema de corrupção na estatal repassou R$ 1 milhão para a campanha ao Senado da petista Gleisi Hoffmann (PR). Em 2011, no início do governo da presidente Dilma Rousseff, ela se licenciou do mandato para assumir o cargo de ministra-chefe da Casa Civil, posto que ocupou até fevereiro deste ano.

O ex-diretor da Petrobrás disse que recebeu pedido para "ajudar na candidatura" de Gleisi. A solicitação, afirmou o ex-diretor da Petrobrás, foi feita pelo doleiro Alberto Youssef. A senadora e ex-ministra (de Dilma NPS) foi candidata pelo PT ao governo do Paraná e amargou um terceiro lugar, com cerca de 18% dos votos. Ela fez fama por sua beleza e por ter incorporado o espírito de sua chefe ex-guerilheira, notabilizando-se por sua rispidez e sua grosseria. Foi também diretora da Itaipu Binacional -- o que o PT não faz para engordar o caixa de seus cupinchas? -- e ali deixou a marca de sua incompetência e de sua subserviência, colaborando forte e efetivamente para desmontar o Tratado de Itaipu contra os interesses do Brasil, em decorrência de chantagem do Paraguai. É bom lembrar que a Itaipu Binacional há 12 anos virou abrigo de petistas e de seus cupinchas: José Miguel Samek (PT-PR) é diretor-geral da empresa há 11 anos; no atual Conselho de Administração da empresa estão pelo PT Aloisio Mercadante, Luiz Pinguelli Rosa e João Vaccari Neto (tesoureiro do PT citadíssimo na delação do "amigo Paulinho"); pelo PMDB estão José Antonio Muniz Lopes (diretor de Transmissão da Eletrobras) e Orlando Pessutti (filho do homônimo ex-governador do Paraná, que também foi conselheiro da Itaipu); pelo PDT está Alceu Collares -- pelo Itamaraty, Eduardo Santos. Dessa tropa toda, só entendem do riscado e merecem os cargos o Pinguelli (diretor da Coppe-Ufrj) e o José Antonio, o resto é parasita e sanguessuga.

Como era esperado, no debate de ontem (19/10) no SBT Dilma prontamente usou a crônica também de ontem de Elio Gaspari na Folha de S. Paulo e no Globo ("Todos soltos, todos soltos, até hoje"), em que o brilhante colunista lembra cinco casos de corrupção da tucanada em que nada se apurou e ninguém foi preso, até hoje. No seu afã de desconstruir Aécio, a madame se esqueceu de um lembrete do próprio Gaspari na sua coluna: Aécio nada tem a ver com o fato de os tucanos dos cinco escândalos estarem soltos. Eles receberam essa graça porque o Ministério Público e o Judiciário não conseguiram colocar-lhes as algemas. A resposta de Aécio à alegação da petista mirou e acertou o fígado de Dilma NPS: "As instituições é que investigam. Que triste é o país em que o presidente manda investigar. Isso pode funcionar em algumas ditaduras amigas do seu governo".

É bom lembrar que, em matéria de mutretas e malfeitos, FHC é um homem livre, enquanto o NPA está solto. Não sei se todos os petralhas entenderão ou gostarão de entender essa sutileza.

Faltou mencionar no debate que não há nenhum registro nos governos de FHC dele ter usado o dinheiro do contribuinte e o Advogado-Geral da União para defender um executivo de uma estatal que tem advogados próprios para essa tarefa, como Dilma NPS fez para defender a presidente da Petrobras, Graça Foster.  Não é difícil entender a jogada da madame: protegendo Graça Foster ela está no fundo se protegendo.

Para dar um certo "colorido" a esta postagem, reproduzo abaixo os  resumos gráficos feitos pela revista Isto É em 17/9 para o propinoduto da Petrobras. Antes que os flamenguistas queiram me julgar a culpa pelas cores predominantes dos gráficos -- o vermelho e o preto  --, apresso-me a dizer que isso foi escolha e opção da revista. Clique nas imagens para ampliá-las.




Não custa lembrar a lista inicial de políticos denunciados por Paulo Roberto Costa na edição 2390, nº 37, de 10/9/2014 (pág. 58 e seguintes) como beneficiários do propinoduto da Petrobras: 

PETROBRAS: A LISTA DOS POLÍTICOS DELATADOS POR PAULO ROBERTO COSTA


Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, PMDB
João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT
Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB
Renan Calheiros, presidente do Senado, PMDB
Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP
Romero Jucá, senador do PMDB
Cândido Vaccarezza, deputado federal do PT
João Pizzolatti, deputado federal do PP
Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, PP
Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, PMDB
Roseana Sarney, governadora do Maranhão, PMDB

Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, PSB – morto em um acidente aéreo
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PS -- Não se pode abordar o propinoduto ou petrolão da Petrobras sem registrar o comportamento tipicamente mau-caratista de Dilma NPS e dos petistas quanto à divulgação das denúncias do "amigo Paulinho". A chiadeira deles refere-se única e exclusivamente ao fato dessas denúncias estarem sendo divulgadas ainda no período de votação para a presidência da República, nenhum deles esboçou sequer um teatrinho de indignação pelo nível de corrupção que isso tem revelado. Como dito acima, apenas sábado dia 18/10 Dilma NPS resolveu, a contragosto, mudar um pouco seu discurso sobre isso.






domingo, 19 de outubro de 2014

Incentivo à poupança de água, de energia, de combustível, de consumo, de dinheiro -- alguém viu alguma coisa parecida com isso no governo Dilma NPS?

O governo Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) tem sido caracterizado por crises desde seu primeiro dia, algumas herdadas do NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) -- a tal herança que a madame chama de "bendita"-- e outras (a esmagadora maioria) concebidas, geradas e paridas pela madame. Há crises desde a confiança no governo (que muda regras e contratos, como  se muda de roupa) a coisas tangíveis como água, energia elétrica, infraestrutura, saúde pública, segurança pública, mobilidade urbana, etc. 

Dilma NPS adotou irrevogavelmente a filosofia do consumismo, apostando (corretamente, p'ra azar deles) em que seu eleitorado iria se deliciar irresponsavelmente com o acesso a itens e benesses que antes lhe eram raros ou difíceis, e ignorou solenemente qualquer conselho, recomendação ou incentivo à população quanto ao uso eficiente e cuidadoso do dinheiro no afã de comprar. Deu no  que deu e dará: as pessoas e famílias se endividaram acima de suas capacidades, e estão encalacradas com dívidas, e isso é pior para as famílias de renda menor. 

Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que em agosto de 2014 as famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos apresentaram a maior proporção de endividadas nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Entre os entrevistados, 60,1% afirmaram ter dívidas entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro – 1,3 ponto percentual acima da média pesquisada, que ficou em 56,2%.

Segundo a CNC, as famílias com renda até cinco salários mínimos são as que, além de dívidas, têm mais contas em atraso (18,8%) e afirmaram não ter condições de quitar os débitos (7,9%). Segundo a economista da CNC Marianne Hanson, as famílias de menor poder aquisitivo sempre tiveram indicadores piores, mas em 2014 essa diferença aumentou. “Essa faixa de renda sofre mais com o impacto da inflação, o aumento dos juros e a restrição ao crédito”, afirma.

Além de apresentar o menor percentual de endividados, o grupo com renda acima de dez salários mínimos também apresentou o menor percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso (7,2%) e o menor percentual de famílias que disseram não ter condições de pagar esses atrasos e que, portanto, continuariam inadimplentes (3,0%).

O governo Dilma NPS estimulou pesadamente a indústria automobilística, sem nenhuma melhora nas infraestruturas urbana e rodoviária e mantendo represado artificial e demagogicamente o preço da gasolina e do diesel. Disso resultou, entre outras coisas, aumento do consumo de combustível e piora da poluição ambiental, uma sensível piora do trânsito urbano, maior degradação de rodovias por maior tráfego, e aprofundamento da crise financeira da Petrobras. Esta última fica facilmente compreensível com os dois gráficos abaixo:





É inegável e inequívoco que todas as iniciativas do governo Dilma NPS foram balizadas com foco na busca por sua reeleição. Misturando ganância eleitoral com absoluta falta de familiaridade com planejamento, uma profunda e pétrea ignorância do assunto e uma colossal arrogância, o governo da madame simplesmente arrasou o setor elétrico com a MP 579. Iludindo -- mais uma vez -- seu eleitorado com uma redução tarifária que não só não ocorreu como foi rebatida por um aumento insuportável do custo da energia, e no desmonte do setor, Dilma NPS não gastou uma vírgula ou um segundo sequer para alertar a população para a necessidade e conveniência de poupar energia elétrica e água, um de seus insumos vitais. Como FHC não pode ser culpado pelo que está ocorrendo, a saída da madame foi jogar a culpa em São Pedro. O mapa da seca mostrado abaixo, feito pela Editoria de arte/Folhapress e publicado pela Folha de S. Paulo em 15/10, retrata a situação dos principais reservatórios do país em 12/10 (clique na imagem para ampliá-la):




O vídeo abaixo (do You Tube) mostra a situação dramática do rio São Francisco, cuja nascente principal secou:



Diante desse quadro, que não surgiu ontem e vem se formando praticamente desde o início de 2010, o governo deveria ter lançado uma campanha maciça de poupança de água e energia elétrica mas nada fez, nem faz.

Perdulário e irresponsável no uso do dinheiro público e consumista por excelência, o governo Dilma NPS jamais se preocupou em estimular a taxa de poupança no país. Por conta disso, o país registrou, em 2013, a menor taxa de poupança em proporção do PIB dos últimos 13 anos: 13,9% do PIB, ante 14,6% em 2012. É o pior resultado desde 2001, quando o indicador chegou a 13,5%. 

Entende-se por taxa de poupança as economias das famílias mais os recursos disponíveis do governo e das empresas, e também o saldo das transações correntes (exportações e importações de bens e serviços mais transferência de lucros e juros). "A queda reflete preponderantemente o elevado grau de consumo das famílias, que vem puxando o PIB há 10 anos", diz a professora Virene Matesco, da Fundação Getulio Vargas.

A poupança nacional é um fator importante no financiamento de investimentos. A relação entre poupança nacional e investimento é expressa pela equação
S + (T-G) = I + NX
em que S = poupança privada / T = receita tributária / G = gastos do governo / I = investimento / NX = exportações líquidas. Essa equação simples facilita entender os efeitos catastróficos da atuação do governo quando não estimula e/ou dificulta a poupança privada, estabelece um sistema tributário absurdo, gasta desbragadamente e reduz a competitividade da indústria nacional.

O Brasil é um dos países que menos poupam no mundo, como mostram os infográficos produzidos com recursos oferecidos pelo Fundo Monetário Internacional e publicados pela Folha de S. Paulo em 26/4 deste ano (que infelizmente não podem ser reproduzidos aqui devido ao seu formato). Segundo o FMI, apenas 14% da renda nacional deixa de ser consumida pelas famílias e pelo governo, enquanto a média dos países pobres e emergentes é de 33%. A baixa poupança brasileira explica o deficit no país nas transações com o exterior, que deve ser o segundo mais alto do mundo neste ano.

Pelo levantamento da Economy Watch, em 2013 o Brasil ocupou o 121º lugar no mundo em termos de poupança como percentual do PIB, com 16,152%, perdendo feio para países como Armênia (20,664%), Chile (21,069%), Argentina (21,557%), Peru (23,072%), Etiópia (23,207%), Iraque (23,500%), Haiti (23,886%), Zâmbia (25,913%), Sri Lanka (26,619%), Equador (27,368%), Botswana (30,711%), Venezuela (32,090%), Irã (37,553%), Gabão (41,966%) e outros.

E há ainda quem queira continuar com isso tudo por mais quatro anos ...





Até setembro de 2014 governo federal já gastou com passagens e diárias quase R$ 2 bilhões e R$ 46 milhões com cartão corporativo

[A torneira de gastos do governo federal perdeu a carrapeta e não fecha mais. As duas reportagens abaixo, ambas publicadas no site Contas Abertas, uma em 17/10 e a outra em 18/10 nos dão conta da barbaridade de gastos feitos pelo governo federal até agora em 2014 com passagens e diárias e com cartão corporativo.Pergunta inocente: será que o fato de 2014 ser um ano eleitoral tem algo a ver com isso?... O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Passagens e diárias de servidores já custaram R$ 1,8 bilhão ao governo federal

Contas Abertas -- 17/10/2014

A pouco menos de três meses para o fim do ano, o governo federal já desembolsou R$ 1,8 bilhão para pagar passagens e gastos com locomoção, bem como para diárias dos servidores que viajam a trabalho. O valor é superior às quantias gastas com investimentos, para o mesmo período, de 19 ministérios, incluindo o do Esporte, Cultura e Meio Ambiente [o destaque é meu, não do site]. [Quem estiver interessado em verificar o nível de execução orçamentária por área do governo federal em 2014  é só acessar aqui e clicar na opção "Órgão/Unidade Orçamentária/GND".]

As despesas com as viagens indicam para o alcance de um novo recorde. No ano passado, foram gastos total de R$ 2,4 bilhões com as rubricas (em valores correntes), sendo R$ 1,1 bilhão em diárias e R$ 1,3 bilhão em passagens, cifras nunca antes alcançadas. Entretanto, se comparado tais gastos até o mês de setembro, 2014 já supera o ano passado. 

Em 2013, foram gastos R$ 1,6 bilhão nos primeiros nove meses do ano com viagens dos servidores. No mesmo período deste ano, o valor foi superior em R$ 203,6 mil, sendo que da despesa de R$ 1,8 bilhão, R$ 986,9 milhões foram executados para passagens e locomoção e R$ 851,9 milhões para diárias. 

A média dos dispêndios com as rubricas do ano passado ficou na casa do R$ 197,6 mil. Considerados apenas os nove meses passados deste ano, o valor já foi superado: a média atual é de R$ 204,3 mil. Se não fugir a regra, o montante tende a aumentar, já que os gastos com diárias e passagens costumam ser maiores nos últimos meses do ano. Até o dia 11 deste mês, por exemplo, já foram executados R$ 117,6 milhões com viagens. 

Também como de costume, o Ministério da Educação foi o que mais executou parte de seu orçamento para cobrir despesas com as rubricas: foram R$ 299,3 milhões até setembro. O valor é superior ao pago pelo orgão no mesmo período do ano passado, quando R$ 273,9 milhões foram aplicados para compra de passagens e diárias. 

Em seguida, o Ministério da Defesa, com despesas de R$ 266,9 milhões. Até setembro de 2013, o gasto foi consideravelmente menor, com R$ 229,7 milhões pagos para viagens dos servidores. Completando a liderança do ranking das Pastas que mais viajam, o Ministério da Justiça, que desembolsou R$ 246,9 milhões com as rubricas, valor acrescido em R$ 45 milhões, se considerados os primeiros nove meses do ano anterior. 

Viagens Internacionais 

Dentro dos R$ 986,9 milhões já gastos pelo governo federal para cobrir a rubrica de passagem e locomoção das viagens dos servidores, estão inclusos gastos desde pedágios (R$ 1 milhão), excesso de bagagem (R$ 1,8 milhão) e os bilhetes aéreos propriamente ditos. 

Para passagens com destino internacional, foram executados R$ 69,5 milhões do total de gastos até o momento com o tipo de despesa. Já as passagens nacionais contribuem com R$ 402,6 milhões. 

Em relação a estada dos servidores no exterior, o governo federal executou R$ 78,3 milhões até setembro com diárias dos servidores públicos. Já as em território nacional são responsáveis por praticamente todo o orçamento dedicado a rubrica: dos R$ 851,9 milhões gastos, R$ 776,7 milhões foram executados com diárias. 
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Governo já gastou R$ 46,3 milhões com cartão corporativo

Contas Abertas --  18/10/2014

Os gastos do governo federal com cartão corporativo aumentaram R$ 3 milhões quando comparados aos do ano passado,  alta de 6,8%. O cálculo foi feito a partir dos valores gastos nos meses de janeiro até setembro de 2013 e de 2014. Nos nove primeiros meses deste ano, já foram desembolsados R$ 46,3 milhões com pagamentos do cartão. 

A Presidência da República ocupa o primeiro lugar no ranking dos que mais gastam com o cartão corporativo. O órgão, que possui internamente 14 unidades orçamentárias que efetuam compras por meio do cartão, executou, até agora, R$ 15,6 milhões. As duas unidades orçamentárias que mais gastaram com o cartão corporativo foram a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Presidência da República, responsáveis por 32% do total. Até agora, a Abin já utilizou R$ 7,7 milhões, sendo que absolutamente todo o valor foi aplicado de forma sigilosa. 

Os dispêndios são considerados sigilosos, segundo o governo federal, por conterem informações protegidas, pela lei, para garantia da segurança da sociedade e do Estado. Já a Presidência da República executou 99,1% dos R$ 7 milhões gastos com o cartão de maneira sigilosa. Isto é, apenas R$ 64,4 mil foram declarados. 

O Ministério da Justiça ocupa o segundo lugar no ranking dos órgãos que mais gastam pelo cartão. Até setembro, o desembolso da Pasta atingiu a marca de R$ 10,6 milhões. Vinculado ao ministério, o Departamento de Polícia Federal foi o que mais se beneficiou do cartão, com R$ 10,3 milhões creditados. Em seguida está o Departamento de Polícia Rodoviária, com R$ 70 mil. 

Curiosamente, a terceira unidade orçamentária, dentro do Ministério da Justiça que mais utilizou de recursos para pagamentos imediatos foi o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). Mais precisamente, a maior parte da verba foi destinada a prisão de Campo Grande (MT). Quatro pessoas dentro deste presídio tem acesso ao “dinheiro de plástico”. 

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é o terceiro maior usuário do cartão corporativo (R$ 4,3 milhões). E, em quarto lugar, está o Ministério da Educação, com gastos que chegam a R$ 3,8 milhões. 

Mais da metade: sigilosos

Cerca de R$ 25,6 milhões, isto é, mais da metade da verba gasta com o cartão corporativo está classificada como sigilosa. Esse valor aumentou em R$ 5 milhões com relação ao mesmo período do ano passado. Não é possível ao cidadão comum conferir em que foi aplicado os dispêndios advindos dos cofres públicos, o que compromete a transparência nas contas. 

Por servidor

Um servidor comum pode utilizar quantias significativas quando portador do cartão. O funcionário Felipe Pillmann de Mello, do Comando do Exército do Ministério da Defesa, por exemplo, já gastou R$ 270,1 mil neste ano. Entre os gastos do funcionário estão R$ 18,9 mil para a Tec Maia Refrigeração. A empresa é especializada em equipamentos, montagem e manutenção de câmaras frigoríficas, instalação e venda de ar-condicionados, equipamentos de padaria, cozinhas industriais, instalação de bateria de gás, etc. 

Em segundo lugar está João Monteiro de Souza Junior da Unidade Estadual do IBGE no Amazonas, vinculada ao Ministério do Planejamento. Ele já fez uso de R$ 67 mil. Os recursos, conforme o portal da transparência do governo federal, foram utilizados em forma de saque. Constam 61 saques de R$ 200,00 a R$ 1 mil, o valor limite [esta conta não fecha -- se o limite por saque é de R$ 1 mil e ele nem sempre usou esse limite, não pode sacar R$ 67 mil em 61 saques]

No “top 3” ainda está o servidor Nestor Manuel Bordini Rodrigues, da Fundação Oswaldo Cruz, vinculada ao Ministério da Saúde. Ele fez uso de R$ 65,6 mil da verba pública pelo cartão corporativo. Suas despesas estão majoritariamente concentradas em lojas de material de construção. Vale ressaltar que quando os saques são realizados, não é disponibilizado no sistema o objeto  do gasto, o que impede o conhecimento a respeito do que foi efetivamente adquirido.

O Cartão de pagamentos funciona como um cartão de crédito e permite a realização de saques em dinheiro. Ele tem validade internacional e é usado por representantes do governo federal. 

O cartão geralmente é usado para pagamento de bens, serviços e despesas em materiais, contratação de serviços e ainda para pagamento de agências de viagens. Além disso, é isento de anuidade, não permite crédito rotativo ou parcelamento de compras. Os saques são liquidados diretamente na Conta Única da União. 

Gastos possíveis

Os pagamentos às agências de viagem devem ser previamente licitados. Em viagens nacionais, os cartões são utilizados em serviços especiais que exijam pronto pagamento e que não tenham sido pagos previamente pelas diárias recebidas, por exemplo, passagens de ônibus ou de outros meios de transporte coletivo, locação de veículo, estacionamento, combustíveis, etc.

Todas as despesas relativas à alimentação, hospedagem e transporte, inclusive para Ministros de Estado, não podem ser quitadas com o cartão corporativo, visto que tais gastos já são cobertos por diárias ou custeados por outras entidades, conforme especificado no ato de autorização de afastamento do país. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

De 2013 para 2014 o Brasil caiu de 40º para 61º lugar no ranking de 150 países quanto ao tratamento dispensado aos aposentados

O tratamento dispensado por um país à sua população idosa é um dos parâmetros sérios e confiáveis da qualidade da política social de seu governo. Por mais que o PT e Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) mintam, os idosos e aposentados são maltratados no governo da madame. Em postagem recente, denunciei que em 2014 os aposentados tiveram um reajuste de 5,7% em suas aposentadorias, enquanto o Bolsa Família no mesmo período foi reajustado em 10%.  Só isso já desmascara o governo da ex-guerrilheira.

Há pouco, surgiu um documento ainda mais contundente sobre a maneira medíocre e injusta com que os idosos são tratados em nosso país. A Natixis Global Asset Management publicou seu 2014 Global Retirement Index, no qual oferece uma ferramenta comparativa internacional com o objetivo de prover uma referência global para aposentados e futuros aposentados avaliarem e compararem a adequação de países em termos globais em satisfazer as expectativas, necessidades e ambições da aposentadoria.

O bem-estar na aposentadoria, afirma a Natixis, é um tema crescentemente relevante nas sociedades modernas à medida que as composições demográficas continuam a se deslocar, com as idades médias crescendo incansavelmente e aumenta o número de pessoas que encerram seus trabalhos. Nesse contexto as instituições, sejam elas públicas ou privadas, estão tendo que adaptar os produtos e serviços que suprem para satisfazer não apenas um número crescente de aposentados, mas para satisfazer também suas demandas e necessidades muito variadas.

No Sumário Executivo de seu relatório, a Natixis assinala que a responsabilidade pela segurança financeira na aposentadoria recai cada vez mais pesadamente, como nunca antes, sobre os ombros dos próprios aposentados  e essa tendência tende a se manter com os recursos governamentais de países ao redor do mundo tornando-se mais escassos. Fica cada vez mais evidente que para assegurar segurança financeira na aposentadoria os cidadãos têm que assumir o controle pessoal de seus destinos, e visualizar  o planejamento e a poupança para a aposentadoria como objetivos sérios, conscientes e estratégicos.

As populações mundiais que envelhecem, continua o sumário, encontrarão a maior segurança financeira para aposentados nos países europeus, que compreendem 8 dos 10 principais países entre as 150 nações analisadas no segundo Índice Global de Aposentadoria. Entretanto, a segurança financeira para aposentados apresenta sinais de erosão em muitos países desenvolvidos, inclusive na Europa, nos quais os governos estão enfrentando altos níveis de endividamento e pressões financeiras correntes. Nos países em desenvolvimento, a provisão de serviços pelos governo não tem acompanhado o crescimento econômico e a desigualdade na distribuição de renda está evitando uma segurança financeira mais ampla em termos de beneficiados.

O sumário assinala ainda que, obviamente, não existe uma única solução para todos os problemas envolvidos nessa questão. O sistema de pensão ótimo para qualquer país tem que levar em conta fatores domésticos tais como suas tradições econômicas, sociais, culturais e políticas. Entretanto, as políticas e práticas adotadas em algumas regiões que são altamente avaliadas e qualificadas podem conter lições valiosas para outras nações que estejam tentando reforçar/melhorar seus sistemas de aposentadoria. Muitos dos principais países do relatório deste ano, por exemplo, têm demonstrado um comprometimento com a inovação e enfatizaram a simplicidade no desenho e na estrutura gerais de seus sistemas de aposentadoria.  Muitos deles têm também governos proativos desejosos de convergir na adoção de posturas políticas audaciosas, às vezes impopulares,  em seus esforços correntes para estabilizar o sistema de aposentadoria para seus cidadãos. 

O mais importante: empregadores, governos e cidadãos -- o tripé do esquema de poupança de aposentadoria -- têm individualmente um papel a desempenhar para aprimorar o estado das poupanças ao redor do mundo. Os empregadores precisam ser mais flexíveis e abertos para considerar programas que possam ampliar a cobertura; os governos precisam trabalhar em conjunto para instituir reformas que sejam significativas e façam diferença; e os cidadãos precisam perceber que não podem mais depender das duas outras pernas do tripé e, em vez disso, devem se concentrar em fatores que eles mesmos possam controlar, tais como estabelecer um plano, fixar metas e se tornarem mais engajados.

Alguns destaques do relatório de 2014 da Natixis -- Líderes e lesmas

● Oito dos 10 países mais bem classificados são europeus: Suíça, Noruega, Áustria, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Finlândia e Luxemburgo.

● A Suíça assumiu a liderança do ranking mundial de segurança financeira de aposentadoria, deslocando a Noruega que fora a primeira colocada no ano passado. 

● Pelo segundo ano consecutivo os EUA ficam no 19º lugar entre os 150 países, sendo superados por países como Reino Unido, Coreia e República Tcheca.

● Nova Zelândia, Islândia e Coreia estiveram entre os países que mais progrediram, cada um deles se posicionando entre os 20 primeiros do ranking. A Nova Zelândia subiu de 22º para 9º, a Islândia de 23º para 11º e a Coreia de 27º para 17º.

● Em sentido contrário, Japão e Israel caíram ambos na classificação e deixaram o grupo dos 20 melhores. O Brasil caiu 21 postos, indo para o 61º lugar -- foi de 40º (2013) para 61º, ficando atrás de países como Ucrânia, Belarus e Bahrein . No caso do Brasil, diz a Natixis, o crescimento econômico de anos recentes não se traduziu em melhoria para o sistema de aposentadoria do país e, com o lento e fraco crescimento do PIB e a inflação crescente, o clima atual não é favorável aos aposentados (o grifo é meu).

O relatório da Natixis tem um capítulo especificamente dedicado aos países emergentes ("Economias Emergentes: a situação está melhorando para os aposentados?"). Diz o texto que não se pode falar em tendências futuras para o bem-estar de aposentados sem dedicar uma atenção especial às potências emergentes mundiais. Esses países não apenas são responsáveis por uma 
parcela crescente do PIB mundial, devido a um crescimento econômico acima da média [diz estranhamente a Natixis -- esse não é o caso do Brasil ao longo do governo Dilma NPS], mas porque abrigarão uma proporção crescente da população mundial de aposentados nos próximos 50 anos. 

As nações que compõem os chamados BRICs -- Brasil, Rússia, China e Índia [o texto omitiu a África do Sul] -- têm sido incensadas como as potências emergentes mundiais do futuro, com suas economias estimadas a se tornarem responsáveis por mais da metade (52,36%) da produção mundial em termos de Paridade de Poder de Compra [PCC - também chamada de Paridade de Poder Aquisitivo, PPA] por volta de 2060, segundo Johansson e outros (Johansson, Å., et al. (2012), "Looking to 2060: Long-Term Global Growth Prospects: A Going for Growth Report", OECD Economic Policy Papers, No. 3, OECD Publishing), comparativamente com os 29,55% de 2010.

Embora o tema aposentadoria possa não parecer um fator de pressão para os BRICs, pelo fato de possuírem populações jovens em comparação com os países desenvolvidos que são suas contrapartes, a chance é que isso se altere rapidamente tendo em vista as taxas de fertilidade decrescentes e expectativa de vida mais elevada, o que resultará em um ponto de inflexão demográfico e populações que envelhecem rapidamente.

De fato, as chamadas taxas de dependência de idosos (número de idosos para cada pessoa em idade para trabalhar) são estimadas como crescendo dramaticamente para quatro países dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) nos próximos 50 anos. Por volta de 2060 estima-se que a China terá 49 aposentados para cada pessoa em idade de trabalho, em comparação com apenas 13,1 em 2015. Para a Índia, essa relação é esperada triplicar no mesmo período, passando de 8,3 para 23,6, enquanto o Brasil é esperado dar um salto de 11,6 para 44,3 aposentados por pessoa em idade de trabalho.

O quadro de índices relativos ao Brasil está apresentado na página 56 do relatório da Natixis (em formato pdf). As perspectivas sombrias da nossa economia, especialmente em termos de PIB e inflação, já evidenciam hoje um ambiente desfavorável para os aposentados. Com o crescimento da população de idosos  em relação à força de trabalho apontado acima, e o sistema previdenciário arcaico e historicamente deficiente vigente no país fica ainda mais preocupante nosso futuro nesse quesito.





quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Em manifesto, 164 professores de economia de universidades brasileiras e estrangeiras afirmam que crise internacional alardeada por Dilma NPS não existe

[A reportagem abaixo foi publicada no site da revista Veja em 14/10 e na edição de hoje do Globo. AO texto abaixo é o da Veja.]

Um grupo de 164 professores de Economia de universidades brasileiras e estrangeiras assinou um documento nesta terça-feira rechaçando os principais argumentos defendidos pela presidente Dilma Rousseff para justificar o fracasso econômico de seu governo. Aquele que tem sido o mais usual na gestão da presidente (e em sua campanha pela reeleição) é o de que a crise internacional é a culpada pelos males que afligem o país, como a inflação e a recessão.

Dizem os acadêmicos: "Não há, no momento, uma crise internacional generalizada. Alguns de nossos pares na América Latina, uma região bastante sensível a turbulências na economia mundial, estão em franca expansão econômica. Projeta-se, por exemplo, que a Colômbia cresça 4,8% em 2014, com inflação de 2,8%. Já a economia peruana deve crescer 3,6%, com inflação de 3,2%. O México deve crescer 2,4%, com inflação de 3,9%.1 No Brasil, teremos crescimento próximo de zero com a inflação próxima de 6,5%. Entre as 38 economias com estatísticas de crescimento do PIB disponíveis no sítio da OCDE, apenas Brasil, Argentina, Islândia e Itália encontram-se em recessão. Como todos os países fazem parte da mesma economia global, não pode haver crise internacional generalizada apenas para alguns. É emblemático que, dentre os países da América do Sul, apenas Argentina e Venezuela devem crescer menos que o Brasil em 2014".

Acadêmicos brasileiros de centros como a Universidade de São Paulo, a Fundação Getulio Vargas, o Insper, a Universidade de Yale, a London School of Economics, a Unicamp, a Universidade de Cambridge, a PUC-SP e a PUC-Rio se reuniram para redigir o texto. Segundo eles, a presidente mente ao se dirigir ao grande público: "Ao usar de sua propaganda eleitoral e exposição na mídia para colocar a culpa pelo fraco desempenho econômico recente na conjuntura internacional, se eximindo da sua responsabilidade por escolhas equivocadas de políticas econômicas, o atual governo recorre a argumentos falaciosos", diz o texto. 

Segundo Eduardo Zilberman, da PUC-Rio, a ideia foi escrever um documento apartidário e técnico, justamente para conseguir a adesão de economistas de diversas vertentes ideológicas. "Nossa intenção era mostrar um parecer mais técnico. O fato de conseguirmos tantas assinaturas de um grupo tão heterogêneo reflete isso", afirma. Entre os que endossam o manifesto estão dois economistas ligados à campanha de Marina Silva: Marco Bonomo e Tiago Cavalcanti. Há também o economista Marcelo Medeiros, que, além de acadêmico, trabalha no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e é o autor do estudo que mostra que a desigualdade no Brasil estagnou no governo Dilma.


Trata-se da terceira vez que economistas se reúnem em manifesto em pouco mais de um mês. A primeira ocorreu em meados de setembro, quando reportagem de VEJA revelou que o Banco Central havia processado o economista Alexandre Schwartsman por discordar de suas críticas ao órgão. A segunda ocorreu logo após o primeiro turno, quando economistas assinaram um documento pedindo pelo apoio de Marina Silva ao tucano Aécio Neves.
No seio do PT, também houve um manifesto. A militância conseguiu, com grande esforço, coletar uma lista de onze nomes encabeçada por Maria da Conceição Tavares, que adotou com desfaçatez o slogan da campanha petista "O Brasil não pode parar" para veicular um texto de apoio à candidatura de Dilma Rousseff. O documento, que mais parece uma peça publicitária escrita pelo marqueteiro João Santana, tamanho alinhamento retórico com o texto discursado por Dilma em sua campanha, afirma que as conquistas econômicas são mérito do atual governo e que a "crise" não pode servir de argumento "para um retorno às políticas econômicas do passado". Outros dois nomes que endossam o texto são Luiz Gonzaga Belluzzo e Nelson Barbosa. O primeiro é conselheiro econômico de Dilma. O segundo foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e tem operado junto ao PT para ser indicado ao cargo de Ministro , caso Dilma se reeleja. 

Leia também:

Dez fatos econômicos que você precisa saber antes de votar

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Blogue ultrapassa 300.000 acessos!



O blogue acaba de atingir o montante de 300.841 acessos! Agradeço a todos que me têm honrado com sua leitura, suas críticas e seus comentários.

Um abraço,

Vasco Costa

Um pequeno passeio pelo presente e o passado recente de nossa história política

O passado é fundamental e indispensável para se entender o presente e se construir o futuro. Mas, para isso, o passado é preciso ser visto e analisado em amplitude e profundidade, sem acrobacias e mutretas para restringí-lo, distorcê-lo e/ou adaptá-lo aos interesses e conveniências do analista.

Nos últimos 12 anos da vida política no Brasil o que temos visto é o partido governante, PT, fazendo uma retrospectiva extremamente segmentada, casuística e interesseira do nosso passado político, dividindo-o em pré-FHC, FHC e pós-FHC, numa atitude típica de pilantragem e do mau-caratismo. É um caso extremo e terminal de tentativa de criar uma amnésia seletiva, usando um formão marcado com o número 13 para construir um passado que interessa ao PT.

No período pré-FHC a análise concentra-se unicamente na ditadura, e todas as fichas são jogadas na Comissão Nacional da Verdade, não fosse nossa ex-presidente uma ex-guerrilheira. Com uma esdrúxula Lei da Anista manietando a Justiça -- parteira da anomalia -- , tem-se a bizarra situação de assassinos e torturadores confessos mas inimputáveis, mesmo para crimes que não prescrevem como os cometidos como a humanidade. Por outro lado, tem-se a prevalência de uma atitude maniqueísta que classifica o período da ditadura e da guerrilha urbana (e às vezes rural) como um confronto exclusivamente entre demônios e anjinhos. Escarafuncha-se o lado dos demônios e faz-se vista absolutamente grossa sobre os delitos de qualquer tipo e grandeza cometidos pelos anjinhos, inúmeros dos quais além disso são remunerados financeiramente -- alguns pródiga e abusivamente, como Ziraldo, Jaguar, Carlos Heitor Cony e José Genoíno et alii -- transformando uma disputa "idealista" na maior tacada financeira desses personagens. Coisa de patropi.

O período FHC é o centro do universo petista, que faz um esforço sobre-humano para transformá-lo em algo que faz o inferno de Dante parecer um jardim de infância. Nessa alquimia, a petralhada comandada pelo NPA (Nosso Pinóquio Acrobata, Lula) e Dilma NPS (Nosso Pinóquio de Saia) usa ao extremo seu imenso repertório de mentiras, cinismo, hipocrisia, demagogia, pilantragem, contabilidade criativa e outros que tais.

O período pós-FHC -- os últimos 12 anos -- foram marcados pelos mesmíssimos recursos descritos na última frase do parágrafo anterior. Com um detalhe a mais: o grau de insalubridade é altíssimo, por conta da lama putrefacta de corrupção que jorra ininterruptamente de vários setores do governo, com ênfase para a área de petróleo (Petrobras), que já é poluidora pela própria natureza.  O domínio petista no país vem gerando uma leva imbatível de PhDs em corrupção, pilantragens, negociatas e mutretas. Isso, somado a uma escola de presidentes da República e presidentes de Conselhos de Administração de estatais que, embora pagos e juramentados para defender lato sensu o país, não vêem e não ouvem absolutamente nada do que ocorre debaixo de seus narizes, e tampouco falam sobre isso.

Para entender um pouco melhor dessa visão seletiva petista, vamos dar uma olhada rápida em alguns acontecimentos históricos e significativos de nossa história recente, a partir dos bastidores da Constituição de 1988. Agradeço ao amigo Marcos S. por trazer-me esse tema.

1985 -- O PT expulsa do partido os deputados Bete Mendes, Aírton Soares e José Eudes por terem votado em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Vinte anos depois, o presidente do PT José Genoíno convida esses deputados a retornar ao partido. É a velhíssima história -- para fazer demagogia barata e/ou assacar aleivosias e pregar mentiras o PT é rapidíssimo no gatilho, mas para fazer mea culpa vira um tremendo paquiderme.

1988 -- PT vota contra a Constituição que mudou o rumo do País e não participa da cerimônia de sua homologação. Após 25 anos da Carta Magna o NPA, em 01/10/2013, "justificou" o voto contra do PT. Novamente: para fazer demagogia barata e/ou assacar aleivosias e pregar mentiras o PT é rapidíssimo no gatilho, mas para fazer mea culpa vira um tremendo paquiderme.

1989 -- PT defende calote da dívida externa, com o NPA candidato à presidência da República (seria derrotado por Fernando Collor de Mello no segundo turno). Vinte e três anos depois, Dilma NPS joga US$ 682 milhões do BNDES numa obra de US$ 957 milhões da Odebrecht para modernizar o porto de Mariel em Cuba. Numa atitude típica de quem esconde malfeitos, a madame tornou secretos até 2027 os acordos de financiamento a Cuba e Angola (que apenas em 2012 somaram US$ 875 milhões para os dois países).  Vinte e quatro anos depois, Dilma NPS faz caridade com o nosso dinheiro perdoando US$ 900 milhões de dívidas de ditaduras africanas

1994 -- O PT vota contra o Plano Real, que o NPA entre outras coisas chamou de "estelionato eleitoral" e Guido Mantega classificou de "truque". Mantega é o energúmeno que só encontra emprego no PT e há 8 anos só faz besteiras no ministério da Fazenda (antes foi ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão do NPA). Dilma NPS já oficializou publicamente que ele não ficará no cargo se for reeleita, mas ele subserviente e medíocre não se demitiu. Vejam o vídeo em que o Plano Real é criticado pelo NPA e elogiado por Dilma NPS (visivelmente a contragosto, no primeiro e único caso de honestidade política da madame):





2000 -- O PT se opõe ferrenhamente à Lei de Responsabilidade Fiscal, iniciativa de FHC, porque ela condiciona os gastos dos governos federal estaduais e municipais à existência de receita suficiente para tal, o que evidentemente contraria o espírito bandalha e perdulário do PT de lidar com o dinheiro público. Em 04 de maio de 2005, o ministro da Fazenda do NPA à época, Antonio Palocci, fez uma "autocrítica" sobre o período em que o PT era contra a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) -- que controla os gastos públicos e completava cinco anos naquela data. A lei foi aprovada no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Na oposição, o PT votou contra. À época, Palocci era deputado federal. "Faço essa referência porque quero fazer uma autocrítica. Porque nesse momento, a minha bancada, da qual eu fazia parte, falhou. Nós, naqueles idos de 2000, não demos apoio à lei. Foi uma falha da bancada e eu me incluo nessa falha", disse ele durante a mesa redonda, promovida pelo Tesouro Nacional sobre os cinco anos da LRF. Palocci, pelo menos, não levou 20 anos ou mais para fazer um mea culpa como o NPA e curriola.



2003 -- Ao ser eleito, o NPA e o PT se apropriam do Bolsa Família e mentem -- como sempre -- ao país vendendo-o como iniciativa sua, quando na realidade o programa nasceu do Bolsa Escola do governo FHCCuriosamente, coube a um tucano (o prefeito de Campinas José Roberto Magalhães Teixeira) e a um petista (o governador de Brasília Cristovam Buarque, hoje no PDT) a primeira iniciativa - em 1995 - de criar um programa de transferência de renda no Brasil, que recebeu o nome de Bolsa Escola.

Esses são os fatos reais e concretos do nosso passado recente, não o amontoado de mentiras que o NPAS , Dilma NPs e os petistas querem nos impingir.