sábado, 11 de julho de 2015

Jornal israelense faz grave denúncia contra diplomata da embaixada de Israel em Belim

[O jornal Haaretz, é o diário mais antigo de Israel (foi fundado em 1918). Para alguns analistas, ele desempenha  em Israel o papel que o New York Times desempenha nos EUA. É conhecido por sua posição firme de esquerda liberal sobre temas domésticos e internacionais. Em 25 de junho, publicou uma grave denúncia contra a porta-voz da embaixada israelense em Berlim, em reportagem que traduzo a seguir. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Diplomata israelense em Berlim: Manter os alemães com complexo de culpa quanto ao Holocausto ajuda Israel

Nir Gontarz -- Haaretz, 25/6/2015

Em comentário confidencial a jornalistas, a porta-voz da embaixada israelense em Berlim Adi Farjon disse que Israel não tinha interesse numa normalização completa das relações com a Alemanha 


A chanceler alemã Angela Merkel e o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu em 25 de fevereiro de 2014. Os dois países completam 50 anos de relações diplomáticas em 2015 - (Foto: Emil Salman/Fonte: Haaretz)

Uma porta-voz da embaixada israelense em Berlim disse recentemente a jornalistas israelenses que era do interesse de Israel manter os alemães com sentimento de culpa em relação ao Holocausto, e que o país [Israel] não busca uma plena normalização das relações entre os dois governos. 

A porta-voz da embaixada, Adi Farjon, fez os comentários numa reunião fechada com jornalistas na embaixada.

"Ficamos todos chocados", disse uma jornalista presente à reunião. "A porta-voz disse claramente que era de interesse de Israel manter os alemães com sentimento de culpa. Ela disse até que sem isso seríamos apenas um outro país comum no que dissesse respeito aos alemães". Outros jornalistas presentes à reunião confirmaram esse relato.

Outros jornalistas acrescentaram que o próprio embaixador israelense, Yakov Hadas-Handelsman, participou de parte da reunião, assim como outros funcionários da embaixada que não falam hebraico. Outro jornalista comentou: "Foi tão embaraçoso, não podíamos acreditar no que ouvíramos. Lá estávamos comendo amendoim, e atrás da porta-voz estavam duas mulheres alemãs que não entendiam uma palavra em hebraico -- e o staff da embaixada estava nos dizendo que estavam trabalhando para manter o complexo de culpa dos alemães e que Israel não tinha interesse na normalização das relações entre os dois países". 

"Não me lembro de ter dito isso", disse Farjon em resposta ao Haaretz. "Não posso avalizar qualquer citação dita em caráter particular", acrescentou. "Foi uma conversa confidencial, informal, uma conversa curta de instruções e comentários. A maneira como falo com jornalistas israelenses é um pouco diferente. Não se pretende que tais coisas coisas vazem da reunião. Não posso revelar os princípios com os quais trabalho. Por exemplo, não posso dizer aqui quem procuro para obter boas histórias, ou a quem pago para obter isso". 

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em Jerusalém disse que os comentários de Farjon foram citados fora de contexto. "Essas são citações tendenciosas ... de uma reunião informal e confidencial com jornalistas que estavam visitando Berlim. Nessa reunião, houve uma discussão aberta e crítica na qual os jornalistas convidados tiveram uma participação ativa, e é lamentável que alguém tenha decidido violar as regras da ética jornalística e tenha pinçado afirmativas fora de seu contexto mais amplo, distorcendo-as de uma maneira que altera seu significado".

Este ano [2015] tem um significado espacial para os governos alemão e israelense, com Berlim e Jerusalém celebrando 50 anos desde o início das relações diplomáticas entre os dois países. O apoio alemão a Israel parece estar no mais alto nível de todas as épocas -- principalmente em vista das disputas de Israel com a União Europeia por conta da insistência desta em rotular os produtos israelenses oriundos dos assentamentos da Margem Esquerda, e a problemática reputação diplomática de Israel no mundo.

Nesta semana [de 25 de junho], como parte das celebrações pelo 50 anos de relações diplomáticas, o presidente do Parlamento alemão Norbert Lammert visitou Israel. Em seu discurso no Knesset [o Parlamento israelense], Lammert disse que "a intensa amizade entre nossos países é um milagre histórico". Em seu discurso, o presidente do Knesset, Yuli Edelstein, exaltou as relações "extraordinárias e especiais" entre os dois países, chamando a Alemanha de um "verdadeiro amigo de Israel".

A diplomata Adi Farjon, citada pelo jornal Haaretz - (Foto: Google)

[Ver também: "Israel instala mísseis nucleares em submarinos importados da Alemanha".


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