domingo, 21 de fevereiro de 2016

A operadora telefônica francesa Orange anunciou para 2021 o fim de sua rede de telefonia fixa

[A operadora de telefonia francesa Orange estabeleceu para 2021 o fim de sua rede de telefonia fixa, como informa o jornal francês Le Figaro, cuja reportagem traduzo a seguir. Quanto tempo durará ainda a telefonia fixa no Brasil? O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]


Orange, ex-France Télécom, prepara a interrupção de sua rede telefônica fixa tradicional. Os aparelhos telefônicos ligados a simples tomadas telefônicas nas paredes não soarão mais - (Foto: Fotolia)

Um pouco mais de 12 milhões de linhas serão afetadas. Os bons e velhos telefones estão com seus dias contados.

Após a extinção da televisão analógica, substituída pela TV digital (TNT - Televisão Numérica Terrestre, na França), eis o fim da telefonia fixa tradicional. Orange, ex-France Télécom, prepara a interrupção de sua rede telefônica fixa convencional. Os aparelhos telefônicos ligados a simples tomadas telefônicas nas paredes não soarão mais.

É certo que o processo levará tempo, mas no início  da próxima década a velha rede de telefonia fixa tradicional será extinta pouco a pouco. No jargão das telecomunicações, ela é designada como Sistema de Telefonia Fixa Comutada (STFC). Segundo o órgão regulador de telecomunicações francês, a Arcep, a França conta com 12 milhões de linhas STFC, ou seja um pouco mais de um terço das linhas totais existentes.

Para se beneficiar de uma linha física, será preciso então estar equipado com uma caixa chamada DSL (Digital Subscriber Line -- Linha de Assinante Digital) que se conectará entre o telefone e a tomada na parede. Trata-se de uma pequena sutileza do processo: a rede STFC será de fato interrompida, mas não os serviços ADSL [Asymmetric Digital Subscriber Line -- um tipo de tecnologia de DSL, uma tecnologia de comunicação de dados que permite transmissão de dados sobre linhas telefônicas de cobre mais rápida do que a provida por um modem de banda de voz] que funcionam também sobre condutores de cobre e que permitem telefonar, se conectar à internet ou ver televisão. A metade dos lares franceses já possui esse dispositivo. Os demais têm ainda alguns anos para se preparar. "Não é possível manter-se um mil-folhas tecnológico", sublinha Benoît Loutrel, diretor-geral da Arcep.

Orange ataca esse tema com bastante antecedência, porque deve avisar os usuários do STFC com pelo menos 5 anos de antecipação antes de interromper o serviço e antes que sua manutenção se torne problemática. Esquematicamente, para que uma rede como essa funcione é preciso ter de um lado um telefone e do outro um comutador. "Os comutadores são equipamentos antigos, datados dos anos 1970. Os fabricantes de equipamentos de telecomunicações não os produzem mais", explica Benoît Loutrel. Isso faz com que há anos sua manutenção se realize com a canibalização de equipamentos que não serão mais utilizados.

Carência de técnicos

Outro problema: os técnicos que dominam essa área já ultrapassada irão em breve se aposentar. "Formar jovens de 20 anos em uma tecnologia sem futuro não faz nenhum sentido", acrescenta um especialista do setor. É melhor pois interromper a STFC do que esperar por uma grande pane.

A retirada de cena dessa tecnologia terá também um efeito virtuoso sobre o meio ambiente, porque os comutadores consomem muito mais energia que os equipamentos que os substituirão.

O calendário já está em andamento. No quarto trimestre de 2018, alguém que queira instalar uma nova linha STFC já não poderá fazê-lo. Em troca, lhe serão propostos serviços via ADSL ou fibra ótica. A partir de 2021, uma nova etapa será franqueada. O serviço STFC será progressivamente cancelado, com um calendário diferente por região do país. Aos assinantes serão oferecidas uma ou duas soluções alternativas, em função das evoluções tecnológicas.

Duas profissões serão particularmente afetadas: os comerciantes e os ascensoristas. Os serviços de chamada de emergência dos elevadores são ainda muito frequentemente transmitidos via STFC. Neste caso, os copropietários envolvidos têm todo interesse em agir o quanto antes [da data limite], para evitar os picos de demanda e as altas de preços. Certos terminais de pagamento funcionam ainda via STFC, será preciso mudá-los. Não há porquê entrar em pânico, restam ainda pelo menos cinco anos, mas é melhor não deixar para o último momento. Outros serviços, como certas linhas de emergência, de tele-vigilância ou de tele-alarme dependem também do STFC e deverão ser modernizados. Um pequeno detalhe importante: um telefone conectado a uma linha STFC funciona mesmo em caso de pane elétrica. Os novos equipamentos, todos eles, precisam de um suprimento elétrico, o que poderá criar problemas para os serviços de emergência.

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